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Refugiado sírio é o primeiro identificado entre os mortos em incêndio em Londres

Mohammed Al Haj Ali, primeira vítima identificada em incêndio em Londres - Reprodução/Facebook Syria Solidarity Campaign
Mohammed Al Haj Ali, primeira vítima identificada em incêndio em Londres Imagem: Reprodução/Facebook Syria Solidarity Campaign

Do UOL, em São Paulo

15/06/2017 16h33

Corpos de seis dos 17 mortos no incêndio ocorrido na última quarta-feira em um prédio residencial na capital do Reino Unido foram identificados nesta quinta-feira (15), informou o comandante da Polícia Metropolitana de Londres (Met), Stuart Cundy. O nome da primeira vítima foi divulgado por uma entidade de apoio a refugiados: é o estudante de engenharia Mohammed Al Haj Ali, de 23 anos.

"Existe o risco de, infelizmente, não conseguirmos identificar todos", afirmou Cundy. O número de desaparecidos até agora não foi divulgado, o que indica que a estimativa de mortos seja bem maior. Trinta e sete pessoas continuam hospitalizadas, 17 delas em estado grave, e já não se espera encontrar sobreviventes. O fogo destruiu a Greenfell Tower, um prédio de 120 apartamentos e 24 andares que ficava no oeste da capital britânica e no qual moravam entre 400 e 600 pessoas. 

Em nota, a Campanha de Solidariedade Síria, uma entidade de apoio a refugiados, afirmou que Mohammed estava em um apartamento no 14º andar quando o incêndio começou. Ele vivia no local com seu irmão, Omar, e a dupla se perdeu nas escadas durante a tentativa de fuga. Omar foi resgatado pelas equipes, mas Mohammed voltou para o seu apartamento e tentou telefonar para parentes na Síria.

Ele teria ficado no telefone por duas horas com um amigo na Síria, esperando pelo resgate. "Ele estava tentando falar com seus parentes, mas não conseguiu contato por conta da situação na Síria. Ele não via sua família havia quatro anos", disse a organização. "Quando o fogo atingiu seu apartamento, ele se despediu de seu amigo no telefone e pediu que o colega passasse sua mensagem de despedida a sua família."

O estudante chegou ao Reino Unido depois de fugir de sua casa em Daraa, na Síria, tendo cruzado o Mediterrâneo a partir da Turquia. Uma petição online tenta conseguir apoio para que os pais de Mohammed consigam entrar em território britânico para o funeral do filho.

Os corpos de seis vítimas encontradas no lado de fora da torre foram identificados, informou ainda a polícia local, enquanto os corpos de outras 11 pessoas continuam no interior do prédio.

Grande incêndio em prédio residencial de Londres

UOL Notícias

Prédio ainda é inseguro para resgates

A comandante dos bombeiros de Londres, Dany Cotton, disse que há partes do prédio que não são seguras e que levará tempo para inspecionar todos os andares.  "Há um número desconhecido de pessoas dentro do prédio, mas seria um milagre que estivesse alguém vivo", explicou à Sky News.

As causas do incêndio, que teve início na noite de terça-feira, são desconhecidas, mas os moradores já criticavam a má gestão da empresa que administrava o prédio. "Quase 90% dos residentes assinaram no fim de 2015 uma petição que reclamava da má gestão da empresa responsável pela manutenção do edifício", disse David Collins, presidente da associação de moradores da torre até outubro do ano passado.

De acordo com documentos divulgados na internet, alguns moradores reclamaram em várias ocasiões nos últimos anos do estado do edifício e dos possíveis riscos de incêndio. "Ninguém quis levar em consideração nossas advertências, uma catástrofe como esta era inevitável", publicou em seu blog o Grupo de Ação de Grenfgell após a tragédia.

O organismo público KCTMO (Kensington & Chelsea Tennant Management Organisation), que administra o prédio, reconheceu em um comunicado "estar ciente das preocupações de longa data dos moradores". "É cedo para especular as causas do incêndio", acrescenta.