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Primeiro voo regular a Cuba parte dos EUA após mais de 50 anos

Do UOL, em São Paulo

31/08/2016 11h15

O primeiro voo regular de EUA a Cuba partiu na manhã desta quarta-feira (31) de Fort Lauderdale, em um passo importante para a normalização das relações entre os dois países. O voo da companhia aérea americana JetBlue partiu por volta das 10h05 no horário local e aterrissou cerca de 50 minutos depois em Santa Clara, em Cuba.

O Airbus A320 da JetBlue, a bordo do qual viajam turistas, jornalistas e autoridades como o secretário de transporte de EUA, Anthony Foxx, entrou na pista de decolagem atravessando um arco formado por jatos de água, como acontece sempre que se trata de um voo inaugural. Uma banda de salsa animou a entrada dos viajantes no avião.

"Às vezes lembramos grandes momentos da história", disse à agência AFP Mark Gales, chefe executivo do aeroporto, mencionando a queda do muro de Berlim e a chegada do homem à Lua. Parafraseando a famosa frase de Neil Armstrong, o primeiro ser humano que pisou na Lua, acrescentou: "Este é um pequeno voo para os passageiros, mas um enorme avanço na reconexão da humanidade".

31.ago.2016 - Avião comercial da companhia JetBlue pousa em Santa Clara, em Cuba, após partir de Fort Lauderdale, na Flórida - Yamil Lage/AFP - Yamil Lage/AFP
O avião da JetBlue pousa em Santa Clara, em Cuba, após partir de Fort Lauderdale, na Flórida
Imagem: Yamil Lage/AFP

Os passageiros embarcaram em meio a aplausos, gritos, lágrimas e balões coloridos. Um deles, Domingo Santana, de 53 anos, foi o primeiro a comprar a passagem do primeiro voo comercial a Cuba depois de ter deixado a ilha quando tinha seis anos."Estou muito orgulhoso, muito emocionado", disse Santana. "Nunca fui ao meu país, não conheço meu país. É uma grande oportunidade".

"Esta reabertura nos beneficiou", comentou outra passageira, Aleisy Barreda, de 46 anos. "Não apenas em preços, mas também em facilidades para comprar as passagens."

O voo de hoje é um dos 110 diários diretos que foram aprovados neste ano pelo Departamento de Transporte dos EUA (DOT) a Cuba. Trata-se de 20 voos a Havana e 90 a outras cidades cubanas, que partirão em sua maioria do sul da Flórida, onde se concentra a maior população de origem cubana no país.

Nestas rotas poderão viajar americanos que estejam classificados em qualquer uma das 12 categorias de viagens para Cuba permitidas pelo governo dos EUA, na tentativa de suavizar o embargo econômico imposto por Washington a Havana e que proíbe seus cidadãos de viajarem a Cuba como turistas.

As razões de viagens autorizadas para americanos estão relacionadas com atividades culturais, empresariais, educacionais e jornalísticas.

O DOT autorizou em junho passado a JetBlue, American Airlines, Frontier, Silver Airways, Southwest e Sun Country viajarem desde Fort Lauderdale, Miami, Chicago, Filadélfia e Mineápolis a nove cidades de Cuba, sem incluir Havana.

Estas são Camagüey, Cayo Coco, Cayo Largo, Cienfuegos, Holguín, Manzanillo, Matanzas, Santa Clara e Santiago de Cuba.

Com a aprovação destas rotas, o governo dos EUA afirmou que procura "reunir as famílias cubano-americanas e fomentar a educação e as oportunidades para as empresas americanas de todos os tamanhos".

No caso da JetBlue, esta terá inicialmente rotas desde Fort Lauderdale a Santa Clara, Camagüey e Holguín, cuja frequência irá aumentando até ser diária no final do ano, e prevê viajar também a Havana, uma vez o DOT outorgue as autorizações definitivas para a capital cubana.

Devido às solicitações de linhas aéreas para viajar a Havana triplicarem as estabelecidas por ambos governos, sua adjudicação demorou mais do que previsto.

Por ora, o DOT acordou em julho passado que autorizará voos à capital cubana a oito companhias aéreas saindo de Miami, Fort Lauderdale, Orlando e Tampa, na Flórida, além de Newark (Nova Jersey), Nova York, Charlotte, Atlanta, Houston e Los Angeles.

A JetBlue, que viajará para Cuba em aviões Airbus A320, com capacidade para 220 passageiros, afirmou que suas tarifas partirão de US$ 99 por trajeto e incluem o seguro médico que exige o governo cubano. (Com as agências internacionais)