Topo

Jovem teve 80% do corpo queimado em protesto, diz MP da Venezuela

22.mai.2017 - Manifestantes anti-governo participam de protesto em Caracas, na Venezuela - Fernando Llano/AP
22.mai.2017 - Manifestantes anti-governo participam de protesto em Caracas, na Venezuela Imagem: Fernando Llano/AP

Do UOL, em São Paulo

22/05/2017 18h54

O Ministério Público (MP) venezuelano informou nesta segunda-feira (22) que um jovem de 22 anos de idade foi queimado vivo durante uma manifestação da oposição.

O ataque ocorreu no sábado, em Chacao, no leste de Caracas, e a vítima, Orlando José Figuera, encontra-se hospitalizado com seis ferimentos por arma branca e queimaduras de primeiro e segundo grau em 80% do corpo.

O ministro da Informação da Venezuela, Ernesto Villegas, publicou no Twitter um vídeo que mostra o incidente com Figuera: "A crescente insanidade. Um ser humano é incendiado numa 'manifestação pacífica'."

O MP anunciou a abertura de uma investigação para averiguar o ataque. Segundo a imprensa local, um grupo de manifestantes identificou o rapaz como um suposto ladrão.

Já o governo de Nicolás Maduro responsabilizou a oposição, indicando que a vítima foi agredida depois de acusações de ser "chavista", sendo espancada, esfaqueada e queimada "como fazem os terroristas do Estado Islâmico (EI)".

"Nunca tínhamos visto por aqui uma pessoa ser incendiada como fazem terroristas do Estado Islâmico", denunciou Maduro em seu programa de TV semanal, em que convocou uma marcha pela paz para a terça-feira.

"Essa pessoa foi agredida, apunhalada e quase a lincharam porque alguém gritou que ele era chavista, ou porque outro gritou que estava sendo roubado", disse, inflamado.

O presidente venezuelano culpou os "líderes de grupos de mercenários" pela violência, afirmando que vários deles já estavam na prisão.

Maduro também reiterou suas alegações de que o presidente dos EUA, Donald Trump, estaria por trás dos problemas do país. Segundo ele, Trump teria suas mãos "profundamente dentro desta conspiração que visa tomar o controle política da Venezuela".

49ª morte

Nesta segunda-feira, um jovem de 19 anos morreu no Estado de Barinas, no oeste da Venezuela, após ser atingido por um tiro durante uma manifestação, aumentando para 49 o número total de mortes nos protestos no país.

Em um comunicado, o MP venezuelano indica que designou a procuradora estadual, Obdulia Díaz, "para investigar a morte de Yorman Alí Bervecia Cabeza, ocorrida nesta segunda-feira, 22 de maio, durante uma manifestação nas adjacências da urbanização José Antonio Páez dessa cidade".

Após ser ferido, Bervecia Cabeza foi transferido a um centro de saúde próximo onde, segundo a procuradoria, "ingressou sem sinais vitais".

O monitor não governamental Foro Penal registra que, desde que os protestos começaram, em 1º de abril, centenas de pessoas sofreram ferimentos e cerca de 2.200 foram detidas, das quais 161 estão presos sob ordens de tribunais militares.

Sete de cada dez venezuelanos rejeitam a liderança de Maduro, de acordo com pesquisas de institutos privados, em meio à devastação econômica generalizada agravada pela queda dos preços do petróleo em 2014, principal fonte de receita da Venezuela.