Hollande critica Assad na ONU e diz que o sírio "não é parte da solução"
O presidente da França, François Hollande, engrossou o coro de críticas ao regime do sírio Bashar al-Assad e fez afirmações duras contra o ditador, nesta segunda-feira (28), em seu pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas, o 12º realizado hoje no plenário.
O francês defendeu a instituição de um governo de transição na Síria como forma viável de alcançar uma solução para o conflito (com milhares de mortos nos últimos quatro anos) e manifestou objetivamente que Assad deve deixar o poder.
“Bashar al-Assad faz parte do problema, ele não pode fazer parte da solução”, afirmou Hollande. “Não podemos fazer trabalharem juntas as vítimas e o carrasco”.
Talvez o mais contundente crítico de Assad até o momento, na assembleia, Hollande pediu união entre as nações para conter a grave crise humanitária.
“Hoje, é a Síria que chama a nossa mobilização, nossa intervenção. Muitos me precederam nesta tribuna, todos consideraram que a situação é uma tragédia, todos disseram que é preciso achar uma solução, procuremos juntos esta solução.”
“Há três anos, estive aqui nesta tribuna, e já havia 30 mil mortos. Hoje, são 250 mil vítimas de Assad. O drama sírio começou com uma revolução que queria desafiar uma ditadura, aquela de Bashar al-Assad. Naquela época, não havia terrorismo, não havia grupos fundamentalistas. Havia uma ditadura que massacrava as pessoas”, afirmou. “E ainda hoje, é este mesmo regime que joga bombas na população civil inocente”, disse o presidente francês.
Pouco antes de Hollande discursar, o presidente russo, Vladimir Putin, havia defendido uma aliança com Assad, a quem apoia, apresentando-o como "o único verdadeiramente combatendo o Estado Islâmico na Síria".
Pela manhã, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assim como fez o líder francês, já tinha sugerido "um governo provisório na Síria sem Assad".
"A França quer trabalhar com todos, com todos os países que queiram trabalhar conosco. Nós falamos de uma coalizão, ela é possível, desejável, necessária, mas ela deve ter uma base clara, e isso foi definido três anos atrás, um governo de transição”, afirmou Hollande.
Neste domingo, aviões das Forças Armadas francesas bombardearam pela primeira vez bases do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria. De acordo com informações do governo francês, seis aviões participaram da ofensiva, realizada no leste do país.
Funções da ONU e Conselho de Segurança
Pouco antes de encerrar seu discurso, Hollande falou sobre o papel das Nações Unidas diante de conflitos de tão longa duração, como é o da Síria.
“A legitimidade de uma organização como a ONU repousa sobre a credibilidade. Se não há capacidade para a ONU de resolver os conflitos que duram tempo demais, de resolver os dramas ou de apaziguar as situações, então é nossa impotência que nos condenará. Se nós queremos que nossa organização tenha um futuro digno, ela não fugirá de uma reforma em seu funcionamento”, cobrou o presidente.
“A França quer que os integrantes do Conselho de Segurança não possam usar de seu direito de veto em casos de atrocidades em massa”, pediu Hollande.
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