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Com até 8 anos de atraso, milhares de encomendas chegam à Cisjordânia após acordo com Israel

Funcionários do Correio Palestino separam correspondências liberadas por Israel - Facebook/Palestine Post
Funcionários do Correio Palestino separam correspondências liberadas por Israel Imagem: Facebook/Palestine Post

Do UOL, em São Paulo*

16/08/2018 12h17

Palestinos da Cisjordânia finalmente conseguiram receber dez toneladas de cartas e pacotes enviados até oito anos atrás. Israel impedia as encomendas de chegarem.

As correspondências estavam na Jordânia e começaram a ser liberadas para a Autoridade Palestina nesta semana, segundo comunicado da última segunda-feira (13).

Algumas encomendas foram gravemente danificadas por causa dos anos de atraso. Havia até uma cadeira de rodas enviada da Turquia, em 2015, com destino à Faixa de Gaza.

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Israel controla todos os bens que entram e saem dos territórios palestinos, e o Serviço Postal de Israel organiza as correspondências destinadas à Cisjordânia e à Faixa de Gaza. As mercadorias são regularmente impedidas de entrar nas áreas, mais estritamente para Gaza, por motivos de segurança, segundo Israel.

Um acordo de 2016 tinha como objetivo permitir que as correspondências fossem recebidas diretamente pelo serviço postal palestino, mas isso nunca foi totalmente implementado.

Funcionário mostra encomenda enviada em fevereiro de 2014 e que só agora foi liberada para a Palestina - Facebook/Palestine Post - Facebook/Palestine Post
Funcionário mostra encomenda enviada em fevereiro de 2014 e que só agora foi liberada para a Palestina
Imagem: Facebook/Palestine Post

Ainda assim, Israel há anos sustenta que o correio internacional é entregue prontamente à Autoridade Palestina, mas durante anos os palestinos contestaram essa afirmação.

Allam Moussa, ministro das Comunicações e Tecnologia da Informação da Autoridade Palestina, disse que o correio confiscado inclui itens “vindos de todo o mundo, como pacotes, presentes e compras que não chegaram a tempo devido à lamentável recusa do lado israelense."

A liberação veio depois de longas negociações com Israel. A Jordânia desempenhou um papel fundamental na entrega das correspondências ao seu destino, disse Moussa.

O Correio da Palestina, que é responsável pela distribuição de correspondências assim que chegam à Cisjordânia, publicou fotos em seu site mostrando funcionários descarregando várias sacolas na traseira de um caminhão na agência central de Jericó. O chão de um armazém estava coberto por sacos de correspondência, alguns empilhados até a altura do ombro.

Moussa disse que o atraso causou milhares de dólares em prejuízos para o Correio Palestino.

O coordenador de Atividades do Governo nos Territórios, o ramo das Forças de Defesa israelenses responsáveis pelas operações civis nos territórios palestinos, afirmou em um comunicado que a entrega era uma medida de boa vontade.

Israel e a Autoridade Palestina, que administra partes da Cisjordânia, assinaram um acordo no ano passado para limitar as apreensões de entrega de correspondências na área, disse a agência em um comunicado.

As correspondências liberadas levarão semanas para serem entregues, disse à Agence France-Presse Ramadan Ghazawi, que trabalha na agência central dos correios em Jericó.

(Com informações do The New York Times e da AFP)