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Como os preços do petróleo transformaram uma cidade no México em reduto de crimes e sequestros

Plataforma de petróleo da Pemex em Paraíso, no México - Carlos Jasso/Reuters
Plataforma de petróleo da Pemex em Paraíso, no México Imagem: Carlos Jasso/Reuters

Gabriel Stargardter

Da Reuters, Em Paraíso (México)

16/07/2018 04h00

Até recentemente, Edgar Barrera desfrutava de uma vida com a qual muitos mexicanos só podem sonhar.

Em poucos anos, o auditor de 36 anos ascendeu de faz-tudo a um trabalhador de colarinho branco naquela que parecia ser uma das empresas mais estáveis da América Latina: a estatal de petróleo Pemex.

Graças à Pemex, Barrera conheceu sua atual mulher, passava férias na Riviera Maia e contemplava uma carreira recompensadora sem sair de sua cidade natal, em Tabasco, um Estado rural no sul do Golfo do México, onde mais da metade da população vive com menos de cerca de R$ 355 por mês.

Então tudo mudou.

Os preços do petróleo despencaram, forçando a Pemex a reduzir seu quadro de funcionários, levando à demissão dele e de milhares de outras pessoas por todo o México. Uma reforma do setor de energia, visando estimular a atividade por meio da concorrência de empresas privadas, teve dificuldade em atrair investimento imediato. E a violência das gangues, que debilitou o México ao longo da última década, finalmente chegou a Tabasco, antes um canto relativamente pacífico do país.

As crescentes consequências, de uma recessão econômica ao aumento da taxa de homicídios, rapidamente transformaram Tabasco em um dos estados mais problemáticos do México. Sua classe média pequena, porém antes aparentemente sólida, agora sofre com a crise econômica e com a violência. O próprio Barrera, após enfrentar extorsionários e sequestradores, pessoas que antes podiam ser seus colegas da Pemex, buscou recentemente asilo no Canadá.

Paraíso é a cidade em Tabasco onde Barrera cresceu e trabalhou em um porto da Pemex. "Agora é um inferno", ele disse.

Causa pouca surpresa o fato de a turbulência no setor ter afetado Tabasco, lar da primeira descoberta de petróleo no México e o estado onde mais da metade da economia, e quase metade dos empregos, depende do setor de petróleo. Mas a extensão dos problemas pegou desprevenidos os moradores locais, os executivos do setor e as autoridades do governo, especialmente após os criminosos passarem a explorar cada vez mais a pouca prosperidade restante ao visar recursos, equipamento e funcionários da Pemex.

"A queda do petróleo nos atingiu duramente", disse o governador de Tabasco, Arturo Nuñez. "Ela causou problemas sociais que, sem dúvida, estão contribuindo para o aumento da criminalidade."

O presidente Enrique Peña Nieto, no momento em seu últimos meses de gestão, fez da reforma do setor de energia o legado de seu governo, encerrando o antigo controle absoluto da Pemex sobre a exploração, produção, refino e venda no varejo de combustíveis. Seus defensores há muito argumentavam que a Pemex deveria enfrentar concorrência para reverter mais de uma década de declínio da produção de óleo cru e finalmente tornar realidade o potencial dos depósitos inexplorados.

Mas a reforma, concluída em 2014, foi sancionada em meio ao colapso global dos preços do petróleo, o que reduziu o interesse das empresas em investir. Apesar da recente recuperação, o preço do óleo cru nos mercados globais tinha despencado em mais de 76% até junho daquele ano.

Bar abandonado no porto de Dos Bocas por causa da violência em Paraiso, no México - Carlos Jasso/Reuters - Carlos Jasso/Reuters
Locais ficam abandonados na região do porto de Dos Bocas por causa da violência
Imagem: Carlos Jasso/Reuters

De lá para cá, a Pemex cortou quase 18 mil vagas de trabalho por todo o México, cerca de 13% de sua força de trabalho, segundo números da empresa. Em Tabasco, a Pemex demitiu 1.857 funcionários ou cerca de 12% das 16 mil vagas de trabalho perdidas no estado entre 2014 e 2016, segundo dados do governo. Muitas das outras demissões foram entre fornecedores e outras empresas que dependiam da Pemex.

