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Como a imprensa internacional reagiu à condenação de Lula

Do UOL, em São Paulo

24/01/2018 18h46

A imprensa internacional também acompanhou o julgamento em segunda instância que, nesta quarta-feira (24), decidiu pela manutenção da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.

O jornal americano "The New York Times" destacou que a decisão significa uma derrota na busca de Lula por um terceiro mandato e representa uma vitória para os promotores envolvidos no "caso de maior participação no confronto entre o Judiciário brasileiro e a elite política".

O também americano "Washington Post" afirmou que a decisão do TRF-4 "potencialmente acaba com a carreira do icônico líder latino-americano". O texto ressalta ainda que Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial deste ano. 

A rede britânica BBC, por sua vez, disse que a decisão "frustra enormemente as ambições de Lula em se tornar presidente novamente". Segundo a rede, o resultado tem por consequência "despertar raiva entre os muitos apoiadores leais de Lula e membros de seu Partido dos Trabalhadores", além de provavelmente aprofundar as divisões políticas na sociedade brasileira.

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O espanhol "El País" destacou a condenação em sua página principal, dizendo que o resultado é o "pior possível para um outrora bastião da esquerda na América Latina".

Na França, o "Le Monde" chamou Lula de "figura mística da política brasileira" e também ressaltou que a decisão pode significar a "morte política do ex-chefe de Estado", além de "jogar as eleições de 2018 em uma situação inédita". 

Veja como foi o julgamento de Lula na 2ª instância

UOL Notícias

Para jornalista, comunidade internacional espera 'solução mágica'

Segundo Brian Winter, editor da revista "Americas Quarterly" e especialista do centro de pesquisas Council of the Americas, parte da comunidade internacional e dos investidores estrangeiros esperam que o julgamento do recurso de Lula traga uma “solução mágica” para as eleições brasileiras. “Eles querem que o Lula desapareça, querem uma solução mágica”, disse Winter ao UOL.

A discussão que tem atraído mais atenção internacional, segundo ele, se restringe a como o mercado financeiro vai reagir ao placar final da votação dos desembargadores no Rio Grande do Sul.

Brian Winter, vice presidente de Política da Americas Society/Council of the Americas e Editor Chefe da Americas Quarterly -  Americas Society / Council of the Americas / Divulgação -  Americas Society / Council of the Americas / Divulgação
Brian Winter, vice presidente de Política da Americas Society/Council of the Americas e Editor Chefe da Americas Quarterly
Imagem: Americas Society / Council of the Americas / Divulgação

Mas, de acordo com Winter, a opinião da comunidade internacional é influenciada por empresários e membros de segmentos mais abastados da sociedade brasileira que têm uma opinião política específica e não representam necessariamente todo o país. Por isso, a avaliação que chega ao exterior poder ter imprecisões.

Segundo Winter, a comunidade internacional pode ser surpreendida se, independente da manutenção ou não da condenação de Lula, ele intensifique sua campanha para a Presidência. “Tudo indica que esse será o ano mais caótico da política brasileira”, disse Winter.