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Filho de refugiados norte-coreanos declara vitória em eleição presidencial da Coreia do Sul

Moon Jae-in (esq.), do Partido Democrático, tira foto com simpatizantes depois de votar na eleição presidencial, em Seul - Park Young-tae/Newsis via AP
Moon Jae-in (esq.), do Partido Democrático, tira foto com simpatizantes depois de votar na eleição presidencial, em Seul Imagem: Park Young-tae/Newsis via AP

Do UOL, em São Paulo

09/05/2017 08h40

O político liberal Moon Jae-In declarou vitória na eleição presidencial da Coreia do Sul nesta terça-feira (9) e colocou fim à quase uma década de governo conservador em Seul.

Veterano da luta pelos direitos humanos, Moon é favorável a uma aproximação com a Coreia do Norte e era o grande favorito a vencer as eleições.

Em entrevista para a televisão local disse que a sua eleição representa a vontade do povo por “mudanças”. “É uma vitória fruto do desesperado desejo do povo por uma mudança no governo. Faremos todo o possível para ajudar a concretizar essa aspiração, a qual acredito que tenha sido o principal motivo do nosso triunfo”, afirmou.

Moon, grande favorito nas pesquisas e candidato do Partido Democrático, de centro-esquerda, obteve 40,2% dos votos, de acordo com a comissão nacional eleitoral.

O conservador Hong Joon-Pyo ficou muito atrás, com 23,3% dos votos, seguido pelo centrista Ahn Cheol-Soo (21,8%).

O futuro presidente terá muito o que fazer, como combater a desaceleração do crescimento, as desigualdades, a alta do desemprego e o estancamento dos salários.

Mas o próximo ocupante da "Casa Azul", a residência oficial da presidência, terá como principal desafio a ameaça da vizinha Coreia do Norte.

Em um momento em que alguns temem um sexto teste nuclear de Pyongyang, a tensão cresce devido ao caráter imprevisível do novo presidente americano, Donald Trump, que ameaça resolver a questão pela força.

A instalação de um escudo antimísseis americano na Coreia do Sul para enfrentar a ameaça norte-coreana provocou irritação na China, e Trump deixou seus aliados perplexos ao pedir a Seul que pague uma fatura de 1 bilhão de dólares pelo dispositivo.

Rompendo com a linha dura em relação a Pyongyang defendida por Park, Moon deverá - em caso de vitória - propor uma aproximação menos conflitiva com a Coreia do Norte e uma emancipação da tutela americana.

Escândalo

Os sul-coreanos comparecem às urnas nesta terça-feira (9) para escolher um novo presidente, em uma eleição marcada pelo escândalo de corrupção que terminou com a destituição da presidente Park Geun-Hye e pelas tensões com a Coreia do Norte.

No epicentro da crise está a relação da presidente destituída com Choi Soon-sil, sua grande amiga e que é chamada pela imprensa de "Rasputina" pelas acusações de que se aproveitou de suas relações para obter dezenas de milhões de dólares das grandes empresas sul-coreanas.

Este gigantesco escândalo de corrupção, que atingiu inclusive a Samsung, catalisou as frustrações da população a respeito das desigualdades, da economia e do desemprego.

A crise obrigou todos os candidatos a prometer reformas para uma integridade maior no país.