Topo

"Tranquei o caminhão e corri", diz motorista que escapou de desabamento na Itália

Do UOL, em São Paulo*

15/08/2018 10h38

Na manhã desta quarta-feira (15), caminhões e carros que escaparam por pouco do colapso de um trecho de 80 metros de uma ponte da cidade de Gênova, na Itália, permaneciam estacionados a poucos metros do buraco no meio do trajeto de cerca de um quilômetro do viaduto Polcevera, também chamado de Morandi.

A estrutura desmoronou na manhã de terça (14), deixando pelo menos 39 mortos. Foram resgatados 16 feridos, 12 deles em estado grave. As autoridades citaram pelo menos dez desaparecidos e ainda buscam sobreviventes.

O fragmento que ruiu tinha duas faixas e passava sobre um rio, prédios e trilhos de trem, o que levou os serviços ferroviários ao redor de Gênova a serem interrompidos. No momento do colapso, uma chuva torrencial atingia a região.

Veja mais:

O motorista marroquino Afifi Idriss, de 39 anos, estava sobre a ponte no momento do acidente e conseguiu frear bem a tempo. "Eu vi um caminhão verde à minha frente frear e dar ré, então, também parei, tranquei o caminhão e corri."

O caminhão verde citado pelo motorista continua parado em cima da ponte, bem à frente do buraco deixado pelo desabamento.

Veja o momento da queda de parte da ponte em Gênova

UOL Notícias

Testemunhas relataram que, no momento do colapso, ouviram um alto ruído. Uma mulher não identificada que estava na região abaixo da ponte disse à emissora RAI que a estrutura desmoronou como um "monte de farinha".

Outro homem que estava abaixo da ponte no momento do colapso acredita ter sido "um milagre" o fato de ter sobrevivido. Sem se identificar, o homem de meia-idade disse que voou por mais de 10 metros e atingiu uma parede, ferindo seu ombro e seu quadril.

"Fui arremessado para longe, como todo o resto. Sim, acho que é um milagre. Não sei o que dizer. Estou sem palavras", disse à imprensa, enquanto saía do local.

O tradutor Ibou Toure, de 23 anos, mora perto da ponte, que cruzava todos os dias a pé. "Eu nunca me sentia confiante, sempre ouvia barulhos quando caminhões a atravessavam. Quando ouvi que a ponte caiu, não fiquei surpreso", afirmou.

A ponte, parte de uma via expressa com cobrança de pedágio que liga a cidade portuária de Gênova ao sul da França, desabou durante uma chuva torrencial na terça-feira, lançando dezenas de carros no leito de um rio e sobre um linha férrea e dois armazéns.

Testemunha do desabamento, Ivan, 37, que foi retirado ainda na terça-feira do edifício próximo em que trabalha, descreveu o desmoronamento como inacreditável.

"Ver uma pilastra desabar como papel machê é uma coisa incrível", disse. "Sempre soubemos dos problemas. Ela está em manutenção contínua. Nos anos 1990 eles acrescentaram alguns reforços em uma parte, mas mesmo por baixo você vê a ferrugem", contou.

Enquanto gruas chegavam para retirar placas de concreto do tamanho de um caminhão, centenas de bombeiros procuravam sobreviventes, e o choque e a tristeza do público se transformaram em revolta pelo estado da ponte de 1,2 quilômetro de comprimento, construída em 1967 e reformada dois anos atrás.

* Com AFP e Deutsche Welle