Venezuela adia eleição presidencial para maio
As eleições na Venezuela foram adiadas para segunda quinzena de maio. A informação foi anunciada nesta quinta-feira (1º) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Inicialmente, a eleição estava marcada para 22 de abril.
"Foi proposto que sejam realizadas de maneira simultânea as eleições para presidente e as regionais na segunda quinzena do mês de maio de 2018", segundo um acordo entre o governo e opositor Henri Falcón, aceito pelo CNE.
Acusado de traidor por opositores e chavistas, Henri Falcón se apresenta como o salvador da Venezuela, mas sua candidatura à presidência carrega o estigma de dar legitimidade a uma possível reeleição de Nicolás Maduro.
Contrariando a decisão da Mesa da Unidade Democrática (MUD) de boicotear as eleições por considerá-las "um show fraudulento", Falcón se inscreveu no poder eleitoral e deflagrou uma polêmica sobre a conveniência de sua candidatura.
"Me entristece que enquanto pessoas morrem de fome (...) haja políticos tratando de nos atacar, deixando passar esta oportunidade", disse ao responder as críticas.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) acusa Falcón de se "afastar da Unidade e do sentimento democrático": "não podemos convalidar um sistema eleitoral fraudulento".
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Militar da reserva de 56 anos, Falcón, cuja candidatura foi lançada por três pequenos partidos, é acusado pelos governistas de ter traído o legado do líder socialista Hugo Chávez, e também desperta suspeita da oposição por seu passado chavista.
Falcón, advogado, ex-prefeito e governador do estado de Falcón entre 2008 e 2017, foi ligado ao movimento que levou o finado Chávez ao poder em 1999, mas rompeu com o "chavismo" em 2010 mediante uma carta aberta na qual denunciou ter sido alijado por denunciar os erros da chamada "revolução bolivariana".
Segundo o Instituto Venezuelano de Análise de Dados, Falcón tem 24% das intenções de voto, contra 18% para Maduro, mas analistas avaliam que o militar não representa um risco real diante do controle institucional e social que o governo exerce.
Ao se inscrever na terça-feira no Conselho Eleitoral, Falcón pediu o adiamento das eleições, mas se declarou seguro de vencer Maduro, que chamou de "candidato da fome".
Além de Falcón, há quatro candidatos, todos desconhecidos: o pastor Javier Bertucci, o engenheiro Reinaldo Quijada, o empresário Alejandro Ratti e o militar Francisco Visconti.
Na terça-feira, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro lançou formalmente sua candidatura para a reeleição. A votação é considerada pela oposição uma "farsa" para consolidar a ditadura.
Maduro, de 55 anos e cujos principais adversários estão proibidos de concorrer contra ele, apresentou sua candidatura no órgão eleitoral nacional em Caracas antes de se juntar a um comício.
"Eu serei leal ao legado do gigante Hugo Chávez", disse, dançando reggaeton no palco com sua mulher, Cilia Flores, em frente a um grande cartaz exibindo seu rosto e o rosto de Chávez.
Maduro venceu acirradamente a eleição após Chávez morrer de câncer, em 2013, mas tem visto sua popularidade cair durante uma intensa crise econômica no país membro da Opep que expôs a falha de políticas governamentais e acentuou a queda nos preços globais de petróleo.
A coalizão da oposição da Venezuela está boicotando a eleição, uma vez que seus dois líderes mais populares -- Leopoldo López e Henrique Capriles -- estão impedidos de concorrer, diversos partidos foram banidos e o órgão eleitoral é pró-Maduro.
"Eleições nestas condições não irão solucionar nada", informou a coalizão em comunicado nesta terça-feira.
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