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Opositor Henri Falcón afirma que não reconhecerá resultado das eleições na Venezuela

Do UOL, em São Paulo

20/05/2018 22h55

O candidato venezuelano Henri Falcón anunciou na noite deste domingo (20) que não reconhecerá o resultado do pleito que aconteceu durante o dia e se arrasta pela noite. 

Falcón afirmou ter sido prejudicado pela abstenção convocada por grupos oposicionistas e por fraudes supostamente praticadas pelo governo de Nicolás Maduro. 

"O processo carece de legitimidade. Desconhecemos esse processo eleitoral. Assumo a responsabilidade do que estou dizendo. Amanhã não vou sair da Venezuela. Temos que fazer novas eleições", disse Falcón, em pronunciamento oficial à nação. 

Durante o dia, Falcón e outros opositores denunciaram uma série de fraudes

Passadas quatro horas desde o horário que as urnas deveriam encerrar, o Conselho Nacional Eleitoral ainda não decretou o final do pleito. Há colégios eleitorais abertos recebendo eleitores. O governo diz que a medida é para garantir o sufrágio. Opositores consideram a medida outro tipo de fraude, por favorecer Maduro. 

O dia foi marcado por locais de votação vazios e protestos de venezuelanos erradicados em outros países, como Estados Unidos, Colômbia e Peru. 

Os EUA também anunciaram no final do domingo que não reconhecerão o resultado da eleição.

O chamado Grupo de Lima, que reúne diversos países da América, inclusive o Brasil, divulgou um comunicado em que não se manifesta diretamente sobre o pleito, mas reitera o compromisso de prestar assistência aos venezuelanos ante a crise. 

Eleições esvaziadas

Durante todo o dia de votação, as agências de notícias descreveram locais de votação vazios e atribuíram o esvaziamento a um boicote convocado pelos opositores. 

A organização oposicionista Frente Ampla Venezuela Livre divulgou um balanço das eleições às 18h do domingo, horário em que o pleito deveria ter terminado. Segundo o balanco, apenas 30% dos eleitores compareceram aos colégios eleitorais. 

As ruas e seções eleitorais vazias podem ser consequência de um boicote convocado pela principal aliança de oposição, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), que não participou do pleito.

"Como não denunciar quando se leva as pessoas como se fossem cordeirinhos? Tem que dar liberdade às pessoas", expressou Bertucci após votar.

Adversário de Maduro vota na Venezuela

AFP

O comércio, por sua vez, funcionou normalmente neste domingo, registrando grandes filas.

No Colégio Miguel Antonio Caro, a seção eleitoral do presidente e candidato à reeleição Nicolás Maduro, havia mais pessoas esperando o ônibus para ir à praia do que para votar, relatou a agência Efe.

Alguns diziam à agência, sem gravar entrevista por medo de represálias, que a abstenção venceu as eleições.

No centro da cidade, Marcos Rojas, um aposentado de 63 anos, disse que não votaria porque as eleições já estavam definidas. "De qualquer forma, quem vai vencer é o presidente. Além disso, não confio no Conselho Nacional Eleitoral para nada", afirmou.

Venezuelanos que votaram criticam o boicote

"Se as pessoas seguirem pensando desta maneira nunca vamos sair disso. Elas não pensam que têm uma oportunidade de escolher o destino de nosso país", disse também à Efe a dona de casa Rosa Colmenares, criticando os compatriotas que não foram votar.

Venezuela vai às urnas na eleição presidencial

AFP

Poucas pessoas estavam na seção eleitoral de Colmenares no leste de Caracas. Apesar disso, ela pediu que os venezuelanos pensem com o coração e pensem diferente para conseguir uma mudança de governo.

No outro lado da cidade, no bairro de Catia, um reduto do chavismo no oeste de Caracas que também estava pouco movimentado, o operário Francisco Azuaje concorda.

"Vim votar para ver se mudamos o país. Não estou de acordo com a convocação pela abstenção", afirmou.

A presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, Delcy Rodríguez, deu um depoimento nesta noite dizendo que "o grande perdedor destas eleições foi o boicote". 

Os pontos vermelhos

A maior parte dos eleitores em Catia passava pelos chamados "pontos vermelhos", tendas montadas pelo chavismo para controlar os votos.

A Efe testemunhou a alegria de um homem que contava a outro ter recebido uma mensagem no celular informando sobre o recebimento de um bônus após ter confirmado o voto para Maduro no "ponto vermelho".

A maior parte das pessoas se negava a falar com jornalistas por temer os "coletivos chavistas" que defendem a revolução.

(com Efe, AFP e Reuters)