Sem ter onde enterrar, pai filipino leva filho a capela para ser abençoado
Não há necrotério em funcionamento em Tacloban, cidade mais atingida pelo megatufão Haiyan que deixou mais de 10 mil mortos nas Filipinas. As pessoas recolhem os mortos e colocam os corpos onde podem.
Um desses locais é a capela São Miguel Arcanjo. Dez corpos foram colocados em bancos de madeira e sobre o chão branco do local. Um parece espumar pela boca. Outro foi envolto em um lençol branco, amarrado a um poste de bambu verde para que as pessoas possam carregá-lo.
Um corpo é pequeno e está totalmente envolto em um cobertor vermelho.
"Este é o meu filho", disse Nestor Librando, 31, carpinteiro. "Ele se afogou."
Librando se refugiou em um complexo militar durante a passagem do tufão na manhã de sexta-feira (8). Durante duas horas, a água subiu em torno dele. Ele segurou seu filho de dois anos de idade em um braço e o filho de três anos no outro.
Mas a força da água expulsou a família do complexo. O nível da água subiu acima da cabeça de Librando que lutava para nadar. Seu filho mais novo escorregou de suas mãos e foi imediatamente puxado para debaixo d'água.
"Eu encontrei o seu corpo mais tarde, atrás da casa, no pátio, afundado na lama", contou.
"Esta é a pior coisa que eu já vi na minha vida, a pior coisa que eu poderia imaginar", disse Librando. "Eu o trouxe a esta capela, porque não havia outro lugar para levá-lo. Queria Jesus Cristo para abençoá-lo."
A capela fica perto do aeroporto de Tacloban em uma área onde a tempestade derrubou uma fileira árvores. A água se movia com tanta força que os postes de luz ao lado de uma estrada de terra foram levados ao chão.
Em um lago a oeste do terminal do aeroporto, três corpos jaziam entre as rochas. Um homem, vestindo calção azul e deitado de bruços, uma criança com os braços amarelados e um bebê pequeno deitado de costas.
Também há alguns sobreviventes, como o jovem Junick de la Rea, 22. Ele conta que a água o carregou junto a outras cinco pessoas que se refugiavam em um telhado. Todos sobreviveram por terem agarrado um monte de plástico e metal que boiavam sobre a enchente.
"Por favor, você pode me ajudar?", perguntou de la Rea ao repórter da AP. "Eu quero que você envie uma mensagem para um amigo meu, um sujeito que trabalha para a Cruz Vermelha Alemã".
Sua mensagem: "Nós sobrevivemos. Eu quero dizer que sobrevivemos... Perdemos tudo, mas ainda estamos vivos - e precisamos de ajuda..."
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