Topo

Presidente do Peru dá indulto humanitário a Alberto Fujimori

Do UOL, em São Paulo

24/12/2017 22h06Atualizada em 26/12/2017 09h43

O ex-presidente Alberto Fujimori recebeu neste domingo (24) o indulto humanitário dado pelo presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski (PPK).

Fujimori cumpre desde 2009 uma pena de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e corrupção. Segundo a imprensa local, Kuczynski teria oferecido o perdão a Fujimori para que seu filho, o deputado Kenji Fujimori, e outros nove deputados se abstivessem na votação que rejeitou seu impeachment, na última sexta-feira (22).

Alberto Fujimori foi destituído em 21 de novembro de 2000 "por incapacidade moral permanente", antes de partir para o Japão, onde permaneceu por vários anos. Extraditado do Chile em 2007, foi condenado a 25 anos de prisão.

Na véspera, Fujimori, 79, foi transferido da prisão onde cumpria pena para um hospital devido a uma queda de pressão. O ex-mandatário foi levado de ambulância para uma clínica particular na capital do país, Lima, acompanhado de seu filho. Em setembro passado, ele havia dito, em sua conta no Twitter, que sofre de uma forma de arritmia que já motivara duas internações.

O relatório da junta médica justifica o indulto dizendo que Fujimori padece de uma doença "terminal, degenerativa e incurável", embora não esclareça qual é, e que as "condições carcerárias significam um risco grave à sua vida, saúde e integridade".

Crimes contra a humanidade

Fujimori foi eleito presidente em 1990, depois de enfrentar nas urnas o escritor Mario Vargas Llosa. No fim dos anos 80, o país sofria com a violência política e com a hiperinflação, herança do primeiro governo do presidente, Alan García. Ameaçado pelo Sendero Luminoso, Fujimori armou uma ofensiva contra grupos subversivos no país.

Após assumir a presidência, Fujimori fechou o Congresso dois anos depois, convocou uma Assembleia Constituinte e reabriu o Parlamento em 1995, tomando o controle de todas as instituições do Estado. Naquele ano foi reeleito e em 2000, após uma nova reeleição, renunciou ao cargo em meio a um escândalo de compra de votos parlamentários e de linhas editoriais de meios de comunicação.

Fujimori cumpria a condenação por ser autor imediato do assassinato de 25 pessoas pelas mãos de um esquadrão da morte, durante sua luta contra a guerrilha. O primeiro massacre incluído no processo remonta a novembro de 1991. Enquanto festejavam em um edifício de Barrios Altos, 15 moradores desse bairro pobre de Lima, entre os quais uma criança de 8 anos, foram mortos crivados de balas por um esquadrão da morte composto por militares.

Em julho de 1992 foram nove estudantes e um professor que desapareceram da universidade La Cantuta, em Lima. Partes de seus corpos foram encontrados meses depois, calcinadas e enterradas em um terreno baldio: as dez vítimas tinham sido assassinadas pelo mesmo esquadrão, o Grupo Colina, criado para eliminar os militantes do Sendero Luminoso.

Durante a ofensiva movida por Fujimori, 70 mil pessoas perderam a vida - muitas delas inocentes. Em 2000, foram descobertos dezenas de vídeos com os subornos realizados por Vladimiro Montesinos, braço direito de Fujimori, a políticos e empresários. Diante do escândalo, Fujimori fugiu para o Japão, de onde enviou uma carta de renúncia. Em 2005, ao viajar ao Chile, foi preso e dois anos depois extraditado ao Peru, onde estava preso desde 2007.