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#ExisteAmorNoMundo: conheça iniciativas de pessoas para ajudar refugiados na Europa

Refugiados tentam embarcar na estação de trem de Budapeste, na Hungria, para a Alemanha - Mauricio Lima/The New York Times
Refugiados tentam embarcar na estação de trem de Budapeste, na Hungria, para a Alemanha Imagem: Mauricio Lima/The New York Times

Do UOL, em São Paulo

01/09/2015 20h48

Em meio à revolta e à onda de críticas de parte da população dos países europeus que têm recebido refugiados na crise migratória, do outro lado do problema, pessoas têm se unido para ajudar os imigrantes a manter uma condição básica de vida. Na Alemanha, um grupo que ajuda habitantes locais a dispostos a compartilhar suas casas com refugiados, no estilo do "Airbnb" (serviço online comunitário para reserva de acomodações), contou ao jornal britânico "The Guardian" que tem recebido ofertas acima da expectativa. E o plano é passar essa ideia adiante para outros países.

Radicado em Berlim, o grupo Refugees Welcome (ou "Bem-vindos Refugiados, em português), tem ajudado pessoas de lugares como Afeganistão, Burkina Faso, Mali, Nigéria, Paquistão, Somália e Síria.

Mais de 780 alemães já se inscreveram no site do grupo e 26 pessoas foram colocadas em casas particulares até agora. Dois dos fundadores do site, Jonas Kakoschke, 31, e Mareike Geiling, 28, vivem com Bakari, um refugiado do Mali de 39 anos de idade a quem eles estão ajudando com aulas de alemão, enquanto ele espera por uma autorização de trabalho.

Um porta-voz disse que o sucesso crescente do projeto já levou a ofertas de ajuda para configurar esquemas semelhantes em outros países da União Europeia, incluindo a Grécia, Portugal e Reino Unido, além de um plano parecido na Áustria funcionando desde janeiro. No último fim de semana, milhares de islandeses se ofereceram para acomodar refugiados sírios em suas casas, numa carta aberta ao governo sobre a crise migratória.

O professor Johann Schmidt divide seu apartamento em Konstanz, na Alemanha, com um refugiado iraquiano, com quem ele foi combinado depois de se registrar no site em novembro de 2014. "Azad me diz sobre seu país de origem sempre que pode, e me explica o contexto global da situação atual em termos simples", disse Schmidt. "Eu aprendi um pouco com ele e já gosto muito de ouvir suas histórias."

Acomodar um refugiado não tem de significar perder o valor do aluguel de quarto, de acordo com o Refugees Welcome. Em um terço dos casos, os custos são cobertos, quer pelo centro de emprego ou com ajuda da Previdência Social, e um quarto dos aluguéis são pagos através de doações para o site.

"Estamos impressionados com a prontidão das pessoas para ajudar", disse o grupo na terça-feira. "Estamos agora a receber pedidos de informação dos diferentes países da Europa, como a Grécia, Portugal e Escócia, mas também da Austrália e os EUA.

Enquanto isso, a Islândia anunciou recentemente que estava disposta a ajudar com a catástrofe humanitária que obriga milhares de sírios a fugirem do país em busca de segurança na Turquia e Europa. O governo islandês se ofereceu para receber 50 refugiados na Islândia, um país de cerca de 330 mil pessoas. Entretanto, para alguns, a oferta não pareceu das mais calorosas.

Em resposta, os islandeses tentam preencher o vazio humanitário. Estimulado por um apelo de um escritor islandês, mais de 10.000 pessoas se ofereceram para abrigar refugiados sírios através de uma página no Facebook chamada "A Síria está chamando."

O governo islandês, em resposta às mensagens, disse que iria considerar o aumento do contingente de refugiados sírios. "Eu acredito que há solidariedade no que devemos fazer  para responder ao problema, nós apenas temos que descobrir a melhor maneira de fazê-lo", disse o primeiro-ministro islandês, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson.

Na Alemanha, os ataques contra os refugiados e os centros que os abrigam têm ocupado o centro das notícias. Mas também existem inúmeros voluntários que, a cada dia, ajudam os refugiados a enfrentarem a burocracia do país.

Em Berlim, no bairro popular de Moabit, o imenso parque vizinho à sede do departamento de assuntos sanitários e sociais da cidade virou um verdadeiro acampamento, com roupa secando sobre os arbustos, onde se veem muitos homens, mulheres e crianças muito novas.

Depois de esperarem por vários dias, os refugiados esperam enfim obter o documento e a passagem de trem que lhes permitirá chegar até o centro de acolhimento provisório para onde são destinados, em alguma parte desse país cuja língua eles não falam.

Centenas de associações

Algumas dezenas de metros adiante, uma associação, a Moabit hilft! (Moabit ajuda!, em alemão), ocupou outro prédio, onde tem recebido doações da população e as distribui quase que imediatamente. Todos os dias seu website publica uma lista das necessidades em tempo real. Na quarta-feira (26), eram cobertores, frutas, carrinhos de bebê e, "como sempre", dinheiro para o táxi, bilhetes de condução, telefones com carregador e chips de celular.

Existem centenas de associações como esta por todo o país. A Pro-Asyl, uma das mais conhecidas na Alemanha, comemorou a marca de 20 mil membros, graças à chegada de 2.000 novos integrantes em sete meses. Em Berlim, o site "Tagesspiegel" conta como, no bairro de Köpenick, os mesmos habitantes que protestavam em vão contra a instalação de um centro de refugiados perto de suas casas em 2014 agora criaram uma associação que ajuda esses indesejáveis que se tornaram seus vizinhos. (Com agências internacionais)