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Jovem acusada de incentivar suicídio do namorado é condenada e pode ficar 20 anos presa

Michelle Carter chora ao ser condenada por incentivar o suicídio do ex-namorado - Glenn C.Silva/Fairhaven Neighborhood News, Pool
Michelle Carter chora ao ser condenada por incentivar o suicídio do ex-namorado Imagem: Glenn C.Silva/Fairhaven Neighborhood News, Pool

Colaboração para o UOL

16/06/2017 13h59

Uma jovem que enviou mensagens de texto encorajando outro adolescente a cometer suicídio foi condenada por homicídio involuntário nesta sexta-feira em Tauton, Estado de Massachussets (EUA).

Para o juiz Lawrence Moniz, do Tribunal Juvenil do Condado de Bristol, no sudeste do Massachusetts, a conduta da ré, Michelle Carter, em direção a Conrad Roy III não foi apenas imoral, mas ilegal. Ela agora pode passar os próximos 20 anos na prisão.

Carter tinha 17 anos em julho de 2014 quando encorajou Roy, de 18, à época seu namorado, a se matar. No dia 12 daquele mês, enquanto ela estava a quilômetros de distância, ele dirigiu sozinho para um estacionamento e conectou uma bomba de água que emitia monóxido de carbono na cabine de seu caminhão. De acordo com os promotores, quando ele deixou o veículo para minimizar a intoxicação, Carter ordenou por telefone que ele entrasse novamente. O jovem foi encontrado morto no dia seguinte.

Michelle - (Peter Pereira/The New Bedford Standard Times/AP - (Peter Pereira/The New Bedford Standard Times/AP
Imagem: (Peter Pereira/The New Bedford Standard Times/AP

Para o juiz, Carter, mesmo sabendo que Roy estava em seu caminhão e em um ambiente tóxico, não tomou nenhuma ação. "Ela admite em textos subsequentes que não fez nada, ela não chamou a polícia ou a família do Sr. Roy. E mais: ela não emitiu uma simples instrução adicional, como ‘saia do caminhão’”, comentou Moniz.

Como resultado, acrescenta o magistrado, as ações de Carter e sua falta de atuação constituíam uma conduta despreocupada e imprudente. A ré chorava muito quando ouviu de Moniz a sentença: "Este tribunal, depois de ter analisado as provas, a considera culpada sobre a acusação de homicídio involuntário".

Nos bancos da frente do tribunal, as famílias dos dois jovens se mostravam muito emocionadas. A mãe de Roy, Lynn, saiu do tribunal com um lenço na mão e um sorriso discreto, enquanto a mãe de Carter balançava a cabeça sem parar, visivelmente nervosa com o veredicto.

A decisão do juiz surpreendeu muitos especialistas em lei, que disseram que, apesar da insensibilidade da conduta de Carter, o caso apresentou um duro desafio para os promotores, já que Massachusetts, ao contrário de dezenas de outros Estados americanos, não tem lei contra o suicídio encorajado.

Além disso, Carter não estava na cena, e o suicídio geralmente é considerado um resultado do livre arbítrio de uma pessoa. Para garantir uma convicção de homicídio involuntário, os promotores precisaram mostrar que as palavras de Carter sozinhas, digitadas em milhares de mensagens de texto para Roy, eram imprudentes e, essencialmente, o levaram à morte. Espera-se que Carter receba a sua sentença final no dia 3 de agosto.