Tem até vice-campeão: veja países que jogaram a Copa e não existem mais
São 21 edições em 88 anos, sendo que a primeira Copa do Mundo, em 1930, aconteceu anos antes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Natural, portanto, que o mapa político global tenha sofrido profundas alterações nesse período, entre guerras de independência, quedas de regime e fim da União Soviética e do bloco comunista europeu.
A Fifa conta 79 países que já participaram dos Mundiais, mas seis deles já não existem mais na configuração antiga, tendo sido divididos, absorvidos ou se tornado independentes. E o sétimo deles, o Zaire, também não existe mais - pelo menos com esse nome. Veja a lista:
União Soviética (7 Copas)
Antecessora da atual seleção da casa, o time soviético nunca foi exatamente uma potência na Copa do Mundo, tendo como melhor resultado a semifinal no Mundial da Inglaterra, em 1966. Mas a URSS foi presença constante nas Copas entre 1958 e 1990, participando de sete torneios. Também consagrou o goleiro Lev Iashin, apelidado de Aranha Negra, que jogou quatro Mundiais. Em 1958, ele foi o goleiro do jogo em que o futuro campeão Brasil venceu os soviéticos por 2 a 0, na partida que marcou a estreia de Pelé e Garrincha em Copas.
Com a queda do regime soviético, em 1991, a Rússia herdou os resultados da URSS, mas perdeu os talentos de outras repúblicas, como a Ucrânia --que chegou às quartas de final em sua única classificação para a Copa, em 2006. Desde então, o melhor desempenho do time russo está sendo justamente em casa, com um inédito avanço à fase eliminatória do Mundial.
Alemanha Oriental (1 Copa)
A Alemanha Oriental surgiu após a Segunda Guerra Mundial, com o fim do regime nazista, quando o território alemão foi ocupado pelos aliados (EUA, França, Reino Unido e União Soviética) e depois dividido entre o oeste capitalista e o leste comunista, sob influência da URSS.
A seleção oriental conseguiu apenas uma classificação para a Copa, em 1974, com sede justamente na Alemanha Ocidental. E o sorteio ainda teve a proeza de colocar as duas Alemanhas no mesmo grupo na primeira fase. Diante de 60 mil pessoas em Hamburgo, a Alemanha Oriental conseguiu uma vitória histórica por 1 a 0 em cima do time ocidental, que mais tarde seria campeão, mas foi eliminada na fase seguinte.
O regime comunista caiu em 1989 e a Alemanha Oriental acabou "absorvida" pelo governo capitalista do lado ocidental, levando à reunificação do país em 1990. Até hoje a Alemanha Oriental é a única seleção "extinta" da história das Copas, já que ninguém herdou seus resultados nas estatísticas oficiais.
Tchecoslováquia (8 Copas)
O mais bem-sucedido país da história das Copas que deixou de existir --na verdade, se dividiu em dois-- é a Tchecoslováquia, que competiu em oito Mundiais entre 1934 e 1990. O país se tornou independente do Império Austro-Húngaro em 1918 e, durante a Guerra Fria, foi um estado socialista aliado da União Soviética. Sua seleção foi vice-campeã em 1934 e 1962, perdendo as finais para Itália e Brasil, respectivamente --com Pelé machucado, Garrincha comandou o time bicampeão mundial.
Tchecos e eslovacos, marcado por diferenças étnicas, culturais e econômicas, se separaram pacificamente em 1993, após a queda do comunismo. Desde então, a República Tcheca, em 2006, e Eslováquia, em 2010, disputaram uma Copa cada uma. A seleção da República Tcheca é considerada pela Fifa como a sucessora da Tchecoslováquia e herdou as marcas de sucesso antiga equipe unificada nas Copas.
Antiga Iugoslávia (8 Copas)
A Iugoslávia surgiu após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, agrupando alguns territórios do antigo Império Austro-Húngaro e posteriormente adotando o regime comunista comum no Leste Europeu. Diferentemente da Tchecoslováquia, a antiga Iugoslávia se dissolveu em 1992 em meio a violentas guerras de independência. Primeiro, Croácia, Eslovênia, Macedônia e Bósnia se tornaram novos países; posteriormente, nos anos 2000, Sérvia e Montenegro se separaram, e o Kosovo virou independente em 2008. As sete repúblicas hoje têm suas próprias seleções.
A antiga Iugoslávia jogou oito Copas entre 1930 e 1990 e chegou a duas semifinais, em 1930 e 1962. Depois disso, cinco seleções decorrentes da antiga Iugoslávia jogaram Mundiais: Bósnia (uma vez); Sérvia e Montenegro, Sérvia e Eslovênia (duas vezes cada uma); e Croácia, a mais bem-sucedida, que se classificou para cinco Copas e foi semifinalista em 1998.
Iugoslávia/Sérvia e Montenegro (2 Copas)
Ao contrário das outras repúblicas que faziam parte da antiga Iugoslávia, Sérvia e Montenegro permaneceram como um mesmo país (e seleção) entre 1992 e 2006, jogando duas Copas nesse período.
Em 1998, ainda sob o nome Iugoslávia, parou nas oitavas de final; em 2006, foi eliminada na primeira fase perdendo os três jogos, dias depois de Montenegro aprovar, em referendo, sua separação da Sérvia. Dessa maneira, o país jogou a Copa de 2006 quando, oficialmente, não existia mais. A atual seleção da Sérvia, eliminada pelo Brasil em 2018, é apontada pela Fifa como a herdeira dos resultados tanto da antiga seleção iugoslava quanto de Sérvia e Montenegro.
Índias Orientais Holandesas (1 Copa)
Na verdade, as Índias Orientais Holandesas eram uma colônia que se tornaria independente em 1949, após a Segunda Guerra Mundial, adotando o nome de Indonésia. Mas, ainda como uma colônia da Holanda, a equipe disputou a Copa de 1938, na França, sendo a primeira representante asiática da história dos Mundiais.
O desempenho foi o esperado para a estrutura do país, numa época em que o futebol era ainda mais centralizado em europeus e sul-americanos. O time caiu por 6 a 0 diante da Hungria, vice-campeã daquela Copa. Como ainda não existia fase de grupos, essa foi a única partida das Índias Orientais Holandesas em Mundiais. É também a única participação da Indonésia, que nunca mais conseguiu se classificar para a Copa mas aparece nas estatísticas por ter herdado os resultados da antiga colônia.
Zaire (1 Copa)
A inclusão do Zaire na lista se deve ao fato de o país não existir mais sob esse nome desde sua única participação em Copas --em 1974, na Alemanha. Antes chamada de República Democrática do Congo, a ex-colônia da Bélgica se tornou Zaire em 1971. Em 1997, após uma troca de regimes ditatoriais, o país adotou novamente o nome República Democrática do Congo, que sustenta até hoje.
Primeira seleção da África Subsaariana a se classificar para a Copa, o Zaire perdeu de Escócia, Iugoslávia e Brasil na primeira fase da Copa de 74. A derrota diante dos iugoslavos, pelo elástico placar de 9 a 0, é uma das maiores goleadas da história dos Mundiais.
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