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Brexit: apuração começa disputada e preocupa partidários da União Europeia

23.jun.2016 - O premiê britânico, David Cameron, e sua muler, Samantha, deixam seção eleitoral após votarem no referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, em Londres - Xinhua/Han Yan - Xinhua/Han Yan
Líder do grupo pró-UE, o premiê britânico, David Cameron, deixa seção eleitoral ao lado de sua mulher, Samantha
Imagem: Xinhua/Han Yan

Do UOL, em São Paulo

23/06/2016 22h37Atualizada em 23/06/2016 23h18

Uma vitória com ampla vantagem do grupo a favor da saída do Reino Unido da União Europeia no distrito de Sunderland contribuiu para uma situação de indefinição nas primeiras horas da apuração do referendo britânico, realizado nesta quinta-feira (22).

Cerca de 130 mil eleitores votaram em Sunderland e 61,3% deu vantagem para o "sair", contra 38,6% dos favoráveis ao "ficar". O resultado foi considerado fundamental para a campanha do "Brexit" porque o distrito, além de populoso, registrou uma vantagem muito maior do que a esperada para o grupo anti-UE. O lado pró-permanência ficou em desvantagem e só conseguiu se recuperar após conquistar resultados favoráveis em distritos de Londres e em Glasgow, na Escócia.

Por volta das 23h20, a disputa estava acirrada, com os dois lados oscilando na frente, entre 51% e 49%, com pouco mais de 130 das 382 zonas eleitorais já apuradas. 

Outro resultado aparentemente favorável ao "Brexit" ocorreu em Newcastle, onde o lado pró-permanência venceu, mas por uma margem muito menor do que a esperada (50,7%, contra 49,3%). "Isto pode ser um verdadeiro problema para a permanência. A previsão em Newcastle era de uma vitória pró-UE de 59% contra 41%", disse o professor Simon Hix, da London School of Economics. 

A apuração começou às 22h locais (18h em Brasília), no momento em que as urnas foram encerradas após 15 horas de votação, e devem seguir pela madrugada de sexta-feira.

Empolgação com o "Brexit" derruba valor da libra

A libra esterlina caiu quase 3% no mercado internacional depois de o "Brexit" ter vencido em Sunderland. A moeda britânica, que tinha subido durante a realização do referendo, era cotada a US$ 1,454 após a divulgação dos primeiros resultados, representando uma rejeição do mercado à possibilidade de o país deixar a União Europeia.

Horas antes, quando uma pesquisa da entidade YouGov apontou que a permanência deveria sair vencedora hoje (52% contra 48%), a moeda britânica atingiu seu maior patamar em relação ao dólar desde setembro do ano passado (1 libra valendo US$ 1,50).

Território desconhecido

Nunca um grande país abandonou a UE desde o nascimento do projeto europeu nos anos 1950, quando as nações ainda viviam sob os escombros da Segunda Guerra Mundial, e metade do continente era governado por ditaduras. Atualmente, a UE engloba 28 países democráticos.

O Reino Unido entrou para o bloco em 1973 e, dois anos depois, organizou um referendo para calar os eurocéticos, com vitória da permanência. A votação desta quinta-feira dificilmente encerrará esse debate.

"Estamos em território desconhecido", afirmou o professor Chris Bickerton, da Universidade de Cambridge e autor de "The European Union: A Citizen's Guide".

"A saída seria um golpe muito duro para UE. Há muito tempo a moral não estava tão baixa em Bruxelas", completou. (Com agências internacionais)