Deslizamento de terra na Colômbia deixa ao menos 200 mortos
Enchentes e deslizamentos de terra na cidade colombiana de Mocoa jogaram uma enxurrada de água e destroços sobre casas nas primeiras horas de sábado, matando pelo menos 200 pessoas.
O exército colombiano contabiliza 254 mortos, 400 feridos e 200 desaparecidos. Já a Cruz Vermelha da Colômbia (CRC) reduziu sua contagem do número de mortos de 234 para 200 em seu último balanço divulgado neste domingo (2). Um porta-voz da CRC atribuiu a diferença em relação ao balanço anterior a uma confusão na identificação dos corpos. O total de feridos contabilizados pela organização é de 203, com 17 bairros afetados.
"Foi uma tempestade torrencial, ficou realmente forte entre 23h e 1h (horário local)", disse à Reuters o morador Mario Usale, 42, que buscava seu sogro entre os destroços. "Minha sogra também estava desaparecida, mas encontramos ela viva a dois quilômetros. Ela tem ferimentos na cabeça, mas está consciente."
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, declarou estado de calamidade na cidade de Mocoa, capital do departamento do Putumayo.
Mocoa, um município de cerca de 40 mil habitantes, está sem energia elétrica e água. As imagens divulgadas pelos socorristas são impactantes: ruas cobertas de terra, soldados carregando crianças, pessoas chorando, veículos destruídos e lixo nas ruas.
"Há muita gente nas ruas, muita gente prejudicada, muitas casas destruídas", descreveu à AFP por telefone Hernando Rodríguez, um aposentado de 69 anos.
Segundo este morador de Mocoa, "as pessoas não sabem o que fazer", porque "não havia preparação" para uma catástrofe assim.
"Apenas não estamos nos dando conta do que aconteceu", acrescentou.
"Vamos fazer um plano de ação com o médico Carlos Ivan Márquez (diretor-geral da União Nacional para a Gestão do Risco de Desastres, UNGRD), com o governo e todas as instituições que estão aqui presentes", disse Santos ao chegar a Mocoa para ver a situação pessoalmente.
A tragédia começou na noite de sexta-feira, quando uma forte chuva aumentou o nível dos rios Mocoa, Sangoyaco e Mulatos, cujos transbordamentos provocaram uma avalanche de água e pedras que levou tudo o que encontrou pelo caminho.
Ao ser informado, Santos viajou a Mocoa para supervisionar os trabalhos de resgate que estão a cargo das unidades militares nessa região.
Com a declaração do estado de calamidade será possível "atender da melhor forma possível esta situação", disse.
"Vamos fazer um plano de ação e iniciar todo o processo de ajuda humanitária, vamos atender os feridos, iniciar todo o processo fúnebre para atender a todas as pessoas falecidas e vamos também começar a restabelecer os serviços que foram suspensos", destacou Santos.
A governadora de Putumayo, Sorrel Aroca, assinalou que se trata de uma tragédia sem precedentes. "Há centenas de famílias que ainda não encontramos, bairros desaparecidos", disse à W Radio.
Autoridades criaram uma sala de crises com a presença de autoridades locais, e mais de 100 pessoas, entre soldados, policiais e membros de órgãos de socorro, trabalham nas buscas por desaparecidos e na remoção dos destroços", disse Márquez.
A tragédia é de "grande dimensão", afirmou à AFP o diretor-geral de Emergência da Cruz Vermelha colombiana, César Urueña, ao reportar a "velocidade impressionante" com que aumenta o balanço de mortos e feridos.
"À noite, choveu 13 centímetros, comumente em um mês aqui chove 40 centímetros. O que isso quer dizer? Que 30% da chuva de um mês ocorreu nesta noite, e isso precipitou uma súbita cheia de vários rios [...] e isso causou uma avalanche", declarou Santos.
Urueña explicou que o afluente do rio se misturou com a terra e os "materiais" das ruas, como resíduos e lixo, e provocou o desastre.
A "onda de inverno" na América do Sul não afetou somente a Colômbia. O Peru vem enfrentando desde o início do ano chuvas e deslizamentos de terra que até o momento deixaram 101 mortos e mais de um milhão de afetados.
"Situação dramática"
"É uma tragédia sem precedentes, [há] centenas de famílias que ainda não encontramos, bairros desaparecidos", disse a governadora de Puntamayo, Sorrel Aroca, à W Radio.
As águas carregaram diversas casas, postes de eletricidade, veículos, árvores, e destruíram pelo menos duas pontes, acrescentou o Exército, cujos soldados apoiam os trabalhos de resgate e socorro.
"A situação de Mocoa é dramática. Pedimos a solidariedade de toda Colômbia", escreveu no Twitter o vice-ministro do Interior, Guillermo Rivera.
Segundo a Unidade Nacional para a Gestão do Risco de Desastres (UNGRD), há 300 famílias afetadas.
Uma sala de crise com autoridades locais, soldados, policiais e membros de organismos de socorro trabalha na busca de desaparecidos e na remoção do material, apontou à AFP Carlos Iván Márquez, diretor da UNGRD.
A entidade indicou em um comunicado que está mobilizando para o local mais de sete toneladas de equipamentos para o fornecimento de água, eletricidade e atendimento pré-hospitalar.
Um milhão de pessoas estão ajudando nos trabalhos de resgate. Em nota, o governo brasileiro manifestou "profundo pesar pelas perdas humanas e materiais" provocadas pelas fortes chuvas na Colômbia e expressou sua solidariedade.
O Papa Francisco lamentou a tragédia e agradeceu as pessoas que estão ajudando no resgate. "Lamento profundamente a tragédia que atingiu a Colômbia, onde um deslizamento de terra gigante na localidade de Mocoa deixou mortos e feridos", disse Francisco durante uma missa em Carpi (norte da Itália) por ocasião da reforma de uma igreja danificada no terremoto de 2012.
"Rezo pelas vítimas, e quero garantir minha proximidade daqueles que choram pelos desaparecidos. Quero agradecer a todos que estão ajudando no resgate", disse o pontífice.
Mudanças climáticas
No sábado, Martín Santiago, chefe da ONU (Organização das Nações Unidas) relacionou o desastre na Colômbia com as mudanças climáticas que estão ocorrendo no planeta. "Mudanças climáticas estão gerando umas dinâmicas e vemos os resultados tremendos desde o ponto de vista da intensidade, da frequência e da magnitude destes efeitos naturais, como o que acabamos de ver agora em Mocoa", afirmou à AFP.
O diplomata ainda alertou que a zona afetada sofrerá "impactos" a curto, médio e longo prazo pela sua "vulnerabilidade" e "pobreza". (Com agências internacionais)
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