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Suspeito de ter matado estudante brasileira é preso na Nicarágua, diz polícia

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

27/07/2018 17h46

A polícia da Nicarágua confirmou nesta sexta-feira (27) que um homem foi preso pelo assassinato da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, morta a tiros na última segunda-feira em Manágua.

O homem de 42 anos foi identificado como Pierson Gutiérrez Soliz. De acordo com a polícia, foi apreendida com ele uma "carabina M4". Entretanto, a nota da Polícia Nacional não esclarece como ele tinha um fuzil de assalto automático, versão carabina, fabricado pela empresa americana Colt.

Inicialmente, a polícia tinha informado que o autor do crime seria um vigilante de uma empresa privada de segurança, mas não confirmou essa informação no comunicado divulgado desta sexta, informa a agência de notícias Efe.

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Horas depois do assassinato de Raynéia, Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana (UAM), onde a brasileira cursava Medicina, denunciou que ela havia sido vítima de disparos de paramilitares que estariam diante da casa de Francisco López, tesoureiro da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), partido do presidente Daniel Ortega. Em entrevista ao UOL, Medina afirmou que o carro da jovem brasileira foi atacado por três homens encapuzados fortemente armados. Ferida, a jovem perdeu o controle do veículo e bateu em um muro, onde foi socorrida pelo namorado, que está desaparecido.

A nota publicada pelo IML (Instituto de Medicina Legal) de Manágua afirma a causa da morte foi "ferida por projétil de arma de fogo no tórax e abdome", sem dar mais detalhes sobre o tipo de arma ou a quantidade de tiros que a atingiram.

O crime ocorreu em meio a uma das maiores crises políticas do país, situação que já provocou a morte de 448 pessoas desde abril, quando começaram os protestos contra Ortega.

Explicações insuficientes

O Brasil considerou "extremamente insuficientes" as informações entregues pela Nicarágua sobre da estudante. "As informações entregues até agora são extremamente insuficientes. A informação fornecida pelo governo da Nicarágua é que 'o autor do tiroteio' foi um segurança particular", disse o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, à Agência Brasil, em Joanesburgo, onde participa de uma cúpula do grupo de potências emergentes BRICS.

"Quem foi? Qual era o calibre da arma? Em que circunstâncias ocorreu? Não houve até agora um esclarecimento desse episódio e vamos insistir porque nos parece um assunto absolutamente inaceitável", enfatizou o diplomata.

Após a morte de Raynéia, Brasília convocou o embaixador da Nicarágua no país para receber informações sobre os eventos e logo em seguida ligou para seu embaixador em Manágua para consultas.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário para os Direitos Humanos da ONU (ACNUDH) responsabilizaram o governo da Nicarágua por assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos e possíveis atos de tortura. O governo da Nicarágua nega as acusações. (Com agências internacionais)