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Família diz que corpo achado em rio na Argentina é de ativista desparecido

Manifestantes protestam em 11 de agosto com imagens de Santiago Maldonado - Victor R. Caivano/AP
Manifestantes protestam em 11 de agosto com imagens de Santiago Maldonado Imagem: Victor R. Caivano/AP

Do UOL, em São Paulo

20/10/2017 20h09

O corpo encontrado na última terça-feira no rio Chubut, na Argentina, é o do jovem Santiago Maldonado, que estava desaparecido há dois meses e meio, quando supostamente participava do protesto de uma comunidade indígena que foi reprimido pela polícia, informou nesta sexta (20) a família do rapaz.

"É Santiago. Reconhecemos as tatuagens", disse Sergio, irmão do jovem, em frente ao necrotério judiciário da Corte Suprema de Justiça, em Buenos Aires, onde hoje começou a necropsia do corpo.

O caso, investigado como um "desaparecimento forçado", gerou uma grande polêmica na Argentina, e uma das principais suspeitas, sobretudo por parte da família e de organizações de direitos humanos, é de que policiais foram responsáveis pelo desaparecimento de Santiago.

Santiago Maldonado sumiu no dia 1º de agosto, na província de Chubut, no sul da Argentina, a 80 quilômetros da estação de esqui de Bariloche. Ele participava de um protesto de ativistas indígenas, reclamando terras ancestrais, perto da fronteira com o Chile, adquiridas pela empresa Benetton nos anos 1990. Os manifestantes estavam bloqueando uma estrada e as forças de seguranças foram chamadas para retirá-los e liberar o trânsito. Segundo testemunhas, Maldonado foi visto pela última vez sendo arrastado pelos policiais.

Desde então, a família do jovem, movimentos sociais e organizações de defesa dos direitos humanos têm feito campanha - nas ruas e nas redes sociais - por Santiago Maldonado. O rosto do jovem, de cabelos longos e barba, está em cartazes espalhados pelo centro de Buenos Aires e em uma página de Facebook, pedindo a "aparição com vida de Santiago Maldonado".

O caso ganhou relevância nacional e internacional, virando tema da campanha eleitoral em curso, que vai renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Os candidatos, tanto do governo, quanto da oposição, suspenderam os últimos atos, que seriam realizados na quinta-feira.

O presidente Mauricio Macri garante que, desde a notícia do desaparecimento, está colaborando com a Justiça para esclarecer o caso. No entanto, o tema foi levado ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pediu à Argentina para esclarecer o ocorrido e tomar as medidas para localizá-lo.

Essa semana, o governo ordenou mais uma busca no Rio Chubut, com a ajuda de mergulhadores e cães, próximo do lugar onde Santiago Maldonado desapareceu. Dessa vez encontraram o corpo de um homem, vestido, boiando. No bolso, ele carregava a carteira de identidade do artesão. Foram feitos ainda exames de DNA, cujos resultados ainda não foram divulgados. (Com agências internacionais)