Policial se engana, troca taser por pistola e mata homem negro desarmado nos EUA
Um agente que trabalha como voluntário para a polícia de Tulsa, no Estado de Oklahoma (Estados Unidos), matou por engano um homem negro desarmado durante uma tentativa de prisão no início do mês. Um vídeo da ação, divulgado pela própria polícia local no último fim de semana, mostra Eric Harris, 44, sendo contido pelos agentes, quando um deles aparentemente atira por engano no suspeito.
Harris, que estava desarmado, foi levado ao chão, supostamente resistindo à prisão. Em um determinado momento, um dos policiais grita "taser" [arma de eletrochoque], e em seguida um tiro de arma de fogo é ouvido. Na sequência, o agente que fez o disparo, chamado Robert Charles Bates, 73, diz: "atirei nele, desculpe".
Harris, duramente contido pelos policiais, começa a gritar dizendo que foi atingido e depois afirma que não consegue respirar. "F…-se sua respiração", diz outro policial, enquanto os agentes continuam segurando-o no chão.
Harris havia sido detido ao tentar vender uma arma para um agente de polícia disfarçado. Ao perceber a chegada dos policiais, ele tentou fugir, mas foi alcançado.
Ao contrário do que aconteceu em outros casos de violência policial nos Estados Unidos, o departamento não pediu uma investigação independente para a morte de Harris, concluindo que se tratava de algo acidental, e não de um assassinato. O caso será levado à Justiça local.
Policial voluntário
Robert Charles Bates trabalha como agente voluntário para a polícia de Tulsa desde 2008, função para a qual é treinado como um policial comum, recebendo os mesmos treinamentos e atribuições e atuando quando é requisitado. Na ação contra Harris, Bates trabalharia apenas no apoio ao trabalho do policial disfarçado, mas acabou participando diretamente quando Harris tentou fugir.
Ao jornal “Tulsa World”, Bates confirmou ter sido o autor do disparo e falou que, orientado por seus advogados, não comentaria o caso.
De acordo com o jornal “Los Angeles Times”, ele também é um rico executivo de uma empresa de seguros e tem conexões políticas com o xerife local, a quem já doou verba para uma campanha --na maior parte dos Estados Unidos, os xerifes são eleitos pela população da cidade. Bates também já doou equipamentos e carros para o departamento de polícia de Tulsa, segundo o “Los Angeles Times”.
A família de Eric Harris emitiu uma nota de repúdio sobre sua morte e a relação da polícia com o agente, além de questionar a investigação.
“Não acreditamos ser razoável que um homem que supostamente tem todo o treinamento necessário confunda uma pistola com um taser. Não acreditamos ser razoável um executivo de uma seguradora de 73 anos participar de uma ação perigosa com um agente infiltrado. Não acreditamos que seja razoável, ou responsável, que [o xerife] aceite presentes de um cidadão rico que quer pagar para ‘fingir’ ser um policial.”
“Não vamos trazer Eric de volta. Ele nunca terá uma chance de mudar sua vida ou desenvolver uma relação com Aidan, seu filho de 16 anos, e nem abraçar seu irmão Andre novamente. Ainda assim, temos esperança de que algo bom sairá dessa tragédia”, diz a nota.
O caso de violência é mais um envolvendo a polícia norte-americana, particularmente em ações contra negros. Na semana passada, o caso de um homem desarmado que foi morto pelas costas por um policial em North Charleston, Carolina do Sul, gerou diversos protestos contra o racismo. O agente em questão, Michael Slager, 33, foi preso.
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