Israel e Hamas trocam acusações em caso de adolescentes judeus desaparecidos
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netnayahu, acusou neste domingo (15) o movimento islamita Hamas de ser o responsável pelo sequestro de três adolescentes israelenses na Cisjordânia. Já o Hamas acusou o premiê de Israel de "tentar sabotar a reconciliação palestina" com suas acusações.
"Os que realizaram o sequestro de nossos jovens são gente do Hamas, o mesmo Hamas com o qual Abu Mazen [Mahmud Abbas] assinou para formar um governo de unidade", declarou Netanyahu ao entrar em uma reunião de seu gabinete no ministério da Defesa, em Tel Aviv.
"Isto tem repercussões graves", acrescentou.
Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, disse em comunicado datado em Gaza que as acusações de Netanyahu são "tontas" e "têm uma projeção estratégica".
"Prender 80 deputados do Hamas, líderes e estudantes na Cisjordânia é uma agressão israelense e reflete o estado de confusão da Ocupação", disse o porta-voz ao pedir a intervenção da comunidade internacional contra o que chamou de "crimes".
Os 80 foram detidos em uma operação nas últimas 12 horas das forças israelenses para dar descobrir o paradeiro de três jovens desaparecidos na quinta-feira, e aos que Israel dá por sequestrados.
Na manhã de hoje, ao começar a reunião do Conselho de Ministros, Netanayhu acusou ao Hamas de estar por trás de seu sequestro.
Abu Zuhri, por sua vez, acusou a Israel de querer torpedear a reconciliação palestina iniciada no início deste mês com a formação de um executivo de unidade entre Hamas e o movimento Fatah.
Netanyahu se opõe a esse processo desde o primeiro dia, e advertiu que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, não pode falar de paz e, ao mesmo tempo, ter em seu governo um movimento que ainda não repudiou a luta armada e continua que exortando a destruição de Israel.
Aliança
Netanyahu não deixou de criticar a aliança entre o Hamas e a Organização de Libertação da Palestina (OLP), dirigida pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
As duas partes assinaram um acordo de reconciliação no dia 23 de abril que propiciou no início de junho um governo de "consenso nacional" apoiado pelo Hamas e formado por personalidades independentes.