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Venezuela sobe para 14 número de mortos em atos, e Maduro acusa violência de 'fascistas'

Do UOL, em São Paulo

24/02/2014 16h33

Após a Venezuela registrar 14 mortes, mais de 140 feridos e 45 detidos em confrontos em atos pró e antigoverno que se repetem pelo país há quase duas semanas, o presidente Nicolás Maduro foi às cadeias de rádio e TV nesta segunda-feira (24) e voltou a criticar a violência de “fascistas” que querem “tomar o poder” através de um “golpe de Estado”.

Em um pronunciamento voltado para a direita venezuelana, a quem culpa pela violência nos enfrentamentos, Maduro lamentou a morte de “vítimas da violência de fascistas” e fez um chamamento ao povo venezuelano para combater a violência no país.

O presidente venezuelano também falou sobre a suspensão de festas públicas de Carnaval em algumas cidades do país, por decisão de prefeitos opositores ao governo, que culparam a forte tensão política e social neste momento na Venezuela.

Hoje, em uma conta no Twitter,  Ramón Muchacho, o prefeito de Chacao  --reduto opositor do leste de Caracas e um dos focos mais ativos de protestos contra o governo de Nicolás Maduro-- confirmou o cancelamento do Carnaval.

"Oficializaremos a suspensão das atividades de Carnaval em Chacao. Não estamos para celebrações", escreveu.

Outras prefeituras opositoras, como a da petroleira Maracaibo (oeste, a segunda cidade do país), do município Sucre (leste de Caracas) ou de Barinas (oeste, terra natal do falecido líder Hugo Chávez) fizeram anúncios similares. "Em Maracaibo não temos nada a celebrar neste momento que o país vive. Prudência e Moderação. Estamos com os estudantes", escreveu a prefeita Eveling Trejo.

A suspensão dos festejos públicos em várias cidades contrasta com o anúncio de Maduro, reiterado no domingo, de decretar a quinta-feira, 27 de fevereiro, feriado para comemorar o Caracazo de 1989, razão pela qual, somado aos dias de carnaval, 3 e 4 de março, serão praticamente seis dias de feriado.

Para Maduro, trata-se de uma estratégia da oposição para não perder o fôlego dos protestos e, ainda de acordo com ele, para "acabar com o Carnaval" --"uma tradição venezuelana", completou. “Vamos defender o Carnaval como um direito de paz, como um direito cultural do país”, declarou.

"Vai haver carnaval, vai haver festa, fantasias... que viva o carnaval venezuelano", disse Maduro diante de seus simpatizantes.

Há semanas o ministério do Turismo vinha informado que todos os hotéis e pousadas do Caribe venezuelano estão lotados e as passagens aéreas e de ônibus estão esgotadas.

Este longo recesso de todas as atividades pode ajudar a desativar os protestos estudantis que começaram no dia 4 de fevereiro no oeste do país contra a insegurança, opinaram analistas.

Servidores públicos são detidos suspeitos por mortes

Hoje, mais cedo, a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, confirmou que subiu para 13 o número de mortos no país.

"Até agora temos 13 pessoas falecidas em todo o país: seis em Caracas, três em Carabobo, uma em Sucre, uma em Lara, uma em Táchira e uma em Mérida", informou em entrevista coletiva.

Sobre duas das três mortes registradas em Caracas no final de uma concentração opositora em 12 de fevereiro na sede da Procuradoria Geral, ela afirmou que "tem muita clareza de como ocorreram os fatos", e que há três agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional).

Desta maneira, Luisa confirmou a informação dada na última sexta-feira (21) por Maduro, que disse ter funcionários públicos detidos e sendo investigados pelas mortes do dia 12.

A procuradora-geral destacou a morte de um homem identificado como Elvis Rafael Durán de La Rosa. Ela qualificou como uma "ação terrorista", ao explicar que morreu decapitado por um fio de arame colocado em uma rua para impedir a passagem.

Nesse sentido, criticou que os protestos violentos, e informou que durante as manifestações 12 pessoas foram achadas com armas de fogo e várias com armas brancas e artefatos explosivos, como coquetéis molotov. "Quem leva arma de fogo para a manifestação não tem intenções pacíficas", destacou.

O número de pessoas que permanecem detidas por causa dos incidentes subiu para 45, das quais nove são funcionários públicos. Já a quantidade de feridos desde o início dos protestos já chega a 149.

Na entrevista coletiva, Luisa negou que a Venezuela esteja violando os direitos humanos, e sustentou que a Procuradoria recebeu 13 denúncias por "violação de direitos fundamentais" com relação aos protestos.

Ela afirmou que se trata de uma "minoria de pessoas" que vem praticando "ações violentas" no que qualificou como "uma campanha internacional de descrédito contra o Estado venezuelano".

Tanto o governo quanto a oposição intensificaram os pedidos para que as manifestações sejam realizadas sem o uso de violência.