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Maduro diz que consulta da oposição foi só "ensaio" para eleição de Constituinte

16.jul.2017 - Oposicionista carrega criança pintada com as cores da Venezuela durante plebiscito, em Caracas - Christian Veron/Reuters
16.jul.2017 - Oposicionista carrega criança pintada com as cores da Venezuela durante plebiscito, em Caracas Imagem: Christian Veron/Reuters

Do UOL, em São Paulo

16/07/2017 19h32

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, parabenizou a população pela alta participação neste domingo (16) no plebiscito organizado pela oposição contra a Assembleia Constituinte promovida por seu governo, mas disse que a consulta é apenas "um ensaio", "um aquecimento para o que serão as eleições da Assembleia Nacional Constituinte. 

"A batalha verdadeira é o domingo dia 30 de julho, quando haverá uma festa do poder constituinte", afirmou o presidente. 

“Faço um chamado à direita para chegarmos a uma convivência de harmonia, que deixem de ameaçar com violência, e lhes faço um chamado para que nos sentemos para conversar em um novo ciclo de diálogo pela paz e pela independência de nossa pátria, que com a Constituinte sim, será possível."

O plebiscito simbólico convocado pela oposição atraiu milhares de pessoas às ruas, na Venezuela e no exterior, que quiseram manifestar seu desacordo com as políticas do governo Maduro.

Em um incidente em investigação, um grupo armado disparou contra um dos locais de votação no bairro de Catia, em Caracas. Uma pessoa morreu e três ficaram feridas.

"Sem consequência"

O poder eleitoral da Venezuela pediu à liderança opositora que evite criar "falsas expectativas" com o plebiscito simbólico deste domingo.

"É uma atividade política que não tem consequência jurídica. O importante aqui é que não se criem falsas expectativas, tampouco se gere nenhuma tentativa de violência", expressou a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, em entrevista coletiva.

Sem o aval do CNE, que acusa de servir a Maduro, a oposição convocou a consulta com a meta de mostrar um repúdio majoritário à Constituinte, que, segundo pesquisas privadas, é rejeitada por sete em cada 10 venezuelanos.

"Eles podem perguntar o que quiserem, porque é um exercício político. O que não se pode é confundir, fazendo pensar que isso possa ter algum valor jurídico", assinalou Tibisay.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) afirma que o plebliscito será o marco zero de uma escalada em seus protestos contra Maduro a fim de bloquear a Constituinte, cujas eleições estão marcadas para o próximo dia 30.

O CNE organizou, paralelamente ao plebiscito opositor, uma simulação do processo para escolher os 545 constituintes, do qual a oposição se negou a participar, por considerá-lo "uma fraude" do presidente socialista para instaurar "uma ditadura".

Tibisay expressou que estão sendo testados o mecanismo eleitoral e as medidas de segurança propostas para "realizar o exercício do voto sem riscos", ante os chamados dos adversários de Maduro para se bloquear o processo.

A funcionária ratificou que haverá "sanções de acordo com a lei" para quem tentar bloqueá-lo.

Maduro afirma que a Constituinte é "o único caminho para a paz", em meio à grave crise política e econômica no país sul-americano. (Com agências internacionais)