Somadas, as demissões deram a Tabasco a mais alta taxa de desemprego no México e atolaram o estado na recessão. Em 2016, o ano mais recente para o qual há dados disponíveis, a economia de Tabasco encolheu em 6,3%. É o único Estado em que a tanto a pobreza quanto a miséria extrema, definida pelo governo como uma renda mensal de menos de cerca de US$ 50 (cerca de R$ 195), aumentaram nos últimos anos.

Os problemas locais e nacionais minaram o apoio ao candidato do Partido Revolucionário Institucional do governo para sucessor de Peña Nieto na eleição presidencial de 1º de julho. Em vez dele, o ex-prefeito esquerdista da Cidade do México, nascido em Tabasco, venceu a eleição. Andrés Manuel López Obrador, 64, prometeu construir uma refinaria lá.

Apesar de recentemente a Pemex ter começado a recontratar trabalhadores, outras empresas têm relutado em investir em estados como Tabasco, onde a produção de petróleo agora está quase 70% abaixo do pico do início dos anos 90. Com a abundância mundial de oferta e a crescente extração de óleo cru de xisto nos Estados Unidos, investidores potenciais se mostram cautelosos diante da criminalidade, corrupção e violência do México.

"Decidimos não começar", disse Javier López, um advogado baseado no Texas que descartou recentemente planos de abrir um negócio de transporte de combustível dos Estados Unidos para o México. "Realmente passamos a temer que um caminhão fosse roubado, que um motorista fosse morto."

Por mais de uma década, o governo do México empregou a polícia, as Forças Armadas e agências de inteligência para derrubar os poderosos chefões das drogas. Enquanto caíam, os cartéis se transformaram e passaram a novas atividades criminosas, como roubo e extorsão de empresas em setores que iam da agricultura até mineração e petróleo. Neste ano, a Reuters relatou como ladrões de combustível estão debilitando as refinarias do México e provocando derramamento de sangue nos antes calmos centros de operações da Pemex.

Em Tabasco, a polícia registrou 388 homicídios no ano passado, três vezes mais do que em 2012. Apesar de ter uma população de 2,4 milhões de habitantes, pequena em comparação a muitos dos 30 outros estados do México e do gigante distrito da capital, Tabasco exibiu o quarto maior número de sequestros e o sexto maior número de extorsões registrados no ano passado.

Atuais e ex-funcionários da Pemex se encontram em ambos os lados da criminalidade, alguns como vítimas, outros como instigadores, participantes ou informantes. Encorajados pela impunidade e corrupção que facilitaram a criminalidade por todo o país, algumas pessoas se voltaram para negócios ilícitos, criando ou ingressando em gangues que roubam combustível, maquinário e suprimentos da Pemex. Outras estão visando atuais e ex-funcionários da Pemex em situação relativamente boa, como Barrera.

Em uma declaração, a Pemex disse ter "tolerância zero com qualquer funcionário envolvido em crime". A empresa disse que coopera com a polícia local, estadual e federal na investigação de atividades ilegais, mas se recusou a comentar sobre episódios específicos ou casos envolvendo funcionários individuais mencionados nesta reportagem.

Durante uma entrevista recente, Carlos Treviño, o presidente-executivo da Pemex, reconheceu que seus funcionários estão cada vez mais em risco devido aos seus empregos e salários. "Os petroleiros têm um salário melhor do que o de muitas pessoas", ele disse.

Por todo o México, acrescentou Treviño, a empresa está adotando medidas para assegurar a segurança de seus funcionários e propriedades. Ela retirou seu nome e logomarca dos caminhões. Ela instruiu os funcionários a não usarem uniformes da Pemex fora do local de trabalho.

Ainda assim, ele disse, "é difícil ter uma operação completamente segura". "Esta coisa em Tabasco não é boa", ele acrescentou.

