Líderes palestinos denunciam massacre cometido por Israel no leste de Gaza
O governo e a presidência palestinas denunciaram neste domingo (20) um "massacre atroz" no bairro de Shajaya, periferia leste da cidade de Gaza, onde ao menos 62 palestinos foram mortos nos bombardeios israelenses.
"O governo palestino condena de maneira firme o massacre atroz cometido pelas forças de ocupação israelenses contra os civis inocentes de Shajaya", afirma um comunicado, que chama a comunidade internacional a "reagir imediatamente contra este crime de guerra".
Por sua vez, o chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, chamou de "crime de guerra" os bombardeios a esta localidade, apelando ao "fim imediato" da ofensiva israelense contra o enclave palestino.
Milhares de pessoas tentam abandonar o populoso bairro de Shujaiya, no leste da faixa de Gaza, neste sábado (19) à noite, após Israel ter expandido sua ofensiva terrestre contra o Hamas na faixa de Gaza. Moradores relataram os maiores bombardeios por terra e ar desde o início do conflito, há 13 dias.
Mais de 50 pessoas, incluindo 17 crianças, 14 mulheres e 4 idosos, morreram no distrito durante a noite, disseram médicos, em vários ataques israelenses sobre casas da área, o que eleva para mais de 400 palestinos mortos, a maioria civis, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), nesta nova fase do conflito. Dois civis israelenses morreram.
Moradores de Gaza relataram terem ouvido explosões durante toda a noite de sábado. Um ataque aéreo no subúrbio de Shejaiya atingiu a casa da autoridade do Hamas Khalil al-Hayya, deixando quatro mortos, incluindo seu filho e nora, disseram médicos palestinos.
Responsáveis de saúde temem que o número de mortos possa crescer de forma considerável ao longo do dia, pois a população que foge fala em grande destruição e corpos espalhados pela rua. Além disso, os serviços de emergência e as ambulâncias não podem chegar à zona devido à intensidade dos tiros de canhão, que se repetem a cada dez segundos.
Cessar-fogo momentâneo fracassa
O Hamas e Israel anunciaram que tinham aceitado um pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para observar uma trégua humanitária entre 10h30 e 12h30 (7h30 e 9h30 no horário de Brasília) em Shajaya.
Contudo, pouco depois, Israel voltou a atacar, afirmando responder ao Hamas.
O Exército israelense intensificou nesta noite sua incursão terrestre em Gaza, penetrando mais rumo ao interior, depois que em apenas 72 horas cinco soldados morreram em combate. Apesar da ofensiva israelense, militantes continuam a lançar foguetes contra Israel.
O Exército israelense disse em comunicado que "forças adicionais" se juntaram ao "esforço de combater o terror" em Gaza. O coronel Peter Lerner, porta-voz do Exército israelense, acrescentou que a ofensiva terrestre estava sendo ampliada para "restabelecer a segurança e a estabilidade dos moradores e cidadãos de Israel".
A ONU alertou para o fim do estoque de suprimentos para ajudar mais de 50 mil palestinos que se abrigam em escolas da entidade em Gaza. Uma autoridade do órgão disse que o número de pessoas deixando suas casas é maior do que o esperado, com as fronteiras de Gaza com Israel e Egito fechada para palestinos.
Corrida diplomática
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deverá se reunir com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, no Catar, como parte de esforços na região para que israelenses e palestinos "encerrem a violência e encontrem um caminho", disse a entidade.
Abbas também deverá se reunir com o líder do Hamas, Khaled Meshaal, em uma tentativa de convencer o grupo islâmico que governa Gaza a aceitar um acordo para encerrar o conflito.
Esforços diplomáticos para um cessar-fogo não chegaram a um acordo.
O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, se reuniu com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no sábado, mas disse que as tentativas de se chegar a uma trégua fracassaram.
"Infelizmente, eu posso dizer que o pedido por um cessar-fogo não foi ouvido, pelo contrário, há o risco de mais mortes civis, o que nos deixa preocupados", disse ele a jornalistas.
O Hamas rejeitou um cessar-fogo mediado pelo Egito na semana passada, alegando que qualquer acordo com Israel deve envolver um fim ao bloqueio à Gaza.