Netanyahu ataca ONU por acordo com o Irã e Abbas por "desistir da paz"
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, dedicou seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta quinta-feira (1º), a duras críticas contra a própria organização pelo que ele chamou de "silêncio ensurdecedor" sobre o acordo nuclear que permitirá suspender sanções impostas ao Irã, e contra o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que havia afirmado ontem no plenário da ONU que não mais cumprirá os acordos de Oslo assinados com Israel.
Os acordos, de 1995, formaram a base para a criação de dois Estados. Abbas acusou Israel de violar o que está previsto nestes e nos acordos subsequentes.
Hoje, na primeira parte de sua fala, Netanyahu repetiu o discurso que tem feito nos últimos meses, rejeitando o pacto com o Irã, apontado por nações ocidentais (como os Estados Unidos) como a principal conquista das últimas décadas em relação ao programa nuclear iraniano. Netanyahu acusou o Irã de apoiar os grupos Hezbollah e Hamas e de promover a violência na Síria e no Iêmen ao fornecer suporte ao ditador Bashar al-Assad e aos rebeldes houthi. O israelense também disse que o Irã criou células terroristas em países como o Kuwait.
O premiê mostrou no plenário um livro recente do líder supremo do Irã, Ali Khamenei, dizendo que o aiatolá prega, nesta publicação, a destruição de Israel. No momento mais enfático do discurso, atacou diretamente os países-membros da ONU: "Os líderes do Irã prometeram destruir meu país, e a resposta dessa entidade foi absolutamente nada. Apenas silêncio. Silêncio ensurdecedor."
Em seguida, em um aparente ato de protesto, o israelense interrompeu seu pronunciamento para fazer 44 segundos de silêncio, enquanto observava os presentes no plenário com um olhar incisivo.
“Talvez vocês entendam por que Israel não está comemorando o acordo”, emendou. “Se seus países estivessem sob ameaça de vizinhos, talvez vocês não comemorassem.”
"Pela história, o povo judeu aprendeu o valor pesado do silêncio. Eu me nego a ser silenciado", disse Netanyahu.
Segundo o israelense, no entanto, o Irã não é uma ameaça apenas para a Israel. “O Irã já tem mísseis que podem atingir Israel. Os mísseis intercontinentais que eles estão construindo são para [atacar] vocês, não para nós.”
"Israel vai fazer o que for possível para defender seu Estado e seu povo. Esta é minha mensagem aos líderes do Irã: seu plano para destruir Israel falhará. Israel não permitirá qualquer força no mundo que ameace seu futuro. E esta é minha mensagem para todos nesta sala: qualquer resolução que vocês adotem neste prédio, Israel fará o que tiver que fazer para defender seu Estado e seu povo", afirmou.
Apesar das críticas, ele defendeu que é "inabalável" a aliança histórica de seu país com os Estados Unidos, que patrocinaram o acordo com o Irã. "O presidente Obama e eu temos desacordos sobre o acordo nuclear, mas não discordamos que temos que trabalhar juntos para garantir a segurança futura dos nossos países".
Firmado em Viena (Áustria) após 22 meses de tratativas, o acordo prevê a eliminação progressiva das sanções impostas à economia iraniana nos últimos anos. Em troca, Teerã limitará suas atividades atômicas e permitirá a realização de controles periódicos da ONU em suas instalações. Além disso, o governo do Irã vai interromper o enriquecimento de urânio nas usinas de Natanz e Fordow.
Porém, fica reservada a Teerã a possibilidade de recusar determinados pedidos de acesso. Já o embargo da ONU à venda de armas à nação persa continuará em vigor por cinco anos.
Palestina
A questão palestina foi tratada pelo líder israelense somente na parte final de seu discurso. Netanyahu se defendeu das críticas de Mahmoud Abbas, feitas nesta quarta-feira, e falou que Abbas precisa "parar de mentir sobre as reais intenções de Israel", além de cobrar dos palestinos que "reconheçam o Estado judeu", estabelecendo isso como uma condição para que Israel reconheça o território palestino.
Ontem, Abbas havia afirmado na ONU que não mais cumprirá os acordos de Oslo, feitos em 1995, formando a base para a criação de dois Estados no longo conflito israelo-palestino. O líder palestino acusou Israel de violar todos os acordos subsequentes.
“Os palestinos se recusam a estabelecer a paz com Israel, e ontem vocês ouviram isso aqui. Como conseguir isso se há uma recusa de se sentar à mesa e negociar? Os palestinos não deveriam desistir da paz”, disse Netanyahu.
"Estou preparado para retomar imediatamente negociações de paz diretas e sem nenhuma pré-condição", afirmou diante do plenário das Nações Unidas em Nova York (EUA).
"Presidente Abbas, sei que não é fácil, mas devemos ao nosso povo continuar tentando. Juntos, precisamos negociar de verdade e parar de negociar sobre as negociações. Se nos reconhecermos uns aos outros, se fizermos isso de verdade, poderemos atingir resultados maravilhosos para nossos povos ", declarou.
“O presidente Abbas deveria estar falando sobre ações de milicianos que estão contrabandeando armas para dentro do nosso território, e esta é a real ameaça contra as pessoas que querem visitar os locais sagrados”, acrescentou.
“Mais de 30 anos após pisar aqui pela primeira vez, ainda estou pedindo: quando a ONU finalmente deixará o fanatismo contra Israel fora do prédio? Quando a ONU finalmente vai ajudar Israel com as negociações de paz? E a mesma pergunta vale para os palestinos”, criticou novamente o premiê.
Netanyahu encerrou sua fala recomendando à ONU que fique ao lado de seu país. “Israel não está apenas se defendendo. Mais do que nunca, Israel está defendendo vocês.” (Com agências internacionais)
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