Pescador passa em frente ao porto de petróleo Pemex conhecido como Dos Bocas em Paraiso - Carlos Jasso/Reuters - Carlos Jasso/Reuters
Pescador passa em frente ao porto de petróleo Pemex conhecido como Dos Bocas
Imagem: Carlos Jasso/Reuters

Descoberta do petróleo ocorreu em 1863

A primeira descoberta conhecida de petróleo no México ocorreu em Tabasco em 1863. Manuel Gil y Saenz, um padre, estava correndo para ver sua mãe enferma quando o casco do seu cavalo ficou preso em um lodo preto, segundo uma história local da descoberta.

Apesar dos alertas dos nativos de que uma bruxa ali transformava as pessoas em sal, o padre voltou e começou a extrair o óleo. Com parceiros, ele posteriormente vendeu seu empreendimento para uma empresa britânica de petróleo.

Em 1938, o México nacionalizou os ativos de petróleo de propriedade estrangeira e criou a Petróleos Mexicanos, como a Pemex é formalmente conhecida. Nas décadas que se seguiram, a produção cresceu em outras regiões ao longo da costa do Golfo. Em 1972, foi encontrado um depósito gigante conhecido como campo Mesozoico Chiapas-Tabasco, provocando uma corrida para desenvolvimento do estado.

Para lidar com a crescente produção de Tabasco, a Pemex começou em 1979 a construção do porto de Dos Bocas e o terminal em Paraíso, uma cidade quente e pantanosa de 94 mil habitantes cercada por plantações de cacau e coco.

Para os moradores locais, que antes subsistiam de agricultura de pequena escala e pesca, a "Pemex chegou e mudou nossas vidas", disse Ricardo Hernández Daza, chefe de um sindicato local de cerca de 3.000 trabalhadores de diversas partes do setor.

Barrera, o auditor que agora pede asilo, começou a trabalhar para a Pemex em 2004.

Naquele ano, a produção de petróleo do país atingiu uma alta recorde e as oportunidades pareciam ilimitadas. O México era um dos muitos produtores que pareciam que se beneficiariam com a escalada constante dos preços enquanto o setor petrolífero global, antes do boom do petróleo de xisto, enfrentava o "pico do petróleo", a suposição de que grande parte das reservas mundiais já era conhecida e passaria a diminuir.

Inicialmente contratado como funcionário da manutenção, Barrera ascendeu na empresa, passando por várias outras posições e recebendo treinamento interno, posteriormente passando a auditar as contas da empresa por um salário de cerca de US$ 2.000 por mês. Ele se casou com uma colega auditora da Pemex, comprou dois carros e saía regularmente para jantar fora com sua mulher, a filha deles e dois enteados.

Até os preços do petróleo despencarem.

Barrera escapou das demissões iniciais da Pemex, mas em novembro de 2015 foi demitido. Ele procurou um novo emprego imediatamente, mas, como muitos outros já estavam em busca de ocupação, ele só encontrava trabalhos de free-lancer ocasionais.

Logo, Paraíso começou a sofrer.

Prédio abandonado da Pemex em Paraiso, no México - Carlos Jasso/Reuters - Carlos Jasso/Reuters
Prédio abandonado da Pemex em Paraíso, no México
Imagem: Carlos Jasso/Reuters

Dois irmãos, Mario e Pedro Maciel, se transformaram em chefes do crime locais, segundo promotores do Estado. Corriam rumores de que eles tinham montado uma divisão local do cartel Nova Geração de Jalisco, conhecido pelo tráfico de drogas, roubo de combustível e inúmeros outros crimes por todo o México.

Alguns trabalhadores do petróleo do Golfo do México, muitos dos quais provenientes de Estados do interior, já eram extorquidos pelo cartel em viagens para o território da Nova Geração de Jalisco.

Alayn Herver, 28, natural do Estado central que dá nome ao cartel, trabalhava até o ano passado nas plataformas de petróleo marítimas que pontilham a costa de Tabasco. Devido ao trabalho intenso exigido ali, Herver costumava passar duas semanas nas plataformas e então tinha duas semanas de licença, que passava em casa em Jalisco.

Em outubro de 2016, enquanto estava em um bar em sua cidade natal de Ciudad Guzmán, um estranho o abordou e exigiu cerca de US$ 1.000, cerca da metade de seu salário mensal. "Sabemos que você ganha bem", disse o homem. "Quer que algo aconteça a você?"

