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Trump rompe com Steve Bannon e ameaça processá-lo e editora por livro sobre campanha presidencial

Donald Trump e Steve Bannon - Carlos Barria/Reuters
Donald Trump e Steve Bannon Imagem: Carlos Barria/Reuters

Do UOL, em São Paulo

04/01/2018 16h03

O presidente americano, Donald Trump, rompeu publicamente com seu polêmico ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, ícone da extrema-direita nos EUA, ameaçando-o de processo judicial por suas declarações "difamatórias" sobre seu filho e seu genro sobre uma reunião com russos durante a campanha presidencial norte-americana de 2016.

O rompimento ocorreu por causa do livro ainda inédito "Fire and Fury: Inside the Trump White House (Fogo e Fúria: Dentro da Casa Branca de Trump)", de Michael Wolff. No livro, o autor afirma que Bannon descreveu a reunião de junho de 2016 com um grupo de russos na Trump Tower, em Nova York, como "traiçoeira" e "antipatriótica". O encontro, realizado depois que os russos prometeram informações prejudiciais sobre a candidata presidencial democrata Hillary Clinton, teve a presença de Donald Trump Jr., do genro de Trump, Jared Kushner, e de seu então gerente de campanha, Paul Manafort.

Bannon também afirmou que os três eram responsáveis por colocar em risco a Presidência de Trump por atrair a curiosidade dos agentes do FBI, não por seus contatos com funcionários russos, mas por seus negócios obscuros. "O caminho para ferrar Trump passa por Paul Manafort, Donald Jr e Jared Kushner. É tão claro quanto um cabelo no rosto. Passa pelo Deutsche Bank e toda a merda de Kushner. Toda essa merda de Kushner é suja", declarou.

Perguntado pelos jornalistas no Salão Oval sobre se considerava que Bannon tinha lhe traído, Trump respondeu: "Não sei, ontem à noite me chamou de 'um grande homem', portanto obviamente mudou de atitude bastante rápido". No entanto, o presidente americano disse que já não está em contato com o seu ex-assessor: "Não falo com ele", assegurou.

Trump disse que seu ex-assessor "perdeu a cabeça", em um comunicado arrasador emitido na sequência de reportagens sobre comentários depreciativos de Bannon. Advogados do presidente enviaram uma carta a Bannon, vista pela Reuters, na qual pedem que recue de suas ações, e dizem que ele violou um acordo ao tratar com Wolff a respeito de Trump, sua família e sua campanha e fazer comentários depreciativos sobre Trump e seus familiares.

"Quando foi despedido (da Casa Branca), não só perdeu seu trabalho, mas também perdeu a razão", afirmou o presidente.

Trump acusou seu ex-chefe de Estratégia de vazar informações falsas quando estava na Casa Branca para aparentar ser mais importante do que realmente era, de não ter feito contribuições importantes à vitória eleitoral e até do fracasso em uma eleição local no Alabama. Em sua nota oficial, Trump disse que Bannon "raramente teve reuniões individuais comigo e somente aparenta ter influência junto a pessoas que não têm nem acesso, nem informação".

Além disso, apontou que "finge estar em guerra com meios de imprensa, aos quais chama de 'partido da oposição', mas passou seu tempo na Casa Branca vazando informação falsa à imprensa para parecer ser mais importante do que é". "É o único que faz bem", acrescentou.

A porta-voz da Presidência, Sarah Sanders, disse que o livro "só pode ser descrito como ficção de tabloide lixo, por pessoas tristes que buscam desesperadamente ter alguma relevância".

Ação contra a editora

Um advogado do presidente americano exigiu nesta quinta-feira a suspensão da publicação e distribuição do livro sobre seu primeiro ano de governo, confirmou o escritório de advocacia que enviou a ação aos editores.

"O senhor Trump exige que seja interrompida e evitem qualquer publicação, divulgação, ou distribuição do livro" e, além disso, pede que os responsáveis publiquem "uma retratação plena e completa, bem como um pedido de desculpas", indicou o advogado de Trump em uma carta de 11 páginas.

O livro deve mostrar uma Casa Branca imersa em um caos permanente e em guerras internas por um espaço de poder. A obra já circula nas redações em Washington e tem como base cerca de 200 entrevistas com funcionários oficiais.

A divulgação de trechos de seu conteúdo fez explodir um escândalo de incomuns proporções em Washington. Por conta do escândalo, "Fire and Fury" já é o livro com maior volume de solicitações de compra antecipada no site da Amazon.