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Todos os direitos políticos estão em perigo na Venezuela, diz procuradora-geral do país

Ariana Cubillos/AP
Imagem: Ariana Cubillos/AP

Do UOL, em São Paulo

31/07/2017 16h04Atualizada em 31/07/2017 16h11

A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, disse nesta segunda-feira (31) que a Assembleia Constituinte eleita no domingo no projeto impulsionado pelo presidente Nicolás Maduro é ilegítima e que o país está diante de uma ambição ditatorial. "Todos os direitos políticos estão em perigo", afirmou Ortega, dissidente do chavismo e voz crítica ao governo de Maduro nos últimos meses.

"Agora vemos um poder absoluto nas mãos de uma minoria", disse Ortega em sua declaração no Ministério Público venezuelano. "Querem se manter no governo e no poder, e isso é uma zombaria ao povo e sua soberania", ressaltou. "Tudo o que é relativo à organização do Estado deve ser legítimo, e esta Assembleia Constituinte não é legítima", disse Ortega, afirmando que desconhece a origem, o processo e o resultado da votação de domingo. "Querem governar sem controle do poder moral".

"Este não é o projeto de país proposto por Hugo Chávez", afirmou.

"Querem controlar o país da forma como bem entendem e o pior é que estamos diante de crimes de lesa humanidade", disse Ortega. A procuradora afirmou que pelo menos 25% das mortes em incidentes violentos são de responsabilidade de forças de segurança, enquanto civis armados são responsáveis por outros 40% das mortes violentas --o governo é apoiado por milícias. Segundo ela, nos quatro meses de protestos, 121 pessoas foram mortas e 1.958 ficaram feridas.

Ortega destacou em seu discurso que funcionários públicos foram obrigados a votar. Ela disse ainda que avalia levará suas provas para organismos internacionais e garantiu que não vai abandonar o cargo de procuradora-geral. "Sigo à frente deste Ministério Público", ressaltou. "Vamos seguir investigando casos de corrupção, violação de direitos humanos e o que deve ser investigado". 

Antes aliada do chavismo, Ortega se transformou em uma das vozes mais críticas ao governo de Maduro, a quem acusou de praticar "terrorismo de Estado" e de transformar a Venezuela em um "Estado policial". 

"Não vão roubar a esperança, a força, a dignidade, a coragem e o valor dos venezuelanos", concluiu.