No início, Herver achou que o homem estava brincando. Mas, do lado de fora, alguns amigos do homem esperavam em um utilitário esportivo, prontos para levá-lo a um caixa eletrônico. Herver percebeu que eram membros do cartel de Jalisco.

Ele pagou aos homens, que lhe disseram que deveria fazer um pagamento semelhante todo mês. Por meio ano, Herver cedeu. A transação se tornou tão rotineira que os membros da gangue pareceram perder o interesse.

Herver não denunciou a extorsão. Assim como muitos mexicanos, ele temia a corrupção na polícia e achava que apenas pioraria as coisas.

Em abril do ano seguinte, ele decidiu não fazer o pagamento.

Em sua viagem seguinte para casa, em maio de 2017, policiais mandaram que ele encostasse o carro, disse Herver. Eles o algemaram e o colocaram na viatura deles. "Você se meteu em encrenca", ele lembrou de um policial lhe ter dito.

Alejandro Romero, um alto oficial da polícia de Ciudad Guzmán, se recusou a comentar sobre o incidente. O gabinete do procurador-geral estadual de Jalisco não respondeu aos pedidos de comentário.

Enquanto outro policial seguia no carro de Herver, um Mini Cooper 2007, os policiais dirigiram até um ponto próximo do aterro sanitário da cidade, ele disse. Lá, seis homens armados, incluindo o membro da gangue que o abordou no bar, bateram em Herver.

"Baixe as calças dele", disse um dos gângsteres.

Eles bateram no traseiro nu dele com um remo e repetidamente ameaçavam estuprá-lo. Um dos agressores botou uma arma contra a cabeça dele, enquanto outro pegou o celular dele e começou a postar um vídeo ao vivo na conta do Facebook de Harver.

Horrorizados, amigos e familiares assistiram, com as imagens alternando entre a expressão abatida de Herver e closes de seu traseiro ensanguentado.

"Eu achei que eles fossem me matar", disse Herver.

Em vez disso, eles o soltaram e levaram o Mini como pagamento.

Prédio em construção da Pemex em Paraiso, no México - Carlos Jasso/Reuters - Carlos Jasso/Reuters
Prédio em construção da Pemex em Paraíso, no México
Imagem: Carlos Jasso/Reuters

'Uma parte do negócio'

Em Paraíso, os irmãos Maciel negavam conexões com o cartel ou quaisquer crimes. Eles publicaram uma carta aberta no Facebook declarando que eram cidadãos cumpridores da lei.

"Somos uma família", eles escreveram na carta, "dedicada ao seu trabalho para a Pemex em Dos Bocas", o porto.

Um trabalhador chamado Pedro Maciel de fato trabalhava para a Pemex em Tabasco em 2017, segundo um banco de dados dos funcionários da empresa checado pela Reuters. O nome de Mario não apareceu no registro.

Para os moradores locais, as garantias dos irmãos fizeram pouca diferença.

Já estava evidente que um emprego na Pemex não significava o mesmo que no passado. Outros além dos irmãos Maciel eram suspeitos por toda Paraíso de usarem seus empregos na indústria do petróleo para roubar combustível, extorquir funcionários e cometer outros crimes.

Pessoas familiarizadas com o setor disseram fazer sentido que criminosos, e não apenas vítimas, podiam surgir da folha de pagamento da Pemex. Mesmo não cometendo atrocidades pessoalmente, acredita-se que alguns funcionários cooperem com as gangues para receber uma parte do lucro ou apenas por medo.

"Eles conhecem o lugar a fundo, de modo que podem fornecer informação", disse Raúl Muñoz, um ex-presidente-executivo da Pemex, que agora tem um negócio privado com a empresa em Tabasco e diz enfrentar problemas regulares de segurança. "Todo mundo quer uma parte do negócio."

Barrera e sua família logo se viram envolvidos. Em outubro do ano passado, sequestradores capturaram um cunhado. Dias antes, após três décadas de serviço à Pemex, ele recebeu um bônus de aposentadoria de cerca de US$ 20 mil.

