Justiça absolve mafiosos após ameaças contra o escritor Roberto Saviano
A Justiça italiana absolveu nesta segunda-feira (10) os mafiosos Francesco Bidognetti e Antonio Iovine pelo crime de ameaças ao jornalista Roberto Saviano, autor do livro "Gomorra", sobre a Camorra.
O Tribunal de Nápoles decidiu que Bidognetti e Iovine -- que já vinha colaborando com a Justiça -- não cometeram os crimes. Saviano, que assistiu à leitura da sentença, lamentou a decisão, mas reconheceu que não é "invencível".
"Não sou imbatível, não sou invencível, e a sentença comprova isso", disse o escritor, contando que espera "iniciar uma vida nova". Além dos mafiosos, dois advogados eram réus no processo. Mas apenas Michele Santonastaso foi condenado a um ano de prisão.
De acordo com a denúncia, e a jornalista Rosaria Capacchione teriam recebido ameaças dos líderes do clã mafioso Casalesi, Francesco Bidognetti e Antonio Iovine.
"Para mim, este é um dia decisivo. Acredito que é um processo importante. Tento ser objetivo, mesmo estando envolvivo na história. Estou ansioso porque há anos vivo nesta situação [de ameaças]", contou o escritor, antes, porém, da leitura da sentença. O livro de Saviano, publicado em 2006 e que chegou a inspirar um filme homônimo, narra toda a estrutura da Camorra, que opera no sul da Itália. O jornalista se infiltrou em setores da máfia para acompanhar seu funcionamento e há anos precisa viver sob escolta policial.
Livro entre os best-sellers
Ele destacou que, nunca na história da criminalidade, um chefe mafioso se expôs tanto graças à liberdade de imprensa. "Esse processo foi muito difícil para mim. Em alguns momentos, a defesa dos mafiosos tentou me processar, tirar minha credibilidade. Além disso, tive um certo isolamento, já que a imprensa evitava falar do caso", disse Saviano.
O livro de Saviano, publicado em 2006 e que chegou a inspirar um filme homônimo, narra toda a estrutura da Camorra, que opera no sul da Itália. O jornalista se infiltrou em setores da máfia para acompanhar seu funcionamento.
Lançado no Brasil em 2009, o livro foi o sétimo mais vendido na categoria de "não ficção". Com tradução em 52 países, foram mais de 10 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
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