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Sem ter onde enterrar, pai filipino leva filho a capela para ser abençoado

Da AP

11/11/2013 11h36

Não há necrotério em funcionamento em Tacloban, cidade mais atingida pelo megatufão Haiyan que deixou mais de 10 mil mortos nas Filipinas. As pessoas recolhem os mortos e colocam os corpos onde podem.

Um desses locais é a capela São Miguel Arcanjo. Dez corpos foram colocados em bancos de madeira e sobre o chão branco do local. Um parece espumar pela boca. Outro foi envolto em um lençol branco, amarrado a um poste de bambu verde para que as pessoas possam carregá-lo.

Um corpo é pequeno e está totalmente envolto em um cobertor vermelho.

"Este é o meu filho", disse Nestor Librando, 31, carpinteiro. "Ele se afogou."

Librando se refugiou em um complexo militar durante a passagem do tufão na manhã de sexta-feira (8). Durante duas horas, a água subiu em torno dele. Ele segurou seu filho de dois anos de idade em um braço e o filho de três anos no outro.

Mas a força da água expulsou a família do complexo. O nível da água subiu acima da cabeça de Librando que lutava para nadar. Seu filho mais novo escorregou de suas mãos e foi imediatamente puxado para debaixo d'água.

"Eu encontrei o seu corpo mais tarde, atrás da casa, no pátio, afundado na lama", contou.

"Esta é a pior coisa que eu já vi na minha vida, a pior coisa que eu poderia imaginar", disse Librando. "Eu o trouxe a esta capela, porque não havia outro lugar para levá-lo. Queria Jesus Cristo para abençoá-lo."

A capela fica perto do aeroporto de Tacloban em uma área onde a tempestade derrubou uma fileira árvores. A água se movia com tanta força que os postes de luz ao lado de uma estrada de terra foram levados ao chão.

Em um lago a oeste do terminal do aeroporto, três corpos jaziam entre as rochas. Um homem, vestindo calção azul e deitado de bruços, uma criança com os braços amarelados e um bebê pequeno deitado de costas.

Também há alguns sobreviventes, como o jovem Junick de la Rea, 22. Ele conta que a água o carregou junto a outras cinco pessoas que se refugiavam em um telhado. Todos sobreviveram por terem agarrado um monte de plástico e metal que boiavam sobre a enchente.

"Por favor, você pode me ajudar?", perguntou de la Rea ao repórter da AP. "Eu quero que você envie uma mensagem para um amigo meu, um sujeito que trabalha para a Cruz Vermelha Alemã".

Sua mensagem: "Nós sobrevivemos. Eu quero dizer que sobrevivemos... Perdemos tudo, mas ainda estamos vivos - e precisamos de ajuda..."