Desabrigados, saques e falta de energia: furacão deixa rastro de destruição no Caribe
Com ventos de cerca de 250 km por hora, o furacão Irma está deixando um rastro de destruição no Caribe. Ao menos 18 mortes foram registradas e milhares de pessoas estão sem acesso a água potável e energia elétrica. Filas para compra de mantimentos e até saques estão sendo registrados em cidades afetadas.
Além disso, algumas das ilhas mais devastas - Antígua e Barbuda, Anguilla, São Martinho e São Bartolomeu - estão na rota de um novo furacão: o Jose. Ele ganhou força nesta sexta-feira e foi elevado para a categoria 4, em uma escala na qual o grau máximo é cinco.
Nesta sexta-feira, o olho do furacão Irma se desloca pelo mar entre o sudeste de Cuba e as ilhas Turcas e Caicos. Ele se aproxima das Bahamas e da região central de Cuba - onde as autoridades decretaram alerta máximo em sete de suas 15 províncias e obrigaram a retirada de 10 mil turistas estrangeiros.
O furacão deve atingir a Flórida, nos Estados Unidos, no sábado. Milhares de pessoas estão deixando as principais cidades da região às pressas.
Em seu rastro de destruição no Caribe, o furacão já deixou casas, hospitais, escolas e delegacias destruídos. Muitas localidades foram inundadas, tiveram as estradas bloqueadas e estão completamente isoladas.
Falta água e energia elétrica em muitas cidades e a busca por comida e mantimentos está elevando a tensão e colocando forças de segurança em alerta.
Conheça as áreas mais atingidas pelo furacão:
Antígua e Barbuda
Dois dias depois da passagem do furacão Irma por Antígua e Barbuda, cerca de 1500 moradores – 50% da população local – estão desabrigados. Segundo o primeiro-ministro do país, Gaston Browne, Barbuda foi a mais atingida das duas ilhas e teve 90% das construções destruídas.
A ilha foi o primeiro território a sentir a força do furacão Irma, que chegou ao território na quarta-feira de manhã (horário local). Uma criança de dois anos morreu durante a tempestade. Os danos são calculados em US$ 100 milhões.
A transferência dos moradores para os abrigos em Antígua tem sido difícil, porque o contato entre as ilhas por barco ainda está sendo normalizado e só aviões conseguem transportar os sobreviventes.
A demora, segundo reportagem do jornal local Antigua Observer, tem desesperado quem permaneceu na zona de destruição. Para a remoção, o governo tem dado prioridade para grávidas, bebês, idosos e pessoas com necessidades especiais.
Quem permanece em Barbuda está em meios aos escombros e com dificuldades de comunicação. Em entrevista ao jornal local, a presidente do Conselho de Barbuda, Knacynta Nedd, disse que quanto mais demorar a chegar a ajuda maior o risco de comportamentos violentos.
São Martinho
O território mais afetado pelo furacão Irma até agora foi São Martinho. Nove pessoas morreram, sete ainda estão desaparecidas e 112 pessoas ficaram feridas. Os números ainda são parciais já que o número de vítimas da parte holandesa de São Martinho – a outra parte do território é administrada pela França – é desconhecido. Na parte francesa, 95% das construções ficaram destruídas.
As informações são de que não há água potável nem energia e que a maior parte do território está incomunicável. O aeroporto ficou destruído e há regiões com inundações de mais de um metro de altura.
Jornais locais informam que saques a supermercados, armazéns de alimentos, depósitos de bebidas alcoólicas, lojas de móveis e lojas de equipamentos eletrônicos se seguiram após a passagem do Irma.
Uma mansão de 11 quartos de propriedade do presidente dos EUA Donald Trump teria ficado destruída.
São Bartolomeu
Na ilha francesa de São Bartolomeu, um resort conhecido por abrigar celebridades ruiu durante a passagem do Irma. O Eden Rock Hotel pertence a familiares da irmã de Kate Middleton, a duquesa de Cambridge da Grã Bretanha. Ele havia sido o primeiro a ser construído na ilha, em 1950, segundo informações do Daily News.
Michel Magras, senador de St Barts, disse à imprensa francesa que a ilha sofreu uma catástrofe. "Estou chocado com o monstro que nos cobre", afirmou. "A ilha está devastada. É apocalíptico, muitos danos, muitos telhados destruídos", disse. O ministro da França, Annick Girardin, viajou para o Caribe com equipes e suprimentos de emergência.
