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Justiça suspende 8º encontro de prisioneiro americano com a morte

Tommy Arthur, apelidado de "Houdini do corredor da morte", foi condenado à morte por assassinato - Alabama Department of Corrections via AP
Tommy Arthur, apelidado de "Houdini do corredor da morte", foi condenado à morte por assassinato Imagem: Alabama Department of Corrections via AP

Em Washington

25/05/2017 21h04

Um condenado por assassinato no Alabama, no sul dos Estados Unidos, pode ter escapado pela oitava vez da execução nesta quinta-feira (25) depois que um juiz decretou a suspensão temporária da aplicação da pena de morte. Se até a meia-noite desta quinta (no horário local, 2h da madrugada de sexta-feira em Brasília) a decisão não for revertida, Tommy Arthur, 75, não poderá mais ser executado, e o sistema penal terá de marcar, pela nona vez, uma data para a execução. 

Nas vezes anteriores em que esteve a ponto de ser executado, Arthur convidou sua família para o corredor da morte para lhe dizer adeus. Mas em cada ocasião a execução foi postergada, evitando a injeção letal. Na sétima vez já não quis convidar seus familiares: era muito doloroso.

Conhecido como "o Houdini da morte", Arthur deveria ser amarrado a uma maca na câmara de execução às 20h (horário de Brasília), no que deveria ter sido seu oitavo e o último encontro com o sistema de pena capital do Estado do Alabama.

Mas meia hora antes, veio a decisão judicial. 

Arthur foi sentenciado à morte pela primeira vez em 1983 por um assassinato que ele assegura não ter cometido. Desde então, 58 presos já foram executados no Alabama, enquanto ele tem conseguido evitar a sua. Na última vez, em novembro de 2016, conseguiu uma suspensão da execução minutos antes de ser preso na maca para receber a injeção letal.

Seu caso tem sido criticado tanto pelos que apoiam a pena de morte como pelos que se opõem. Estes últimos veem o que aconteceu como uma forma de tortura psicológica, enquanto os partidários da pena de morte acreditam que Arthur e seus advogados têm brincado com o sistema legal para burlar a Justiça.

Arthur foi declarado culpado de conspirar com sua então amante, Judy Wicker, para assassinar seu marido Troy, de modo que ela pudesse receber o seu seguro de vida. Judy foi acusada de pagar US$ 10 mil a Arthur pelo crime.

Ele já havia cumprido cinco anos de prisão pelo assassinato, em 1977, de sua meia-irmã, e desde estão gozava do benefício da liberdade condicional. Declarou ser culpado pelo primeiro assassinato, embora afirme que foi um acidente que atribui ao fato de estar bêbado no momento. Mas sempre negou o homicídio de Wicker.

A sobrinha de Troy Wicker declarou à imprensa do Alabama que a execução significará para a família um fim definitivo após décadas de dor: "espero que não voltem a suspender esta execução", expressou ela -- antes, porém, da nova suspensão.

Seus advogados exigem que as evidências recolhidas na cena do crime sejam submetidas a testes forenses modernos e também questionam a droga que lhe injetariam, pois a mesma demorou 13 minutos para fazer efeito em um prisioneiro em dezembro.

Também solicitaram que as testemunhas da execução fossem autorizadas a usar seus telefones celulares, pedido que foi rejeitado por um tribunal de apelações. Mas os advogados deram entrada em um apelo de última hora no Supremo Tribunal.