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Após mais de 300 mortes, Brasil pede "ambiente livre de medo e intimidação" na Nicarágua

Do UOL, em São Paulo

16/07/2018 18h28

Após mais de 3 meses de manifestações reprimidas violentamente na Nicarágua, o Itamaraty se pronunciou sobre a situação do país caribenho, que já fez mais de 300 mortos. 

Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (16) em parceria com outros 11 países latinos, o Brasil se diz preocupado com as violações dos direitos humanos e exige o fim imediato da violência promovida pelo presidente nicaraguense Daniel Ortega. O comunicado exige também a realização de novas eleições, "em um ambiente livre de medo, intimidação, ameaças ou violência".

Além do Brasil, assinam a carta Argentina, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México , Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. 

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Os países também dizem apoiar a Conferência Episcopal da Nicarágua, que têm conduzido as negociações entre governo e manifestantes e convocou uma greve de fome para a sexta-feira (20), em resposta aos acontecimentos do final de semana

No domingo (15), uma incursão de forças policiais e paramilitares deixou pelo menos dez mortos e 20 feridos, segundo a Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos. 

Os diálogos emperraram, pois manifestantes exigem a saída de Ortega do poder, o que ele se nega a fazer. 

Leia o comunicado completo:

Declaração Especial sobre a situação na República da Nicarágua

"Os governos da República Argentina, da República Federativa do Brasil, da República da Colômbia, da República da Costa Rica, da República do Equador, da República da Guatemala, da República de Honduras, do México, da República do Panamá, da República do Paraguai, da República do Peru e da República Oriental do Uruguai, perante a situação na República da Nicarágua:

1. Expressam sua preocupação pela violação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e sua mais firme condenação aos graves e reiterados fatos de violência que se vêm produzindo na Nicarágua e que provocaram até o momento a lamentável perda de mais de 300 vidas humanas e centenas de feridos; pela repressão e violência contra estudantes e membros da sociedade civil, bem como pelo atraso na prestação de assistência médica urgente aos feridos.

2. Exigem o fim imediato dos atos de violência, intimidação e ameaças dirigidas à sociedade nicaraguense; e o desmantelamento dos grupos paramilitares.

3. Instam a reativar o diálogo nacional na Nicarágua, dentro de um clima de respeito às liberdades fundamentais, que envolva todas as partes para gerar soluções pacíficas e sustentáveis para a situação vivida na Nicarágua e o fortalecimento da democracia, dos Direitos Humanos e do Estado de Direito naquele país;

4. Apoiam a Conferência Episcopal da Nicarágua para que continue seus trabalhos em prol da busca e da promoção de soluções para o conflito e em respeito aos direitos humanos dos nicaraguenses;

5. Agradecem à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pelas visitas realizadas à Nicarágua para investigar os eventos e instam o governo da Nicarágua a cumprir as 15 recomendações formuladas; e a colaborar com o Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIPI);

6. Fazem um chamado ao governo da Nicarágua e a outros atores sociais para que demonstrem seu compromisso e participem construtivamente de negociações pacíficas com resultados concretos que abordem os desafios fundamentais do país, de forma pacífica, incluindo o fortalecimento das instituições democráticas, a implementação das recomendações da Missão de Observação Eleitoral da OEA e a celebração de eleições livres, justas e oportunas, em um ambiente livre de medo, intimidação, ameaças ou violência."

Bruxelas, 16 de julho de 2018