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Coreia do Norte vai responder a "qualquer tipo de guerra" dos EUA, diz diplomata na ONU

O embaixador norte-coreano Kim In Ryong durante entrevista à imprensa na ONU -  Spencer Platt/Getty Images/AFP
O embaixador norte-coreano Kim In Ryong durante entrevista à imprensa na ONU Imagem: Spencer Platt/Getty Images/AFP

Do UOL, em São Paulo

17/04/2017 15h36

A Coreia do Norte responderá a "qualquer tipo de guerra" que os Estados Unidos provocarem, disse o representante norte-coreano na ONU, nesta segunda-feira (17), após a advertência do vice-presidente Mike Pence para que Pyongyang não coloque à prova a "determinação" de Washington.

"Se os Estados Unidos se atreverem a recorrer a uma opção militar (...) a RPDK (República Popular Democrática da Coreia) está pronta para reagir a qualquer tipo de guerra que os Estados Unidos desejarem", disse o embaixador Kim In Ryong em uma entrevista à imprensa.

Além disso, Ryong disse que o seu país vai realizar novos testes com armamentos nucleares "no momento oportuno", fazendo referência ao recente lançamento fracassado de mísseis pelo país asiático.

O norte-coreano disse que o recente ataque lançado pelos Estados Unidos contra uma base aérea da Síria é uma prova de que os EUA representam uma ameaça para Estados soberanos sob o pretexto de trabalhar pela paz.

"Os Estados Unidos estão perturbando a paz e a estabilidade global e insistindo em uma lógica de gângster", afirmou Kim, que acusou a administração Trump de querer aplicar à Coreia do Norte a mesma doutrina que utiliza na Síria.

Segundo o embaixador, o envio recente de um porta-aviões nuclear americano para águas próximas da península da Coreia está "pressionando a situação para uma guerra iminente".

"Isto criou uma situação em que uma guerra termonuclear pode começar a qualquer momento", disse o diplomata norte-coreano.

Segundo o diplomata, os Estados Unidos estão "perturbando a paz e a estabilidade globais, insistindo em uma lógica de gângster". ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2017/04/17/coreia-alerta-para-risco-de-guerra-nuclear-com-eua.htm?cmpid=copiaecola

Mais cedo, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, recomendou que a Coreia do Norte não coloque à prova a "determinação" do presidente Donald Trump frente aos programas balísticos e nucleares de Pyongyang e advertiu que "todas as opções estão sobre a mesa".

Apesar das pressões internacionais, a Coreia do Norte tentou no domingo sem êxito lançar um novo míssil e teme-se que o país esteja se preparando para realizar um sexto teste nuclear.

Washington quer alcançar a desnuclearização do Norte "por meios pacíficos, mediante negociações, mas todas as opções estão sobre a mesa e seguimos ao lado do povo da Coreia do Sul", disse Pence em uma entrevista coletiva à imprensa em Seul, depois de visitar a tensa fronteira que separa o Norte e o Sul da Coreia.

"Nestas duas últimas semanas, o mundo foi testemunha da força e da determinação de nosso novo presidente durante operações realizadas na Síria e no Afeganistão", disse Pence em referência ao bombardeio americano contra uma base aérea do regime sírio e o lançamento de uma superbomba contra extremistas no Afeganistão.

"A Coreia do Norte faria melhor em não colocar à prova sua determinação, ou a potência das forças armadas dos Estados Unidos nesta região", acrescentou Pence junto ao primeiro-ministro e presidente sul-coreano em funções, Hwang Kyo-Ahn.

Trump, que na quinta-feira prometeu que o "problema" norte-coreano seria "tratado", havia anunciado anteriormente o envio à península coreana do porta-aviões Carl Vinson, escoltado por três navios lança-mísseis, e falou de uma "armada" de submarinos.

Trump advertiu que não permitirá que a Coreia do Norte desenvolva mísseis balísticos intercontinentais capazes de transportar ogivas nucleares até o oeste dos Estados Unidos.

O número dois do regime norte-coreano respondeu no sábado que seu país estava pronto para "responder a uma guerra total com uma guerra total" e "a qualquer ataque nuclear com um ataque nuclear a nossa maneira".

A Coreia do Norte afirma que precisa destas armas, inclusive nucleares, para se proteger da crescente ameaça de invasão por parte das forças americanas.

Zona militarizada

Mike Pence, que chegou no domingo à Coreia do Sul, viajou nesta segunda-feira à fronteira entre as duas Coreias.

Os Estados Unidos, que mobilizaram 28.500 soldados na Coreia do Sul, "aniquilarão qualquer ataque e oporão uma resposta esmagadora e eficaz ante qualquer utilização de armas convencionais ou nucleares", afirmou o vice-presidente, convocando a comunidade internacional a pressionar a Coreia do Norte.

"É animador ver a China se comprometer neste sentido", disse Pence. "Mas os Estados Unidos estão preocupados pelas represálias econômicas da China contra a Coreia do Sul depois que ela tomou medidas apropriadas para se defender", disse.

Trata-se de uma referência às medidas adotadas por Pequim em resposta ao escudo antimísseis americano THAAD na Coreia do Sul, cuja mobilização Washington e Seul querem acelerar.

A China, irritada pela instalação tão perto de seu território de um dispositivo americano, que considera uma ameaça contra seus interesses, levou ao fechamento de dezenas de lojas sul-coreanas na China. Para Seul, são medidas de represália contra a mobilização do THAAD.

Trata-se da primeira visita de Pence à Coreia do Sul, uma etapa de uma viagem pela região Ásia-Pacífico que inclui paradas em Japão, Indonésia e Austrália.