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Obama diz cessar-fogo em Gaza "será difícil" se soldado de Israel sequestrado não for solto

Barack Obama disse na Casa Branca nesta sexta-feira (1º), que será difícil atingir um novo cessar-fogo após o sequestro de um soldado israelense - Jum Lo Scalzo/EFE
Barack Obama disse na Casa Branca nesta sexta-feira (1º), que será difícil atingir um novo cessar-fogo após o sequestro de um soldado israelense Imagem: Jum Lo Scalzo/EFE

Do UOL, em São Paulo

01/08/2014 16h07

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante pronunciamento na Casa Branca nesta sexta-feira (1º), disse que o país continuará empenhado em negociar um cessar-fogo entre Israel e grupos armados palestinos, entre eles o Hamas, em Gaza. Porém, admitiu que isso será difícil caso o soldado israelense, sequestrado durante uma trégua-humanitária de 72 horas, não seja solto.

“Aquele soldado tem de ser achado e libertado urgentemente”, frisou Obama, depois de condenar a quebra do cessar-fogo humanitário pelo Hamas e militantes palestinos.

Nesta sexta-feira, apenas duas horas após o anúncio de um cessar-fogo humanitário na faixa de Gaza, novos ataques (e a quebra da trégua) deixaram ao menos 62 palestinos mortos e 350 feridos, segundo o Ministério da Saúde local.

“Vamos continuar nossos esforços para obter um cessar-fogo. Mas vai demorar e será difícil consegui-lo novamente, se Israel e a comunidade internacional não podem confiar nas garantias do Hamas de que vai honrar o pedido”, disse.

Obama voltou a dizer que Israel tem o direito de se defender dos ataques a seu território, mas afirmou que levar ajuda humanitária à Gaza ainda é uma prioridade. “Nenhum país tem de tolerar túneis cavados sob a terra que podem levar a ataques terroristas em seu território. Ao mesmo tempo, sabemos que civis inocentes estão sendo atingidos no fogo-cruzado. O cessar-fogo é necessário para ajuda humanitária.”

Fracassa cessar-fogo 

Mais cedo, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, já havia condenado a quebra do cessar-fogo, afirmando que militantes palestinos cometeram uma "revoltante violação". "Os EUA condenam nos mais duros termos possíveis o ataque de hoje", disse. Para Kerry, o ataque foi “uma afronta às garantias” que ambos os lados haviam dado ontem à ONU de que respeitariam o cessar-fogo.

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, também condenou a quebra do cessar-fogo e se disse “profundamente chocado e desapontado” pela violação do Hamas. Ban disse ainda que estava “muito preocupado” com a retomada dos ataques israelenses em Gaza e pôs em dúvida a credibilidade das garantias acordadas previamente pelo Hamas com a ONU.

Em 25 dias de ofensiva, o número de mortos ultrapassou 1.500, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, entre eles pelo menos 251 crianças, e os feridos chegam a 8.000. Do lado israelense, são 63 soldados mortos e três civis.

Soldado israelense raptado

Israel confirmou o rompimento do cessar-fogo por meio do tenente-coronel Peter Lerner em uma teleconferência com jornalistas. O militar falou sobre o sequestro do soldado israelense Hadar Goldin, 23, durante operações para desativar um túnel do Hamas, quando as forças de Israel teriam sido atacadas inclusive por um homem-bomba, na região sul da faixa.  

As operações para a identificação de túneis estariam autorizadas durante as 72 horas de trégua, mas os soldados teriam sido surpreendidos por militantes do Hamas. De acordo com o Exército, os homens do Hamas surgiram de um túnel escondido, e um deles detonou um cinto com explosivos, preso ao seu corpo. 

"Indicações iniciais sugerem que um soldado foi raptado por terroristas em um incidente em que terroristas violaram o cessar-fogo", disse o porta-voz do Exército israelense. Perguntado se isso representava o fim da trégua, ele respondeu: "Sim. Nós continuamos com nossas atividades em terra". As operações de Israel passam a incluir agora a busca pelo militar desaparecido.