O que as mulheres ainda não podem fazer na Arábia Saudita?
A Arábia Saudita, local de nascimento do Islã, era amplamente criticada por ser o único país do mundo que impedia até agora mulheres motoristas, uma tradição vista pelos ativistas de direitos como emblemática da repressão das mulheres por Riad --a liberação foi anunciada na terça-feira (26). O país segue uma rígida interpretação da sharia, ou lei islâmica, que impõe a segregação de sexos em espaços públicos.
Como parte de seu ambicioso plano de reformas econômicas e sociais até 2030, Riad parece pronta para abrandar algumas destas restrições impostas às mulheres e tenta, pouco a pouco, promover formas de diversão, apesar da oposição dos ultraconservadores em um país onde a metade da população tem menos de 25 anos.
Entre as medidas já anunciadas, estão a permissão para votar em eleições locais, frequentar universidades e competir nos Jogos Olímpicos. Após a liberação para dirigir, o reino ainda confirmou a nomeação de uma mulher para um cargo do governo pela primeira vez -- Eman Al-Ghamidi será prefeita-assistente de Al Khubar.
Permitir que as mulheres dirijam poderia eventualmente aumentar a pressão para remover outros obstáculos ao seu emprego, como um sistema de tutela masculino que exige que as mulheres tenham aprovação de um parente para a maioria das decisões em educação, emprego, casamento, planos de viagem e até mesmo tratamento médico. Nenhum outro país muçulmano impõe medidas tão rigorosas.
Casamento ou divórcio sem permissão de um homem
Segundo a interpretação da lei islâmica feita pelo reino, um sistema de tutela masculina impede que as mulheres de viagem para o exterior, obtenham um passaporte, se casem ou até mesmo deixem a prisão sem o consentimento de um parente do sexo masculino. Este consentimento também é frequentemente exigido sempre que uma mulher tenta fazer várias coisas, incluindo alugar um apartamento, passar por um procedimento médico, abrir uma conta bancária ou ter um emprego.
Durante a vida toda, a mulher é comandada por um guardião: primeiro é o pai, depois o marido e, em caso de morte do cônjuge, a responsabilidade passa para o filho mais velho.
Buscar justiça (de verdade)
No sistema de Justiça, as mulheres são abertamente discriminadas --o depoimento de um homem é igual ao de duas mulheres. Além disso, a Arábia Saudita aprovou apenas em 2013 a criação de leis contra a violência doméstica e o abuso sexual. Mas a punição dada é geralmente uma multa em dinheiro. O agravante é o fato de a tradição determinar que os problemas familiares sejam resolvidos no próprio meio familiar.
Além disso, as leis da Sharia sobre herança determinam que as filhas recebam a metade do que é dado aos irmãos. Elas também dificilmente conseguem obter a custódia de filhos e filhas após o divórcio se as crianças tiverem mais de sete (meninos) ou nove anos (meninas).
Vestir a roupa que quiserem
A vestimenta exigida para as mulheres segue a interpretação da sharia. Elas devem usar a abaya, um longo vestido preto de manga longa que cobre totalmente o corpo. Elas também devem cobrir os cabelos com um véu, mas não necessariamente o rosto todo.
Há espaços públicos reservados para mulheres, como andares em centros comerciais, por exemplo, em que elas podem andar sem a vestimenta.
Interagir com homens
A mulher não deve falar com homens que não são de sua família. A maioria dos prédios possui entradas diferentes para homens e mulheres, e parques e até o transporte público têm áreas segregadas para mulheres. Em restaurantes, elas podem usar as áreas reservadas para famílias, separadas dos ambientes para homens. Algumas exceções de lugares em que homens e mulheres ocupam o mesmo espaço são hospitais, bancos e faculdades de medicina. (Com agências internacionais)
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