Anguilla
A passagem do Irma por Anguilla, território ultramarino britânico, deixou uma pessoa morta, segundo informou o diretor executivo da agência caribenha de gestão de desastres e emergências do Reino Unido, Ronald Jackson, ao Guardian.
Ele afirmou que delegacias, hospitais, escolas, três ou quatro abrigos de emergência, um lar para enfermos e idosos, além de um posto do corpo de bombeiros ficaram destruídos. Residências ficaram parcial ou totalmente danificadas.
As autoridades ainda estão fazendo uma avaliação completa sobre os estragos deixados pelo furacão, mas equipes de reparos e limpeza de estradas já estão trabalhando para restaurar as condições de deslocamento. “Nós pretendemos estar abertos para os negócios antes da temporada de Natal", disse o ministro-chefe da ilha Victor Banks.
Mas a ajuda do governo britânico para a recuperação dos estragos tem sido criticada. Na quinta-feira (7), foram anunciados o envio de navios militares para ajudar às vítimas e cerca de 32 milhões de euros (o equivalente a cerca de R$ 119 milhões).
A ex-representante da União Europeia na Grã-Bretanha para o governo de Anguilla, Dorothea Hodge, chamou a ajuda de patética e vergonhosa. “É absolutamente vergonhoso ter levado todo o dia para Priti Patel [secretário de desenvolvimento internacional] responder ao pior furacão que vimos em um território britânico desde a década de 1920”, disse em entrevista ao Guardian.
Ilhas Virgens
A Grã_Bretanha declarou estado de emergência nas Ilhas Virgens britânicas, após a passagem do furacão. Cerca de 28 mil pessoas vivem no arquipélago britânico. Segundo governador das Ilhas Virgens britânicas, Gus Jaspert, estradas estão bloqueadas e a comunicação é bastante limitada.
A mansão do empresário bilionário Richard Branson ficou destruída. "Ainda estamos avaliando o dano, mas casas e árvores inteiras desapareceram", disse ele. "Fora do bunker, as portas e janelas do banheiro e do quarto voaram a 40 metros de distância", disse.
Na parte americana, ao menos quatro pessoas tiveram as mortes confirmada, mas esse número pode aumentar. O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou o estado de emergência para as ilhas.
Porto Rico
Os porto-riquenhos estão se água potável e sem energia um dia depois da passagem do furacão no território associado dos Estados Unidos. Porta-vozes do governo informaram que 70% da população está sem energia elétrica e que não há previsão para o restabelecimento do serviço. Ao menos três pessoas morreram – duas mulheres e um homem.
Os danos na rede elétrica foram os principais efeitos do Irma em termos de infraestrutura, já que os impactos da passagem do furacão não foram tão devastadores como o esperado no país.
Em algumas regiões mais afetadas, a população faz fila para comprar gelo, em entrevista ao jornal local Primera Hora, um dos administradores desses centros de abastecimento, Roberto Carlos Arroyo, contou que os funcionários dele estão trabalhando incansavelmente para atender a alta demanda.
Filas para compra de alimentos e outros artigos de necessidades básicas não são descartadas. Segundo o secretário de Agricultura, Carlos Flores Ortega, houve uma perda 30% nas colheitas no norte e sudeste do território.
República Dominicana
Cerca de 24 mil pessoas estão desabrigadas por causa da passagem do furacão Irma, que atingiu principalmente o Norte do país. Ao todo, 17 comunidades ainda estão incomunicáveis e 29 províncias ainda estão em estado de alerta.
Inundações foram registradas no país, mas segundo o Onamet (Escritório Nacional de Meteorologia, sigla em espanhol) tendem a diminuir, porque já está havendo melhora nas condições climáticas. Não houve danos nas redes de água potável que abastece a grande Santo Domingo, capital do país. Mas 30 aquedutos do interior foram afetados, principalmente os que ficam no norte do país.
Haiti
Abrigos receberam mais de 2 mil desabrigados no norte do Haiti após a passagem do furacão. Rios do norte do país transbordaram e alagaram vilarejos. Uma importante ponte que ligava departamentos do norte desabou.
Apesar disso, as regiões mais populosas do centro e do sul do Haiti - que ainda se recuperam do terremoto de 2010 e da passagem do furacão Matthew não foram tão afetadas.
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