Cliente faz piada preconceituosa nos EUA, e cafeteria se recusa a atendê-lo
Do UOL, em São Paulo
16/05/2018 16h49
Uma funcionária de uma cafeteria em Riverside, nos Estados Unidos, se recusou a atender um cliente que havia sido preconceituoso com uma mulher que vestia um niqab, véu que cobre todo o rosto e só revela os olhos. A gerente do estabelecimento apoiou a decisão e também negou a venda.
O cliente, que não teve o nome revelado, abordou a muçulmana Kathleen Deady, no balcão da Coffee Bean & Tea Leaf, na última sexta-feira (11), e perguntou se era Dia das Bruxas. Com o celular, ela passou a filmar o diálogo.
"O que tem de errado comigo?", perguntou Deady.
"Você que me diga", respondeu o homem.
Em determinado momento da discussão, ele disse que não gostava da religião da mulher.
"[Sua religião] diz que vai me matar. E não quero ser morto por você. E aí?", falou.
Deady perguntou se o homem já havia lido o Alcorão, ao que ele respondeu: "o suficiente para saber".
Irritada, a mulher então afirmou que a Bíblia também continha um trecho que afirmava que descrentes deveriam morrer, se referindo ao livro de Lucas, no novo testamento, que diz: "E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim."
O sujeito colocou a mão na lente da câmera do celular e uma funcionária da cafeteria tentou separar os dois. Uma outra mulher que estava com o homem no estabelecimento começou a gritar com Deady.
A câmera, então, para de filmar por algum tempo. Depois de alguns minutos, a filmagem retorna com o homem no balcão da cafeteria, exigindo atendimento.
"Quem é o gerente daqui?", perguntou. Uma mulher atrás do balcão se apresenta como supervisora e diz que não vai servi-lo porque ele estava "perturbando um espaço público e sendo bem racista".
Deady, que estava filmando, concordou com as funcionárias da cafeteria e agradeceu.
Deady é frequente assídua do local, conforme contou uma cliente que presenciou a discussão em um programa de TV local, Barry Landau. A muçulmana costuma ir ao café com livros da área da saúde e, provavelmente, estuda para ser médica, segundo Landau.
"A discussão me incomodou. É sempre chocante ver pessoas explicitamente odiando outra", disse a cliente. (Com agências internacionais)