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Proposta de Kim Jong-un surpreendeu os EUA, diz secretário de Estado americano

Kim Jong-Un se encontra com delegação sul-coreana na Coreia do Norte - KCNA via Reuters
Kim Jong-Un se encontra com delegação sul-coreana na Coreia do Norte Imagem: KCNA via Reuters

Do UOL, em São Paulo

09/03/2018 07h53Atualizada em 09/03/2018 10h01

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, disse nesta sexta-feira (9) que a abertura demonstrada pelo líder note-coreano Kim Jong-un e sua vontade de discutir seu programa nuclear surpreenderam "um pouco" os Estados Unidos e levaram o presidente Donald Trump a aceitar um encontro, previsto para maio.

Trump disse estar preparado para encontrar Kim, no que seria a primeira reunião entre um presidente americano e um líder norte-coreano e, possivelmente, marcaria um importante avanço na redução das tensões com Pyongyang.

"O que mudou foi sua posição, e de uma forma bastante espetacular. E, muito francamente, foi um pouco uma surpresa para nós que se tenha mostrado tão aberto", afirmou Tillerson nesta sexta em Djibuti, ao fim de um encontro com o ministro das Relações Exteriores desse país, Mahamud Al-Youssouf.

Segundo Tillerson, Trump teria aceitado "conversar" e não "negociar" com Kim. Ao fazer a distinção, Tillerson afirmou que a decisão de Trump não deve ser interpretada como algo além disso. Segundo ele, ainda serão necessárias "algumas semanas" para organizar o encontro. "O presidente Trump tem dito por algum tempo que ele estava aberto ao diálogo e que estaria disposto a encontrar com Kim quando as condições fossem certas", acrescentou.

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Tillerson não definiu a diferença precisa entre conversas e negociações, e não está claro o que os dois países poderiam discutir além de acordo para resolver as preocupações sobre o programa de armas nucleares do Norte. Eles poderiam realizar conversas preliminares para ver se há um terreno comum suficiente e boa vontade para proceder com as negociações formais.

"Acredito que seja o informe mais positivo que já recebemos não apenas sobre a vontade de Kim Jong-un, mas sobre seu desejo real de discutir", declarou o secretário, referindo-se à declaração em Washington de diplomatas sul-coreanos, após seu encontro com lideranças de alto escalão da Coreia do Norte no início da semana em Pyongyang.

Na quinta-feira, a porta-voz da Casa, Branca Sarah Sanders, destacou que apesar do anúncio, "todas as sanções e a máxima pressão continuarão" sobre a Coreia do Norte.

Após o anúncio de seu encontro com o líder norte-coreano, Trump saudou no Twitter os "grandes progressos" obtidos para persuadir a Coreia do Norte a acabar com seu programa nuclear. "Kim Jong-Un conversou sobre 'desnuclearização' com os representantes sul-coreanos, e não apenas sobre um congelamento" das atividades nucleares. "Estamos obtendo grandes progressos, mas as sanções permanecerão até que haja um acordo", escreveu Trump.

"Deixar de acordar" Seul

Kim Jong-un prometeu durante o recente encontro com uma delegação sul-coreana, em Pyongyang, que vai "deixar de despertar" o presidente da Coreia do Sul, MoonJae-in, com lançamentos noturnos de novos mísseis, segundo informou, nesta sexta-feira, o governo de Seul.

"Durante o período em que estivemos realizando repetidos lançamentos de mísseis, o presidente Moon trabalhou de maneira incansável liderando as reuniões do Conselho de Segurança Nacional", explicou Kim, durante o jantar na última segunda-feira passada com representantes da Coreia do Sul. "Decidimos deixar de despertar o presidente Moon", completou, em tom jocoso, o líder norte-coreano, de acordo com uma declaração enviada hoje pelo escritório da presidência sul-coreana.

No tom "relaxado e cordial" em que o jantar foi realizado, Kim elogiou a boa recepção que tiveram, em fevereiro, seus representantes quando foram ao Sul para os Jogos Olímpicos de Inverno e se desculpou por não poder hospedar o grupo sul-coreano em uma conhecida residência de convidados de Pyongyang pois ela "está em reforma". O líder norte-coreano também disse ao grupo que se o presidente Moon "mantiver a comunicação" com ele, a crise na península coreana "será facilmente resolvida". (Com agências internacionais)