Em questão de dias, a família levantou o valor do resgate de cerca de US$ 30 mil. O cunhado foi solto pelos sequestradores. Com informação roubada de seu celular, entretanto, os sequestradores começaram a ligar para amigos e familiares exigindo mais.

O cunhado se recusou a falar com a Reuters a respeito do sequestro. Assim como Herver, a família optou por não procurar a polícia.

"A força de trabalho da Pemex está contaminada", disse Barrera, repetindo a posição de familiares que acreditam que o sequestro foi planejado com informação interna. "Os funcionários estão devorando uns aos outros."

Em novembro do ano passado, Barrera conseguiu trabalho por algumas poucas semanas como prestador de serviço à Pemex. As ameaças aumentaram.

Um colega disse à mulher de Barrera, que ainda trabalha na Pemex, que homens suspeitos estavam perguntando a respeito dela do lado de fora do portão da empresa. Colegas então disseram a Barrera que homens armados também estavam esperando por ele do lado de fora. Apavorado, ele dormiu no escritório naquela noite.

Então ele decidiu que era hora de um basta.

Barrera comprou uma passagem para o Canadá, para onde os mexicanos podem viajar sem visto. Ele pousou em Toronto no Natal do ano passado e pediu asilo. Ele espera trazer sua família, que se mudou para Villahermosa, a capital de Tabasco, para evitar os gângsteres de Paraíso.

Herver, o trabalhador de plataforma cujo espancamento foi transmitido ao vivo pelo Facebook, também fugiu para o Canadá.

"Eu estava bem na Pemex", ele disse. Mas, depois da agressão, "minha única alternativa era partir".

Ele também pediu asilo.

Uma porta-voz da Junta de Imigração e Refugiados do Canadá se recusou a comentar qualquer um dos casos, citando leis de privacidade.

Em 31 de janeiro, tiroteios coordenados ocorreram na madrugada por toda Paraíso.

Entre os mortos estavam os irmãos Maciel. Promotores locais disseram que eles foram mortos em uma disputa envolvendo roubo de combustível. Os assassinos deles, acrescentaram os promotores, morreram dois meses depois em um tiroteio com a polícia.

Bar abandonado no porto de Dos Bocas por causa da violência em Paraiso, no México - Carlos Jasso/Reuters - Carlos Jasso/Reuters
Bar abandonado no porto de Dos Bocas por causa da violência em Paraíso, no México
Imagem: Carlos Jasso/Reuters

Até mesmo negócios que deveriam ser legítimos se tornaram mais violentos.

Daza, o líder sindical local, disse que seu amplo sindicato de trabalhadores de construção, solda, encanamento e outros se tornou mais agressivo na proteção de sua fatia de trabalho cada vez menor no setor de petróleo. O sindicato é um dos muitos grupos trabalhistas independentes que representam os trabalhadores e competem uns com os outros por empregos no setor.

Entre as táticas, ele reconheceu ter atacado membros de um sindicato rival para mantê-los distantes dos locais de emprego. Eles empunhavam tacos de beisebol, não armas de fogo ou facas, para evitar acusações criminais, ele disse.

Quando estranhos em carros de aluguel de fora do Estado chegaram a Paraíso, o sindicato e outros como ele enviaram membros ao hotel onde estavam hospedados para exigir trabalho em qualquer projeto que estivessem planejando. Se não atendessem, os sindicatos às vezes impediam as operações.

As táticas não são incomuns em um país e setor onde líderes trabalhistas corruptos são conhecidos por subornar empresas e membros para manutenção das vagas de trabalho. Mas também alimentam cortes das mesmas.

Por causa das exigências dos sindicatos, as empresas de serviços de petróleo Oro Negro e Constructora y Perforadora Latina foram embora, privando Paraíso de 300 empregos, segundo uma reportagem de um jornal local. Nenhuma das empresas, com sede na Cidade do México, respondeu aos pedidos de comentário.

Daza disse que não teve escolha a não ser o uso da força em um momento em que o negócio de petróleo é tanto a raiz dos problemas em Paraíso quanto sua única esperança de recuperação. "Estamos correndo o risco de extinção", disse Daza. "Se ninguém vier nos salvar, estamos perdidos."