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Assad elogia Rússia e minimiza armamento dos EUA após ataque: 'contidos com mísseis da década de 70'

Mapa dos ataques na Síria - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

15/04/2018 15h59

O presidente da Síria, Bashar Assad, adotou um tom desafiador ao receber uma delegação russa um dia após os ataques da coalizão liderada pelos EUA, que lançou mais de 100 mísseis contra alvos do governo sírio. Assad elogiou o apoio militar do Kremlin e afirmou que a Síria vai enfrentar a "agenda imposta pelo Ocidente".

Os enviados de Moscou afirmaram, segundo a imprensa russa, que Assad estava de "bom humor". Imagens da reunião transmitida pela TV mostraram Assad animado, sorrindo ao se encontrar com os russos. No encontro, o sírio afirmou que os ataques demonstraram que as armas russas eram superiores às norte-americanas, de acordo com os enviados. A Rússia afirma que 71 dos 103 mísseis disparados foram abatidos, embora o Pentágono diga que isso não é verdade.

Apesar das afirmações do presidente dos EUA, Donald Trump, de que a operação foi um "enorme sucesso”, a ação está sendo interpretada na Síria como uma vitória para Assad porque o alcance limitado dos ataques sugeriria que as potências ocidentais não tinham a intenção de desafiar seu governo.

No encontro, o presidente sírio também chegou a denunciar uma "campanha de falácias e mentiras" contra seu país por parte dos governos de Donald Trump, do presidente francês Emmanuel Macron e da premiê britânica, Theresa May no Conselho de Segurança da ONU. Para ele, o ataque é uma violação dos direitos internacionais, principalmente porque a Rússia e a Síria "não só estão em uma batalha contra o terrorismo, mas também para proteger a lei internacional baseada no respeito à soberania dos Estados soberanos e a vontade dos seus povos".

"Ontem vimos a agressão norte-americana e conseguimos contê-la com mísseis soviéticos fabricados na década de 1970", disse Assad, segundo afirmou o russo DmitrySablin, parte da comitiva de Moscou, citado pela agência Interfax. "Os filmes norte-americanos mostraram desde os anos 90 que as armas fabricadas na Rússia são 'atrasadas'. No entanto, hoje pudemos ver quem realmente está ficando para trás", disse Assad, segundo Sablin.

Um confronto direto entre a Rússia e os EUA é improvável, Moscou pode procurar outras maneiras de atacar o Ocidente, usando o status da Rússia como superpotência para minar as principais metas da política externa dos EUA. Além disso, há várias maneiras de a Rússia causar problemas para os EUA e seus aliados, como com o fornecimento de armas mais avançadas à Síria ou ajudando a Coreia do Norte a burlar as sanções, além da possibilidade de retomar a crise na Ucrânia, de realizar novos ataques cibernéticos ou até mesmo de ampliar o apoio aos políticos populistas de extrema-direita na Europa.

Putin fala em "caos mundial"

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou neste domingo que mais ataques ocidentais contra a Síria trariam o caos aos assuntos mundiais, enquanto surgiram sinais de que Moscou e Washington querem recuar da pior crise em suas relações em anos.

Putin fez as declarações em uma conversa por telefone com seu colega iraniano, Hassan Rouhani, depois que os Estados Unidos, a França e o Reino Unido lançaram mísseis contra a Síria no sábado, por suspeita de um ataque com gás venenoso. Um comunicado do Kremlin disse que Putin e Rouhani concordaram que as ações ocidentais prejudicaram as chances de se chegar a uma solução política para o conflito de sete anos que já matou pelo menos meio milhão de pessoas.

Os comentários de Putin foram publicados logo após o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, ter feito uma nota mais conciliatória dizendo que Moscou faria todos os esforços para melhorar as relações políticas com o Ocidente. (Com agências internacionais)