EUA ordenam retirada de famílias de funcionários da embaixada em Caracas
O Departamento de Estado ordenou a retirada de familiares de diplomatas e funcionários da embaixada dos EUA em Caracas. O anúncio foi feito na quinta-feira (27), dias antes da votação para a Assembleia Constituinte, programada para domingo, e em meio aos protestos da oposição.
A nota do Departamento de Estado também autoriza a partida voluntária de funcionários americanos da embaixada. O documento ainda emite um alerta contra a viagem de cidadãos americanos para a Venezuela, citando a "agitação social, os crimes violentos e a escassez generalizada de alimentos e medicamentos".
Viagens entre cidades dentro o país durante a noite também são "fortemente desencorajadas" e, segundo a nota, "em alguns casos podem ser proibidas".
"Forças de Segurança prendem indivíduos, incluindo cidadãos americanos, e os detêm por longos períodos com pouca ou nenhuma evidência de crime. A embaixada dos EIA pode não ser notificada sobre a detenção de um cidadão americano e o acesso consular aos detidos tem sido negado ou adiado", diz a nota. "O cidadão detido pode não ter acesso a atendimentos médicos adequados, água potável e alimentos", ressalta o documento.
Na quarta-feira, os EUA anunciaram sanções contra 13 funcionários e ex-funcionários do governo da Venezuela por questões como corrupção, repressão de protestos da oposição e apoio ao projeto de Assembleia Constituinte defendido por Maduro.
Entre os funcionários afetados pelas sanções, estão os ministros da Educação, Elías Jaua, e do Interior, Néstor Reverol, a chefe do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, o diretor-geral da Polícia Nacional Bolivariana, Carlos Pérez Ampueda, e o chefe do Exército, Jesús Suárez. Também foram incluídos funcionários e ex-funcionários da estatal petroleira da Venezuela, a PDVSA.
Segundo Washington, os 13 foram divididos em três grupos, de acordo com a justificativa para sua inclusão: o primeiro envolve pessoas que se mobilizaram em apoio à convocação da Assembleia Constituinte e contra a democracia e direitos humanos no país; o segundo, responsáveis por "violência e repressão" nos protestos; e o terceiro, pessoas "fortemente associadas" à corrupção.
Expectativa de protestos e violência
O governo da Venezuela anunciou nesta quinta-feira a proibição a partir desta sexta-feira de todas as manifestações públicas que possam atrapalhar a realização da eleição dos representantes da Assembleia Nacional Constituinte. "Quem organizar, apoiar ou instigar a realização de atividades dirigidas a perturbar a organização e o funcionamento do serviço eleitoral ou da vida social do país será punido com prisão de cinco a dez anos", completou o ministro do Interior, Néstor Reverol, num discurso transmitido em rede nacional de televisão.
A proibição entra em vigor no mesmo dia em que a Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal aliança de oposição ao governo, convocou uma mobilização batizada como "tomada de Caracas". O ato visa pressionar o presidente do país, Nicolás Maduro, para a retirada a proposta de Constituinte. Reverol anunciou ainda que Forças Armadas venezuelanas vão ativar várias zonas de proteção especial temporária. Os militares ficarão nesses locais até a próxima terça-feira.
Há quatro meses, a Venezuela enfrenta uma onda de protestos e indignação, em meio a uma profunda crise política e econômica. A principal exigência dos opositores é a revogação da votação da Assembleia Constituinte defendida por Maduro, marcada para o próximo domingo, 30 de julho. A medida é encarada pela oposição como uma tentativa do governo de "consolidar uma ditadura" na Venezuela.
Caracas vive também sob pressão internacional para cancelar a votação, que deve eleger os membros da assembleia que vão redefinir a constituição da Venezuela de 1999. Ecoada por países como Argentina, Brasil e Alemanha, essa pressão só aumentou depois que 7,1 milhões de cidadãos rejeitaram o projeto de Constituinte numa consulta simbólica organizada pela oposição em 17 de julho passado. (Com agências internacionais)
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