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Confrontos entre palestinos e israelenses na fronteira de Gaza deixam palestinos mortos e centenas de feridos

Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
Imagem: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Do UOL, em São Paulo

30/03/2018 11h48Atualizada em 30/03/2018 17h18

Os confrontos entre palestinos e israelenses na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel na manhã desta sexta-feira resultaram na morte de ao menos 15 palestinos e deixaram outros 1.200 feridos. Em diversas áreas da fronteira, os palestinos protestam após a convocação do Hamas, que prevê manifestações ao longo de seis semanas.

Dezenas de milhares de palestinos se reuniram em cinco localizações ao longo da cerca de 65 quilômetros que marca a divisa de Israel e Gaza. O exército israelense estima que o protesto tenha reunido cerca de 30 mil pessoas. 

De acordo com o ministério da Saúde em Gaza, o primeiro palestino foi morto por tiros da artilharia israelense no início da manhã, mesmo antes do início dos protestos.Os outros, todos manifestantes, morreram em confrontos com o Exército israelense em diferentes áreas.

Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra palestinos em protesto - Jaafar Ashtiyeh/AFP Photo - Jaafar Ashtiyeh/AFP Photo
Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra palestinos em protesto
Imagem: Jaafar Ashtiyeh/AFP Photo

De acordo com o ministério da Saúde em Gaza, mais de 1.200 feridos nos confrontos. O Crescente Vermelho Palestino identificou mais de 350 manifestantes feridos por tiros de soldados israelenses perto da fronteira, palco de confrontos frequentes entre habitantes do enclave sob cerco e soldados israelenses.

Vários jovens palestinos atiraram pedras contra soldados israelenses, que responderam com gás lacrimogêneo para dispersar os milhares de homens, mulheres e crianças que compareceram a seis pontos da divisa com bandeiras palestinas em resposta ao chamado do movimento Hamas para uma participação maciça nas marchas de hoje.

O Hamas convocou seis semanas de protestos na região de Gaza - Jack Guez/AFP Photo - Jack Guez/AFP Photo
O Hamas convocou seis semanas de protestos na região de Gaza
Imagem: Jack Guez/AFP Photo

O exército israelense informou que suas tropas usaram "meios de dispersão e atiraram em direção aos principais instigadores", com alguns manifestantes "rolando pneus em chamas e arremessando pedras" contra a fronteira e os soldados.

Autoridades de saúde da Palestina disseram que as forças israelenses usaram principalmente armas de fogo contra os protestantes, além de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Testemunhas ainda citaram que o exército usou um drone em ao menos uma localização para lançar gás lacrimogêneo.

Os palestinos e a Turquia denunciaram o "uso desproporcional" da força por Israel. O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta sexta-feira para analisar a violência em Gaza. A reunião que foi solicitada pelo Kuwait será realizada a portas fechadas e começará às 22H30 GMT (18H30 horário de Brasília), segundo um diplomata que pediu para não ser identificado. 

Dia da Terra

O evento de protesto coincide com o Dia da Terra, no qual os palestinos lembram a morte de seis árabes-israelenses na Galileia, no norte de Israel, em 1976 em protestos contra o confisco de terras.

O movimento islamita Hamas pediu à população de Gaza que fizesse um protesto sentado e com acampamentos até 15 de maio, dia da Nakba (Catástrofe), no qual os palestinos lembram o êxodo provocado pela criação de Israel em 1948.

O exército israelense afirmou em comunicado que "17 mil palestinos se manifestam violentamente em cinco localidades diferentes da Faixa de Gaza. Os manifestantes estão atirando pneus incendiados, coquetéis molotov e pedras contra a cerca de segurança", enquanto as tropas do exército "respondem com meios de dispersão e atirando contra os principais instigadores".

"Com um reforço em suas tropas, o exército israelense está preparado para responder às manifestações violentas programadas em toda a Faixa de Gaza, se for necessário" diz a nota, na qual as forças israelenses acrescentaram que "a organização terrorista Hamas põe em risco as vidas das pessoas de Gaza e as utiliza par camuflar suas atividades terroristas". (Com agências Reuters, Efe e AFP)