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Para esquecer passado comunista, Polônia retira estátuas soviéticas de vias públicas

do UOL, em São Paulo*

04/05/2018 04h01

Desde 2015 sob comando do partido Lei e Justiça, de direita, a Polônia tenta remover vestígios de seu passado comunista. Para tanto, o país promoveu a chamada "lei de descomunização", que tem como objetivo retirar dos locais públicos o que considera ser elementos de propaganda soviética. 

Agora, foi a vez do Monumento aos Soldados do Exército Vermelho de Legnica, cidade que já teve o apelido de Pequena Moscou. Lá esteve a maior base soviética em território polonês.

"Não há lugar para essas estátuas de Stalin ou Hitler na Polônia. Talvez possam ser cultuadas em outros países e em outros continentes. Em terras que não experimentaram o genocídio estalinista ou nazista", disse à AFP Maciej Korkuc, diretor do Instituto Nacional da Memória. O órgão foi encarregado pelo governo, de tendência populista e conservadora, a supervisionar a operação de "descomunização" do país.

Para o partido Lei e Justiça, que em 2016 promoveu a lei que agora resulta na retirada dos monumentos, o Exército Vermelho expulsou os nazistas da Polônia, mas abriu as portas para outro regime totalitário, cujas marcas agora o partido se esforça em eliminar. Pelo menos 1.500 ruas pelo país terão os nomes alterados. A Avenida do Exército do Povo em Varsóvia, na capítal, por exemplo, virou Avenida Lech Kaczynski - nome de um presidente que morreu em acidente de avião em 2010.

Mas muitos municípios se opõem a essa lei. Em Elblag, norte do país, as autoridades levaram um tanque soviético que enfeitava uma avenida para um museu arqueológico. Dessa maneira, cumpriam a lei que obriga a remoção dos elementos dos espaços públicos. Em outra cidade, Malbork, a estratégia foi tentar vender o tanque, mas ninguém quis comprar.

"O tanque sempre esteve aqui. Durante minha infância, a gente brincava de pega pega ou de esconde esconde em volta dele. Nunca incomodou ninguém", disse um jovem morador, Mateusz Jablonski.

Para Moscou, os atos do governo atual na Polônia são uma demonstração de ingratidão. 

*Com informações da AFP