Polícia recua e afirma que suspeito de atropelamento em Barcelona está foragido
Enquanto a investigação policial sobre os ataques na Catalunha avançam, a policia recuou em sua afirmação inicial de que os quatro suspeitos pelos ataques em Barcelona e Cambrils estariam mortos, e afirmou que o suspeito de realizar o atropelamento em massa que deixou 14 mortos está entre os três foragidos buscados pela polícia. Autoridades agora suspeitam que Younes Abouyaaqoub, que está desaparecido, dirigia a van durante o massacre, e não Moussa Oukabir, suspeito inicial.
As informações foram confirmadas pelo chefe da polícia catalã, major Josep Lluís Trapero. Ele confirmou que Oukabir, 17, Said Aalla, 18, e Mohamed Hychami, 24, morreram na ação da polícia após o ataque em Cambrils --cinco terroristas morreram no balneário horas após o ataque de Barcelona. Os outros dois suspeitos mortos foram identificados, mas suas identidades não foram reveladas para a imprensa. Todos eram de origem marroquina e moradores de Ripoll, no norte da região.
Trapero também afirmou que a célula terrorista tinha 12 pessoas: os cinco mortos, os quatro presos e os três desaparecidos. Entre os detidos está Driss Oukabir, 28 anos e irmão de Moussa, a quem acusa de ter roubado seus documentos para alugar um furgão usado na fuga depois do ataque.
De acordo com o major, a investigação aponta que a casa de Alcanar estava sendo usada para preparar atentados ainda maiores. "Eles alugaram três furgões nos dias anteriores [aos ataques], e isso nos permite deduzir que tinham três cenários para atentar", acrescentou.
Uma das vans é a das Ramblas, e uma segunda foi encontrada em Vic, 70 quilômetros ao norte da capital catalã. Nesta sexta-feira, a Espanha alertou a França de que um terceiro furgão, um Renault Kangoo, pode ter cruzado a fronteira entre os dois países. Esse veículo teria sido alugado na tarde de quinta (17), por Hychami e Aboyaaqoub.
Nos escombros da residência de Alcanar, que seria a base da célula terrorista, foram encontrados cilindros de gás propano e butano, supostamente comprados para a fabricação de bombas caseiras. Como a casa acabou explodindo na noite da última quarta-feira (16), o grupo teria decidido acelerar seus planos.
O atentado em Barcelona deixou 14 mortos e mais de 100 feridos. Autoridades confirmam que 61 feridos permanecem internados, 17 deles em estado crítico e 25 em estado grave.
Horas após o atentado com a van no principal calçadão de Barcelona, a polícia baleou e matou cinco pessoas no resort catalão de Cambrils, a 120 quilômetros de Barcelona, depois que estes lançaram seu carro contra pedestres e policiais. Os cinco agressores tinham um machado e facas no carro e vestiam coletes explosivos falsos, informou a polícia.
Estado Islâmico
Entre os 113 detidos na Espanha entre 2013 e 2016 por atividades relacionadas com o grupo autodenominado Estado Islâmico (EI), mais de 27% viviam em Barcelona, 30% em território catalão, de acordo com um relatório divulgado pelo Real Instituto Elcano, um dos principais centros de estudos estratégicos do país.
O perfil dos detidos na Espanha vinculados ao EI, ainda conforme o relatório do Real Instituto Elcano, mostra que 45,3% deles são espanhóis, 41,1%, marroquinos e 13,6%, de outras nacionalidades.
"São antes de tudo homens jovens, casados e com filhos, tanto os espanhóis quanto os marroquinos, em sua maioria com ensino médio e com uma taxa de desemprego semelhante ao do conjunto da população espanhola. Não é incomum que tenham antecedentes criminais. Embora tenham ascendência muçulmana, o conhecimento do Islã e da sharia ou da lei islâmica costuma ser elementar", afirma o relatório Estado Islâmico na Espanha, elaborado pelos investigadores Carola García-Calvo e Fernando Reinares.
"A Catalunha é a zona em que os processos de radicalização que detectamos aconteceram de forma mais rápida e cuja comunidade islâmica se caracteriza por ser mais radical e com mais vínculos com outros extremistas da Europa", destaca o Informe Anual de Segurança Nacional de 2016, documento elaborado pelo governo espanhol. Essa observação ajuda a entender o contexto que foi pano de fundo para os últimos atentados.
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