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Macron é eleito presidente da França com 66% dos votos e fala em unir o país

Le Pen vota - Gong Bing/Xinhua - Gong Bing/Xinhua
A candidata ultradireitista Marine Le Pen vota neste domingo
Imagem: Gong Bing/Xinhua

Do UOL, em Brasília

07/05/2017 15h20Atualizada em 08/05/2017 12h22

O social liberal Emmanuel Macron foi eleito novo presidente da França com 66,06% dos votos (20,7 milhões), informou na noite deste domingo (7) o Ministério do Interior francês. Sua adversária, a candidata de extrema direita Marine Le Pen, teve 33,94% dos votos dos franceses.

Macron governará o país pelos próximos cinco anos.

Antes mesmo do resultado final, Macron fez discursos em Paris pregando a união entre os franceses e afirmando que irá defender a Europa. "Vou proteger e defender a França, seus interesses, a sua mensagem. Vou proteger e defender a Europa, o nosso futuro comum, como escolheram os franceses", afirmou.

Macron também disse que irá fazer o possível para lutar contra o terrorismo dentro e fora da França.

Mais cedo, a candidata Marine Le Pen telefonou ao adversário e discursou reconhecendo a derrota bem antes do final da apuração.

Macron discursa - Lionel Bonaventure/Reuters - Lionel Bonaventure/Reuters
Em discurso da vitória, Macron falou em unir o país
Imagem: Lionel Bonaventure/Reuters

"Eu proponho uma transformação profunda de maneira a constituir uma força política. Eu convoco todos os patriotas a se juntarem a nós nesse combate político que começa essa noite", disse a candidata derrotada, que disse ainda que os franceses votaram "pela continuidade".

Ela disse que ligou para felicitar o candidato vencedor e agradeceu os votos que recebeu. Considerou ainda que seu partido, a Frente Nacional, conquistou um resultado histórico nas urnas.

O ex-ministro de Economia se torna, aos 39 anos, o presidente mais jovem da 5ª República.

Macron tem 90% em Paris; Le Pen vai melhor no Norte

Segundo o Ministério do Interior, o ex-ministro da Economia recebeu os votos de 20,7 milhões de eleitores, enquanto que a líder da Frente Nacional de 10,6 milhões.

Macron atingiu seus melhores resultados em Paris, com uma porcentagem próxima a 90%, e nos departamentos circundantes de Hauts-de-Seine e Val-de-Marne, nos quais em ambos os casos superou 80%.

Os que mais votaram na líder ultradireitista foram os eleitores de Aisne e de Pas-de-Calais, ambos no norte de França e com porcentagens superiores a 52%.

marine derrota - Pascal Rossignol/Reuters - Pascal Rossignol/Reuters
Marine Le Pen reconheceu derrota, mas fala em votação histórica do partido
Imagem: Pascal Rossignol/Reuters

Recorde de brancos e nulos

Quase 12% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais da França neste domingo foram nulos e brancos, segundo as primeiras projeções dos institutos de pesquisas após o fechamento das urnas, o que representa um recorde nos pleitos do país durante a 5ª República.

De acordo com o Instituto Ipsos, os votos brancos e nulos - que são contabilizados na participação, mas não no resultado - totalizaram 4,2 milhões de pessoas.

Os quase 12% registrados hoje ficam muito acima dos 5,82% do segundo turno das eleições presidenciais de 2012, quando o socialista François Hollande venceu o conservador Nicolas Sarkozy.

Segundo as projeções dos institutos de pesquisa, o nível de participação no segundo turno hoje foi o menor desde as eleições presidenciais de 1969, ficando entre 74% e 75%.
 

Como foi o segundo turno


O dia da eleição ocorreu em meio a fortes medidas de segurança, já que na França continua em vigor o estado de emergência decretado após os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris e Saint-Denis.

Cerca de 50 mil policiais e gendarmes, além de 7.000 militares foram designados como reforço de segurança durante as eleições.

Macron votou neste domingo na localidade de Le Touquet, no noroeste do país. Acompanhado de sua esposa Brigitte, ele deixou sua casa nessa localidade turística por volta das 10h45 (5h45) para dirigir-se à Câmara municipal, onde votou 15 minutos mais tarde.

Macron vota - Christophe Ena/AFP - Christophe Ena/AFP
Emmanuel Macron vota ao lado de sua mulher, Brigitte
Imagem: Christophe Ena/AFP

Centenas de pessoas rodearam o casal quando deixaram seu domicílio, na busca de um aperto de mãos ou de uma "selfie".

Após votar, o candidato cumprimentou aos vários moradores que tinham ido ao lugar, muitos mais do que os que se reuniram no mesmo local no primeiro turno.

Le Pen votou em seu reduto eleitoral de Hénin-Beaumont, no norte da França. Com aparência séria e diante de muitos jornalistas, Marine votou acompanhada do prefeito da cidade, Steeve Briois.

A candidata da extrema-direita cumprimentou os eleitores do colégio no qual depositou seu voto. Pouco depois de fazê-lo, rodeada de um grande grupo de guarda-costas, se dirigiu a seu carro e deixou o local.

Aos 48 anos, Marine se tornou a segunda mulher a passar para o segundo turno de uma eleição para a Presidência, depois da socialista Ségolène Royal em 2007.

Vazamentos

A reta final da campanha foi marcada pelo vazamento de e-mails de campanha do líder da disputa Emmanuel Macron. O país buscou impedir que o episódio influenciasse o resultado da eleição, com um alerta de que a republicação das informações poderia ser uma infração criminal.

A equipe de Macron disse que uma invasão "maciça" havia baixado e-mails, documentos e informações de financiamento de campanhas online antes da campanha ter terminado na sexta-feira e a França entrou em um período de silêncio que proíbe os políticos de comentar sobre o vazamento.

"Às vésperas das eleições mais importantes para as nossas instituições, a comissão convida todos os presentes nos sites da internet e nas redes sociais, principalmente os meios de comunicação, mas também todos os cidadãos, a mostrar responsabilidade e não transmitir esse conteúdo, para não distorcer a sinceridade da votação", disse a comissão eleitoral francesa em um comunicado.

O vazamento de dados surgiu em meio a pesquisas indicando que Macron estava a caminho de uma confortável vitória sobre Le Pen, com os últimos levantamentos mostrando seu aumento de liderança.

"Nós sabíamos que esse tipo de risco estaria presente durante a campanha presidencial, porque aconteceu em outros lugares. Nada será deixado sem uma resposta", disse o presidente francês François Hollande à agência de notícias francesa AFP. (Com agências internacionais)