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Com Trump, Netanyahu diz acreditar em paz no Oriente Médio "pela 1ª vez na vida"

22.mai.2017 - Netanyahu aplaude o discurso de Trump em Jerusalém - AP Photo/Ariel Schalit
22.mai.2017 - Netanyahu aplaude o discurso de Trump em Jerusalém Imagem: AP Photo/Ariel Schalit

Do UOL, em São Paulo

22/05/2017 15h15

O presidente norte-americano, Donald Trump, fechou o seu primeiro dia em Israel ganhando elogios do premiê Benjamin Netanyahu, que creditou ao republicano a esperança de encerrar os conflitos que afligem o Oriente Médio. Ambos falaram à imprensa antes e depois de uma reunião no hotel King David, em Jerusalém.

Em seu discurso, Netanyahu sorriu e disse estar "absolutamente encantado" em receber o presidente norte-americano e a primeira-dama Melania. "Nos conhecemos há muito tempo e é ótimo vê-lo", disse o premiê, que também agradeceu Trump por seu "comprometimento profundo com a segurança de Israel" e elogiou a "mudança em relação à política do Irã" da nova gestão da Casa Branca, mais rígida contra os iranianos do que o governo de Barack Obama.

"Estou ansioso para, com você, alcançar paz em nossa região, porque você notou que perigos em comum estão transformando em aliados antigos inimigos", disse, em alusão a uma frase anterior de Trump dizendo que a Arábia Saudita e outros países muçulmanos, antes hostis à Israel, agora se aproximam do governo de Netanyahu por causa da oposição comum ao Irã.

"E é nisso que vemos algo novo e potencialmente promissor. Não será simples, mas pela primeira vez em minha vida, vejo uma esperança real por mudança", completou o premiê israelense.

"Quero que saiba que agradecemos sua decisão corajosa de agir contra o uso de armas químicas na Síria. Acredito que juntos possamos impedir a marcha agressiva do Irã nessa região e confrontar sua ambição de virar um país com armas nucleares", afirmou.

Inimigo em comum

Em sua primeira viagem ao exterior, Donald Trump tem colocado o governo do Irã --antagonista histórico de Israel, EUA e da Arábia Saudita, além de outros países muçulmanos sunitas-- como responsável pelos conflitos no Oriente Médio.

Trump iniciou a viagem na Arábia Saudita, aliado americano, onde discursou para líderes de países sunitas. Em Riad, Trump disse que o Irã "por décadas alimentou o fogo do conflito sectário e do terrorismo". "É um governo que fala abertamente de assassinatos em massa, prometendo a destruição de Israel, a morte dos Estados Unidos e a ruína de muitos líderes e nações presentes neste salão", afirmou Trump no domingo (21

Na ocasião, o presidente também culpou o governo do Irã por "tudo que está acontecendo na Síria". No conflito sírio, EUA, Arábia Saudita e outros países muçulmanos de maioria sunita combatem o regime xiita de Bashar al-Assad, que é apoiado por Irã e Rússia. No Iêmen, xiitas do Irã e sunitas da Arábia Saudita e outros países --com apoio dos Estados Unidos-- também estão em lados opostos.

Já em Jerusalém, Trump fez vários discursos contra o governo iraniano. Trump atacou o acordo nuclear negociado pela gestão Barack Obama, em conjunto com França, Alemanha e outras potências, apesar de seu governo ter mantido o pacto de 2015 na semana passada, impondo novas sanções. Trump é um crítico antigo do acordo, que também sempre foi atacado por Netanyahu.

"O Irã precisa ser grato aos EUA porque negociou um acordo fantástico com a administração prévia [governo Obama]. Algumas pessoas não entendem nem como ele foi pensado, é inacreditável. Eles têm que agradecer, porque senão estariam em apuros. Demos prosperidade a eles", afirmou Trump.

"Não importa onde a gente vá no Oriente Médio, vemos os sinais do Irã, seja arma ou dinheiro, na Síria, no Iêmen, no Iraque. Foi terrível para os Estados Unidos entrar naquele acordo."

Trump fechou o discurso antes da reunião com o Netanyahu dizendo que o "Irã nunca terá uma arma nuclear", e em seguida cumprimentou o premiê.

Segundo os termos do pacto de 2015, o governo de Obama aceitou aliviar as sanções contra o Irã em troca de rígidos controles de seu programa nuclear. O acordo prevê um controle internacional de caráter puramente civil e pacífico. Até mesmo os detratores do acordo - como os caciques republicanos conservadores, altos funcionários israelenses e países árabes - admitem que o Irã tem respeitado seus compromissos.

Irã rebate Trump

Hassan Rouhani, presidente reeleito do Irã, disse nesta segunda que Teerã irá continuar com seu programa de mísseis balísticos, segundo noticiou a televisão estatal, adotando um tom desafiador após as fortes críticas de Trump.

"A nação iraniana decidiu ser poderosa. Nossos mísseis são para a paz e para a defesa... as autoridades americanas deveriam saber que, quando precisarmos testar um míssil tecnicamente, nós o faremos e não iremos esperar sua permissão", disse Rouhani em uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo pela TV estatal.