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Obama defende governo provisório sem Assad na Síria

Do UOL, em São Paulo

28/09/2015 12h04

Em sua fala na Assembleia Geral da ONU nesta segunda-feira (28), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu a saída de Bashar al-Assad, a quem chamou de tirano, para que a Síria possa sair da situação de guerra que motiva o êxodo de refugiados por todo o mundo.

"Precisamos reconhecer que não pode haver, após tanto derramamento de sangue, tanta carnificina, um retorno ao status quo do pré-guerra, porque foi assim que o conflito começou – com protestos pacíficos reprimidos com assassinatos. Assad e seus aliados não podem pacificar o país com armas nucleares e bombardeios indiscriminados que matam milhares de pessoas. É preciso um governo de transição longe de Assad até que se chegue a um novo líder, para que a população síria possa reconstruir o país", afirmou.

O presidente norte-americano disse estar disposto a trabalhar com Irã e Rússia para resolver o conflito, dois países que defendem uma reforma do regime de Assad após o fim da guerra, e não a saída do presidente sírio do poder. No entanto, os líderes russo e iraniano, Vladimir Putin e Hassan Rouhani, chegaram ao auditório somente depois do discurso de Obama.

No início do discurso, Obama havia se referido a Assad como um tirano, quando se referia à lógica de que o terrorismo só é eliminado com a violação da democracia e dos direitos civis. “Seguindo essa lógica, devemos apoiar tiranos como Bashar al Assad, que jogou bombas em sua população.”

Obama declarou que o conflito na Síria afeta o mundo inteiro, tanto pela ascensão de grupos extremistas como o Estado Islâmico quanto pela saída maciça de refugiados.

 "Sabemos que o Estado Islâmico emergiu do caos e depende da guerra para sobreviver. É preciso combater essa ideologia venenosa, de promover violência", disse Obama, que depois ressaltou a necessidade de combater também o pensamento de não muçulmanos que associam o islamismo ao terrorismo.

Obama ainda afirmou que ajudar os refugiados não é uma questão de caridade, e sim de segurança.

Cuba

O presidente de EUA se mostrou ainda convencido de que "a mudança chegará a Cuba" e o Congresso americano acabará levantando "inevitavelmente" o embargo econômico e financeiro que pesa sobre a ilha caribenha.

Está previsto um encontro entre Obama e presidente cubano, Raúl Castro, às margens da assembleia.

Rússia, Ucrânia e diplomacia

Obama pediu nesta segunda-feira na Assembleia Geral da ONU que todas as nações do mundo deixem para trás a "velha forma de atuar, mediante conflito e coerção", diante dos desafios atuais.

"No Iraque, aprendemos a lição de que mesmo com milhares de bravos soldados, não podemos impor o que acreditamos. A não ser que trabalhemos com as outras nações, não teremos sucesso", disse, em meio ao discurso que durou cerca de 45 minutos.   

Ele também citou o conflito entre Rússia e Ucrânia e justificou as sanções endereçadas aos russos, dizendo que elas não significam um retorno à Guerra Fria, mas sim uma tentativa de que o país utilize a diplomacia em detrimento da força militar. "Imaginem se a Rússia tivesse se interessado em seguir a linha diplomática... Teria sido melhor para a Ucrânia, para nós e para a Rússia", disse Obama.  

O líder norte-americano dedicou seu discurso a defender o sistema vigente de normas internacionais. "A diplomacia é dura e seus resultados às vezes não são satisfatórios, desagradando algumas pessoas", declarou Obama, que ressaltou que as nações têm a "obrigação" de perseguir essa via.

"Não importa o quão poderosas sejam nossas Forças Armadas e quão forte seja nossa economia. Os Estados Unidos não podem resolver por si só os problemas do mundo", disse Obama. (Com agências internacionais)