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Brasileiro expulso da Venezuela diz que está bem e foi ao país para criar ONG com o próprio dinheiro

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

07/01/2018 18h51Atualizada em 07/01/2018 21h49

O brasileiro Jonatan Diniz, 31, que foi preso na Venezuela e foi expulso pelo país no sábado, disse neste domingo (7) que está bem e em segurança. Diniz afirmou que estava no país vizinho para doar boa parte de seu dinheiro para criar, com amigos, a organização não-governamental Time to Change the Earth (Tempo de Mudar a Terra). "Nada mais era que doar roupas, comidas, brinquedos e o que necessitasse para quem realmente precisasse", disse o brasileiro em postagem no Facebook.

Para o governo venezuelano, a entidade seria uma "organização criminosa com tentáculos internacionais", que distribuiria alimentos e bens a moradores de rua com o objetivo de obter recursos em moeda nacional com vistas a promover ações contra o governo.

Em seu texto, o catarinense não entrou em detalhes sobre a prisão ou os dias em que esteve detido na Venezuela. Diniz ainda agradeceu ainda a mobilização realizada no país pela sua libertação.

Diniz destacou ainda que esteve em muitos protestos contra Nicolás Maduro neste ano, entre maio e agosto de 2017, mas ressaltou que nunca pegou em armas. "Sim, odiei muito Maduro nesse tempo por todas as bombas lacrimogêneas que tive que respirar e sim, vi muita barbaridade tanto de um lado quanto do outro", escreveu.

"Todos os dias era normal chorar umas 2 horas todas as manhãs ao acordar antes de começar a trabalhar, porque é impossível você ver tanta loucura, irresponsabilidade, sangue derramado e tudo por sede ao poder de ambos os lados políticos e ver os jovens que somente querem o direito de viver em um país melhor morrerem ou chorarem por ter que deixar o país que amam porque já não tem dinheiro nem para uma farinha de trigo".

Ao justificar sua viagem para Caracas, Diniz diz que queria "tentar de alguma maneira mudar a mentalidade das pessoas, tentar encontrar uma maneira de em vez de guerrear, unir as partes para todos lutarem pelo mesmo objetivo."

Diniz contou que esteve no país pela primeira vez em 2016 durante uma viagem pela América do Sul. Apaixonou-se por uma venezuelana, com quem se relacionou durante um ano, até que o namoro acabou e ele decidiu mudar-se para a Venezuela. "Decidi por conta própria ir viver na Venezuela e saber mais a fundo o que é verdade e o que é mentira que falavam de Venezuela."

Ele conta que participou de projetos de voluntariado e filantropia durante os três meses em que viveu no país. Retornou em dezembro, para criar a ONG. "Não tenho intenção de expor minha vida pessoal, promover meu trabalho e nem tirar qualquer proveito pessoal do ocorrido, simplesmente ajudo pessoas sem esperar nada em troca, e isso é ajudar de verdade."

 

 

Deportado pela Venezuela

A confirmação da expulsão de Diniz foi dada pelo ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, no Twitter no sábado. Segundo o Itamaraty, o brasileiro embarcou em um voo da American Airlines para Miami.

Diniz, 31, foi detido no dia 27 de dezembro pelas forças de segurança da Venezuela, no Estado de Vargas. O anúncio da prisão foi feito pelo parlamentar socialista Diosdado Cabello no programa que dirige no canal estatal VTV. Segundo o governo chavista, o jovem era acusado de manter atividades desestabilizadoras contra o regime de Nicolás Maduro.

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A deportação ocorreu dois dias depois de o Brasil cobrar publicamente o país vizinho por informações sobre o cidadão brasileiro. A Venezuela confirmou somente na sexta-feira a prisão do brasileiro, garantindo que Diniz estava em bom estado de saúde. 

O governo brasileiro tentou por mais de uma semana confirmar com autoridades venezuelanas a localização de Diniz, mas o governo de Nicolás Maduro ignorou o apelo brasileiro até que uma nota oficial do Itamaraty destacou que Caracas teria ignorado os apelos da missão diplomática brasileira para encontrá-lo.