Polícia do Rio tenta identificar suspeitos de agressão contra refugiado sírio
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou nesta sexta-feira (4) que está analisando imagens de câmeras na tentativa de identificar os suspeitos envolvidos no caso de preconceito e agressão contra o refugiado Mohamed Ali, na quinta (3), em Copacabana, zona sul carioca.
De acordo com o delegado Gabriel Ferrando, não houve registro de ocorrência. A própria vítima tinha afirmado, na quinta, que não iria à polícia para dar queixa dos agressores. Mesmo assim, o setor de investigação da 12ª DP (Copacabana) começou a busca pelos suspeitos.
Ali foi abordado pelos agressores enquanto vendia esfihas na esquina entre a rua Santa Clara e a avenida Nossa Senhora de Copacabana. A cena, gravada em vídeo por testemunhas que passavam pelo local, gerou grande repercussão nas redes sociais.
As imagens mostram um homem armado com dois pedaços de madeira atacando verbalmente o sírio. A discussão teria começado por causa do ponto de venda. O agressor grita: "Saia do meu país!". "Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis", diz o homem. "Vamos expulsar ele!".
O refugiado afirmou que está no Brasil há três anos. "Vim pro Brasil porque abriram as portas para todos os refugiados. Todos os meus amigos estão trabalhando. Estamos trabalhando arduamente. Estou muito sentido porque nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo", disse o comerciante.
Nesta sexta, Ali agradeceu o apoio que tem recebido de brasileiros e estrangeiros após o episódio de violência. Ele afirmou que "não está com medo" porque se sente parte de uma "grande família".
"Agora eu sinto [que] estou vivendo em família, uma grande família. Quando perdemos o rumo, de repente você acha milhões de pessoas te dando a mão. Isso é uma coisa que enche meu coração de amor por todos", declarou ele, em publicação feita em português em sua página no Facebook.
"Sei que os brasileiros são muito amáveis, mas nunca poderia imaginar o quanto", completou Ali. "Quando a chuva cai, você não deve ficar totalmente temeroso porque a chuva faz com que as flores cresçam. Eu espero paz para viver."
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