Gaúchos são detidos com droga no Egito; família diz que moça foi enganada pelo namorado
Há mais de uma semana, os gaúchos Jean Henrique Sperb, 25, personal trainer, e Luana Paranhos, 23, massoterapeuta, estão presos no Cairo, Egito. Eles são acusados pelas autoridades locais de tentar entrar com drogas no país - que tem legislação dura contra o narcotráfico (leia mais ao fim do texto).
Em 2017, uma britânica de 33 anos foi condenada a três anos de prisão no país por carregar analgésicos. Segundo a família, ela levava remédios para o namorado egípcio, que tem dores nas costas. Ela segue presa.
A detenção dos brasileiros ocorreu em 9 de setembro no aeroporto internacional da capital egípcia. Não foram revelados quantidade, nem tipo de entorpecente que teriam sido encontrados nas bagagens.
A família de Luana, que namora Jean Henrique há três meses, afirma que ela foi enganada pelo namorado. Era a primeira viagem internacional dela.
"Eles se conheceram uma noite e ele passou a iludi-la, pagar jantares. Depois convidou para uma viagem romântica fora do Brasil. Ela estava feliz e muito tranquila. Se fosse para levar droga, era claro que não iria, nem estaria com esta tranquilidade”, disse ao UOL Marlon Paranho, irmão da massoterapeuta.
A família de Jean Henrique não quis dar entrevistas e se manifestou por meio de carta. "Jean sempre foi estudioso e dedicado no seu trabalho, ele tem alunos por todos os lugares do mundo e estava construindo um nome nesta área", diz o documento escrito à mão, assinado pelos pais.
"Até que se prove algo e tenha algum julgamento lá, acreditamos na inocência dele, porém se ele tiver tido alguma atitude errada, deve responder por isso", escreveram os pais à imprensa.
O Ministério das Relações Exteriores disse, em nota, que acompanha o caso, mas que não pode dar informações, por questão de privacidade.
Julgamento prévio
Jean Henrique é dono de uma academia de ginástica em Novo Hamburgo, a 50 km de Porto Alegre. Desde a notícia de sua prisão no Cairo, seu perfil nas redes sociais virou uma espécie de júri popular.
“Guri bobo, vai apodrecer na prisão ou na forca, será o fim de mais um babaca”, dizia um internauta.
“Olhem prá atrás antes de atirar pedra em alguém. Ninguém está livre de errar”, dizia outra.
Era pelas redes sociais que o personal trainer divulgava seus serviços. Em seus posts, exibia o corpo em forma e anunciava a academia.
Segundo a Polícia Civil, Jean Henrique era investigado por estelionato e extorsão.
Pena de morte é raramente aplicada
Desde finais de 1980, a lei do Egito é extremamente severa em relação ao uso e tráfico de drogas, prevendo inclusive pena de morte, mas essa alternativa é raramente aplicada.
Em 2013, quatro estrangeiros - um do Reino Unido e outros três de Seychelles - foram condenados à morte por tráfico de drogas. Eles haviam sido presos em 2011 com três toneladas de haxixe, a bordo de um navio no Mar Vermelho. A pena foi posteriormente reduzida para prisão perpétua.
Segundo levantamento do Centro de Pena de Morte da Cornell University, embora a lei egípcia preveja a aplicação da pena de morte para casos determinados, o código penal limita essa aplicação. Não se sabe, no entanto, quantas pessoas já foram condenadas a pena de morte no país por crimes associados ao tráfico de drogas.
Ainda segundo a Cornell University, há atualmente estrangeiros presos no país condenados à pena de morte devido ao tráfico de drogas - mas suas nacionalidades não são informadas.
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