Família de náufrago salvadorenho perdeu contato com pescador há oito anos
O náufrago de El Salvador, que garante ter passado mais de um ano à deriva e que foi encontrado na semana passada em um remoto atol das Ilhas Marshall, falou nesta terça-feira (4) com sua família, com quem não se comunicava havia oito anos, segundo fontes do hospital em que foi internado.
José Alvarenga "falou com sua mãe e seu pai esta manhã e já recebeu alta do hospital" disse à agência Efe Ron Mendoza, um dos médicos do Hospital de Majuro, a capital das Ilhas Marshall.
Em entrevista ao jornal salvadorenho "Diário El Mundo", a família de Alvarenga afirmou que não tinha notícias do náufrago havia oito anos e que achava que ele já havia morrido. María Julia Alvarenga, 59, mãe do pescador, afimou estar contente em saber que o filho está vivo e conseguiu sobreviver 13 meses em alto-mar.
"Não sabíamos o paradeiro do nosso filho. A gente achava que ele estava morto. Não encontro palavras para dizer como me sinto como mãe ao encontrá-lo", afirmou. "Graças a Deus que está com vida e que nos reencontraremos em breve".
Maria Julia contou que visita seu filho com frequência no México, mas que, por razões diversas, perdeu contato com ele nos últimos oito anos.
A filha de Alvarenga, Fátima Maeva, que tinha seis anos quando o pai foi viver no México, disse querer vê-lo nos próximos dias.
"Quero conhecer meu pai. Meus avós dizem que ele era bem trabalhador. Só o vejo nas fotos que temos aqui em casa e, agora, pelas notícias de quando o encontraram", afirmou.
O pai do pescador, José Ricardo Orellana, 65, disse que o náufrago é uma pessoa trabalhadora e respeitosa, mas que nunca gostou de estudar.
"Ele sempre gostou mais de pescar. Como a pesca estava boa no México, ele foi pra lá pescar tubarões", contou.
Alta médica
Alvarenga deve ter alta nesta terça e será levado para um hotel para "ficar tranquilo" à espera de sua repatriação, comentou a fonte do hospital.
Fontes de Imigração informaram que funcionários da Embaixada do México nas Filipinas devem chegar na quarta-feira (5) ao país para coordenar a viagem.
Alvarenga, que inicialmente foi tido como mexicano, é de El Salvador e morava em Costa Azul, no Estado mexicano de Chiapas, de acordo com a Secretaria de Relações Exteriores do México.
O pescador aparentemente partiu do México no final de 2012 em uma expedição para pescar tubarões nas águas de El Salvador com um companheiro que provavelmente morreu há alguns meses em alto-mar.
O duo partiu em uma embarcação de sete metros para uma viagem que se interrompeu por culpa de uma tempestade que os afastou do litoral e os deixou à deriva no Pacífico.
Seu barco de sete metros foi arrastado no dia 30 de janeiro de 2014 até um recife perto de Ebon, um remoto atol das Ilhas Marshall, onde os aldeões o encontraram e tiveram problemas para se comunicar com ele, pois fala somente o espanhol.
As autoridades das Ilhas Marshall enviaram um navio até Ebon para levá-lo a Majuro.
Alvarenga contou que conseguiu sobreviver por tantos meses bebendo sangue de tartaruga, quando faltava água da chuva, e comendo quelônios, aves e peixes que capturava com as próprias mãos. (Com agências internacionais)
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